Após a
recente exposição pública de alguns casos de abusos sexuais de menores no seio
da Igreja Católica têm-se sucedido inúmeros pedidos públicos de desculpas por
parte de alguns dos seus Excelentíssimos Reverendíssimos líderes…
“Peço
desculpa!…” que é como quem diz… sabia,
mas ocultei e não denunciei!
Primeiro foi
o “humilde” pedido do “embaixador” da Igreja Católica em Portugal, Sua
Excelência o católico Presidente da República por uma suposta má interpretação
das suas palavras que, eventualmente, terão menosprezado os casos de abusos
sexuais e culminaram numa autêntica tempestade política.
Depois de
alguns Excelentíssimos Reverendíssimos virem também a público efetuar o
respetivo pedido de desculpas a todas as vítimas de abusos sexuais, eis que
chegou a vez de Vossa Excelência Reverendíssima o Bispo do Porto, Manuel Linda,
sobre uma alegada denúncia de pedofilia que envolve um padre de Vila Real.
Tudo começou quando, como se de amnésia se tratasse, referiu que "não me consigo
recordar minimamente de nada…"
Não se
recordava que uma senhora (na altura com 14 anos) lhe confessara que mantivera
uma relação sexual com um padre (na altura com 34 anos) e que lhe terá dito,
que a “culpa era dela” pois “andava atrás dele”... do pedófilo!
Tudo passaria
obviamente despercebido, não fosse a menor vir posteriormente a ter um filho
dessa relação e o padre ser transferido para uma paróquia portuguesa no
estrangeiro.
Numa primeira
fase, Manuel Linda ainda tentou justificar as suas palavras referindo que “não
existe obrigatoriedade legal de um padre comunicar uma denúncia de abuso sexual
de crianças que lhe chegue” porque “o abuso não é um crime público”, mas tal só
acabaria por agitar ainda mais as águas em que tinha acabado de mergulhar…
Resumindo:
não sendo um “crime público” a igreja não teria que reportar às autoridades
competentes qualquer caso de pedofilia no seio da Igreja Católica!
Na prática,
segundo o seu entendimento, seria admissível que membros da Igreja Católica
abusem de crianças desde que ninguém se importe com isso… ou por outras
palavras… não denuncie o caso!
Já sobre a
recém-criada Comissão Independente que está a investigar estes casos, Manuel
Linda, também não se inibiu de divulgar a sua ilustre opinião:
“Ninguém cria
uma comissão para estudar os efeitos de um meteorito”, alertando na altura que
“a sua diocese não iria avançar com nenhuma investigação” sobre estes casos.
Mais
recentemente iria ainda mais longe opinando sobre… animais de estimação:
“Não podemos
substituir os laços entre pais e filhos pelo apego a animais de estimação, um
apego aliás típico das sociedades decadentes”.
Como seria de
prever, a líder do PAN, Inês Sousa Real, reagiria de imediato e de forma
contundente:
"A igreja
também tem uma responsabilidade na construção de uma sociedade que respeite
todos os seres vivos, pessoas e animais". Os laços de amizade que unem o
ser humano aos animais nada têm de decadente! Já os abusos contra menores
tipificam o de mais abjeto que há em sociedade".
Ao ver-se sob
fogo cruzado dos mais diversos setores, Vossa Excelência Reverendíssima o Bispo
do Porto, que supostamente tem o “dever promover o respeito e bem-estar entre
todos os seres humanos” e demais animais…
e que em Roma, ao ser nomeado, prometeu “ser um missionário da
misericórdia…”; “um pastor com o cheiro das ovelhas…”; “um pai para os
padres…”; “um irmão para os mais pobres…”; e sobretudo um “fomentador do
espírito ecuménico e de diálogo” … sentiu-se bastante “incomodado” e decidiu
então também ele pedir publicamente perdão às vítimas…
“Não fui
feliz na expressão… peço desculpa!”... e concluiu:
Farei tudo
para pôr cobro aos crimes de abuso sexual” no seio da Igreja Católica!
O que oferece
dizer perante mais este pedido de desculpas?!
Ainda que
noutro contexto, a primeira expressão que me ocorre foi recentemente proferida na
Assembleia da República:
“É uma
vergonha!”
Autor: Carlos Silva
Data: 2022-10-26
Imagem: Internet
Obs.:
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