2024-01-29

0398. Linguagem, Língua e Discurso

 


Linguagem é “um conjunto complexo de processos -resultado de uma certa atividade psíquica profundamente determinada pela vida social -que torna possível a aquisição e o emprego concreto de uma Língua qualquer”[1]. Usa-se também o termo para designar todo o sistema de sinais que serve de meio de comunicação entre os indivíduos. Desde que se atribua valor convencional a determinado sinal, existe uma Linguagem. À linguística interessa particularmente uma espécie de Linguagem, ou seja, a Linguagem Falada ou Articulada[2].

 

Língua é um sistema gramatical pertencente a um grupo de indivíduos. Expressão da consciência de uma coletividade, a Língua é o meio por que ela concebe o mundo que o cerca e sobre ele age. Utilização social da faculdade da linguagem, criação da sociedade, não pode ser imutável; ao contrário, tem que viver em perpétua evolução, paralela à do organismo social que criou[3].

 

Discurso (fala) é a língua no ato, na execução individual. E, como cada indivíduo tem em si um ideal linguístico, procura ele extrair do sistema idiomático de que se serve as foram de enunciado que melhor lhe exprima o gosto e o pensamento. Essa escolha entre os diversos meios de expressão que lhe oferece o rico repertório de possibilidades, que é a língua, denomina-se Estilo[4].

 

Relação entre os três aspetos:

“A Língua é a criação, mas também o fundamento da Linguagem; é, simultaneamente o instrumento e o resultado da atividade de comunicação.

Por outro lado, a Linguagem, não pode existir, manifestar-se e de desenvolver-se a não ser pelo aprendizado e pela utilização de uma Língua qualquer.

A mais frequente forma de manifestação da Linguagem -constituída de uma complexidade de processos, de mecanismos, de meios expressivos -é a Linguagem Falada, concretizada no Discurso, ou seja, a realização verbal do processo de comunicação.

O Discurso, é um dos aspetos da Linguagem -o mais importante, e, ao mesmo tempo, a forma concreta sob a qual se manifesta a Língua. O Discurso define-se, pois, como o ato de utilização individual e concreto da Língua no quadro do processo complexo da Linguagem[5].

 

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Qual a diferença entre fala, língua e linguagem?[6]

 

A fala se refere a forma como as pessoas se comunicam oralmente. Para que a fala seja compreendida, é necessário que o recetor (a pessoa que escuta) compreenda a língua em que a mensagem foi transmitida.

Por sua vez, a linguagem refere-se a toda a forma de comunicação, seja através da fala (verbal) ou mesmo gestos, sons, imagens, etc. (não-verbal).

 

 

O que é linguagem?

O conceito de linguagem refere-se ao processo de interação entre as pessoas, onde usamos mecanismos para transmitir nossas ideias, sentimentos e informações.

Qualquer conjunto de sinais ou signos é considerado linguagem, sejam códigos linguísticos, placas de rua, gestos corporais, entre outros. Através dela, é possível que pessoas de diferentes regiões ou culturas se comuniquem.

 

O que é língua?

O conceito de língua, por outro lado, se trata especificamente de um código verbal - um conjunto de palavras que detém significado para determinado grupo. Podemos dizer que a língua é um tipo de linguagem.

São exemplos a Língua Portuguesa, a Língua Inglesa e a Língua Brasileira de Sinais, utilizada pelas comunidades surdas, dentre outras.

 

O que é a fala?

Já a fala é a forma como o indivíduo se comunica oralmente. Ela está diretamente relacionada com a língua. Entretanto, ela é considerada individual e comumente é afetada por vícios de linguagem, costumes locais e sotaques.

 

Gramática e Linguística

Para que ocorra uma melhor comunicação, é necessária uma estruturação da Língua. Por isso, cada língua possui um conjunto de regras e normas de combinação específicas, conhecida como Gramática.

 

Já a ciência que estuda a linguagem e suas características é conhecida como Linguística.

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2019-11-18
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[1] Tatiana Slama-Casacu. Language et contexte. Haia, Mouton, 1961, p. 20.

[2] CUNHA, C. & L. CINTRA 1996. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Lisboa: Sá da Costa. 12ª Edição. p. 1.

[3] CUNHA, C. & L. CINTRA 1996. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Lisboa: Sá da Costa. 12ª Edição. p. 1.

 [4] Aceitando a distinção de Jules Marouzeau, podemos dizer que a LÍNGUA é a “soma dos meios de expressão de que dispomos para formar o enunciado” e o ESTILO “o aspeto e a qualidade que resultam da escolha entre esses meios de expressão”.


0397. Discurso oral e escrito

 


“Na oralidade, os vários elementos que se ligam à melodia e modulação da voz e à construção da frase são importantes para a captação do sentido de um enunciado. Enquanto, na escrita, a pontuação pode alterar o sentido da frase, a entoação e a pausa podem fazer o mesmo no texto oral.”

Infopédia

 

“É a oralidade, e não a escrita, que nos fornece toda a informação necessária para a execução da descrição gramatical.”

Duarte, I., 2000: 379

 

“(…) só uma parte diminuta das línguas faladas do Mundo tem representação escrita; todas as línguas foram faladas muito antes de serem escritas; todos os seres humanos possuem a capacidade de falar a sua língua materna, mas só uma parte da humanidade, que foi sujeita à experiência cultural da escolarização, tem acesso à leitura e à escrita.”

 

O conhecimento da escrita não resulta unicamente do desenvolvimento do indivíduo e da sua inserção numa comunidade, mas implica um ensino formal.

Silva et al., 2011: 11

 

A compreensão e produção de discurso oral resultam, fundamentalmente, de um processo espontâneo de aquisição linguística.

A escrita é menos dinâmica e está sujeita a convenções ortográficas que são fixadas e impostas aos falantes de forma a alcançar a uniformidade.

Resultando essencialmente de um processo de aprendizagem, a competência escrita pode ser melhorada através de treino, de desenvolvimento de consciência explícita do funcionamento da língua e de especificidades que caracterizam o modo de uso da língua.

Considera-se, pois, que a escrita tem um grau de planeamento superior ao da oralidade.

De um modo geral, o produtor de texto escrito dispõe de algum tempo de planeamento e execução. Pode, ainda, rever aquilo que produziu, corrigir e até reescrever.

Na oralidade, dada a sua natureza essencialmente interativa, o planeamento e a verbalização ocorrem, muitas vezes, simultaneamente.

O texto falado é, normalmente, desestruturado e ditado pelas circunstâncias sociocognitivas da sua produção; e é nessa perspetiva que deve ser descrito e avaliado.

O texto escrito é, normalmente, mais organizado devido às condições que estão previamente presentes na sua produção, nomeadamente no que se refere aos elementos lexicais, frásicos, temporais e referenciais que contribuem significativamente para a sua coesão.

Em ambas as modalidades da língua, o grau de formalidade é variável uma vez que depende das características da situação (relação emissor-recetor, local, objetivo, etc.)

A oralidade e a escrita são modalidades linguísticas que possuem características próprias; no entanto, não devem ser encaradas de uma forma dicotómica. Os diversos tipos de práticas de produção textual situam-se ao longo de um processo continuo que tem como extremos a escrita formal e a conversação espontânea e coloquial.

A competência escrita pode ser melhorada através do treino e do desenvolvimento de uma consciência explícita do funcionamento da língua e das especificidades que caracterizam este modo de uso da língua.


Autor: Carlos Silva
Data: 2019-10-29
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