domingo, 5 de julho de 2020

0188. Sistema implacável




I

Por detrás deste implacável sistema…

Existe um poder descomunal…

Um poder que não se deixa conhecer…

Um poder que conhece perfeitamente!

 

Por detrás deste implacável sistema…

Existe um poder descomunal…

Que gere “gostos”, “tweets”, “vídeos”, “imagens” …

Que gere localizações, publicações, atos, contactos…

 

É um poder confinado a uns quantos cérebros pagos a peso de ouro…

Que na realidade trabalham para quem o gere…

Para quem detém o verdadeiro poder…

O poder do dinheiro!

 

É um poder possante e subjugante…

É um poder analista e calculista…

Que vigia cada momento, cada movimento…

Que escolhe e atrai os seus alvos…

 

É um poder que gera viciação...

Viciação tecnológica, consumista, capitalista…

Que seduz os mais suscetíveis…

Que previamente conhece e prepara…

 

Um poder descomunal…

Que gere toda a informação que geramos!

 

 

II

Quem se importa com o que escrevo?

Quem se importa com as minhas informações?

Quem se importa com os locais onde estou ou estive?

Na realidade há sempre alguém que se importa!

 

Quando é necessário importar…

Há sempre alguém que se interessa…

Há sempre alguém que quer vender algo a alguém…

Uma pessoa, uma entidade, um governo…

Alguém que possa tirar vantagem ou lucro…

 

Alguém que sabe o que realmente gosto…

Alguém que sabe como me sinto realmente bem…

Na realidade sabe tudo o que realmente quer...

Sabe sobretudo que informação e atenção significam dinheiro…

Muito dinheiro!

 

 

III

Quem tem informação quer vendê-la…

Quem quer vender quer comprar essa informação…

Precisa saber quem é o potencial alvo…

Precisa anunciar em alguma plataforma ou aplicação…

 

É a indispensável utilidade da aplicação x ou y…

Certificada pela entidade y ou aprovada pelo governo x.

É a excecional importância do grupo w, ou da página z…

É o telemóvel a ou b de última geração…

É a assinatura ou a adesão ao serviço mais económico…

É tudo praticamente ou supostamente gratuito…

Apenas implica concordar com algo ou com qualquer produto…

Apenas implica empenho e dedicação…

 

Somos muitas vezes integrados em sistemas…

Que usam dados que facultamos…

Que desconhecemos absolutamente…

Dizemos que sim a todas as suas complexas regras…

Que desconhecemos ou nem sequer chegamos a ler…

 

Os grande gigantes das tecnologias (Google, Face, etc…)

Tiram proveito da informação…

Vendem e trocam com quem realmente dela tira proveito…

Referem sempre que a usam para facilitar a vida do utilizador…

Afirmam sempre que é para estarmos mais perto de quem gostamos…

Afirmam sempre que é para trabalharmos mais e melhor…

Mas na realidade esse não é o objetivo principal…

O objetivo principal é tirar proveito dos nossos dados!

O objetivo principal é vender e ganhar dinheiro!

 

Na realidade não quererá ficar desligado da internet e do mundo…

Quer sempre saber o que está a acontecer…

Quererá sempre estar informado sobre toda a atualidade…

Quererá sempre falar com os seus amigos…

 

Dificilmente tal deixará de acontecer…

Haverá sempre alguém que estará por detrás do ecrã…

A ver o que você faz…

Para lhe vender o computador, o telemóvel ou a tv que você gosta!

Haverá sempre alguém que o influenciará a votar em A e não em B…

Haverá sempre alguém que o induzirá a seguir o caminho x ou y…

 

Decerto que existirá um limite para a privacidade…

Decerto que existirá uma linha para proteger os direitos dos utilizadores/cidadãos…

Mas o sistema, contorna-os sempre…

 

Na realidade…

Somos cada vez menos felizes e menos produtivos…

Pelo vício da tecnologia…

Que alimenta este implacável sistema!

É impossível ignorá-lo!

É impossível viver sem ele!

 

Mas é possível esquecê-lo um pouco...

Lembrar e dar atenção a todos aqueles que nos rodeiam...

Aquela indispensável brincadeira do filhote...

Aquele desejado beijo do (a) companheiro (a)...

Aquele imenso abraço, o aperto de mão do tal amigo especial…

Aquele precioso momento em que realmente paramos...

 

Aquela preciosa sensação de liberdade em que largamos o sistema.

E apenas desfrutamos o momento!

Agora!

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-08-02
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sábado, 4 de julho de 2020

0187. O Estado é laico?





Pesquisei na internet… “O estado é laico?”

E deparei-me com um artigo que me despertou atenção…

 

http://sites.ecclesia.pt/cv/a-constituicao-da-republica-afirma-o-estado-e-laico/

 

Acabei por o ler na íntegra.

Acabei também por o comentar.

 

“O estado é laico?”

A questão é repetida até à saciedade…

É realmente verdade!… por isso importa questionar: porquê?!

 

Há quem afirme que “importa ser muito claro”.

“Ser muito claro”, na expressão oral ou escrita, não significa precisamente ser muito claro no raciocínio e muito menos sensato na observação da realidade… e na resposta; sobretudo quando (relativamente à questão: “O Estado é laico?”) se afirma perentoriamente que a única resposta é “apenas uma: não!”

Porque não também um “sim”?!

Estando ou não presentes na Constituição as palavras “laico”, “laica”, ou “laicidade”… o Estado, poderá ser laico (ou não!)… independentemente da resposta que cada um der, ou do juízo que fizer!

Acredito que o artigo 41º venha salvaguardar e respeitar a ”liberdade religiosa” …

Acredito que o Estado queira salvaguardar e respeitar as “origens e matrizes religiosas” …

Acredito que o estado queira salvaguardar e respeitar a religião mantendo a ensino (opcional) da disciplina Educação Moral e Religiosa…

E não impor ou impedir!... senão não seria democrático!

Mas também acredito que o Estado também pense!

 

Ao pensar também…

Não o faço com “espírito fundamentalista do laicismo”, mas sim com pensamento crítico e racional de alguém que, em função da atividade profissional, teve oportunidade de apreciar em pormenor o diploma  por completo… e já viveu o suficiente para admitir outra perspetiva, que não a “religiosa”… que eventualmente poderá ser a que mais se aproxima da realidade.

Quando aos supostamente “110 mil mortos às mãos dos laicistas, por ocasião do rescaldo da revolução francesa”, ainda que tal seja de difícil comprovação (se não mesmo impossível), tal, não será decerto comparável aos rios de sangue que em nome das mais diversas crenças ou religiões (guerras santas!) já se derramaram sobretudo nos dois últimos milénios…

Obviamente na atualidade, num estado livre e democrático, de pensamento racional, ninguém quererá “repetir a luta entre o Estado Laico e a Igreja Católica”… ou reviver horrores ou massacres do passado… que na realidade não foi bem “luta” mas sim extermínio de quem ousava não ser católico, não ser fiel ao Deus único, afirmar que a terra era redonda, ou atrever-se a pensar de forma diferente… ou um pouco mais!

“Os mais sensatos dos pensadores atuais…” reconhecerão decerto o “carácter insubstituível da religião” … mas estou certo que também reconhecerão que a religião não passa de um conceito abstrato… e só cito o nosso Saramago, Prémio Nobel da Literatura, que referiu que “sem homens não existe religião” …

Porque será?!

Será que terá mesmo razão?!

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-08-10
Imagem: Internet
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sexta-feira, 3 de julho de 2020

0186. Dia de São Pedro



A data é celebrada em Portugal em junho, o mês dos ditos santos populares…
Manda a tradição que…
Se enfeitem as ruas com flores de todas as cores…
Se celebrem marchas populares… procissões ancestrais… bailes e bailaricos…
Tudo com muita música… pimento ou broa… sardinha assada… pão e muito vinho…

Supostamente terá sido esta a data da morte do dito “santo” … um simples pescador da Galileia que abandonou a sua modesta vida de “pescador de peixes” para se tornar “pescador de homens” …  -um dos doze apóstolos!
Após a “ressurreição de Cristo“, Pedro seguiu a sua missão de erguer a Igreja” … que possivelmente não terá concluído pois foi “crucificado de cabeça para baixo na Colina Vaticana lá pelo ano de 64 d.C.”
Afirmam os “evangelhos” que deus o escolheu entre os presentes para primeiro Papa, com “todos os poderes” … incluindo “as chaves do céu” …  e terá sido também esse deus que “curou a sua sogra que estava doente” …

Mas, afinal o primeiro Papa era casado?!
Era casado e eventualmente também os que se seguiram!...  até que, lá pelo sec. XXII, alguém dos ditos “servidores de deus” decretaria que os “servidores de deus” (eles próprios!), não se poderiam casar!...
Alguém me sabe dizer por é que esses “servidores de deus” alteraram as decisões do seu próprio deus?!... -com as trágicas consequências que todos nós hoje sabemos!…
É que, agora… (sabe-se lá porquê!), querem voltar a alterar a decisão do seu deus, permitindo que voltem novamente a casar!
Bem, naturalmente que até julgo que sei porquê!... mas creio que não vale a pena referir aqui!
Cada um que deduza o que entender!


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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-06-29
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