quinta-feira, 24 de setembro de 2020

0200. Silêncio

 


Já não tenho nada para questionar;

Já não tenho nenhuma resposta para dar

A este imenso silêncio que me invade.

 

Continuo suavemente a viver plenamente;

Continuo simplesmente a desfrutar cada pedacinho deste presente,

Como se fosse o último dos presentes.

 

Cada momento deste vasto ideal,

É um pedaço de prazer sem igual.

 

A desmedida euforia do outrora adolescente,

Aquele constante e desassossegado questionar,

É precisamente o mesmo

Do agora calmo e sereno adulto,

Simples e extasiante observar.

 

Sempre me senti relativamente feliz;

Mesmo quando não me senti…

Com este pouco que pedi…

Com tudo o que vivi…

Com o pouco que perdi…

 

Sem mitos monstros ou tormentos,

Assim como os pássaros do meu quintal,

Sempre voei de forma simples e natural…

 

Sempre amei o que tinha para amar;

Sempre fui o que tinha que ser;

Sempre o fiz com todo o prazer.

 

E é na harmonia deste magnifico silêncio

Que vivo este perfeito momento…

Calmamente… a pensar e a sentir,

Até um dia partir.

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-09-24
Imagem: Internet
Obs:
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0199. Mentira

 



Mente o crente, o descrente e o demente;

Todos mentem e ninguém ciente certamente.

Certamente mentiras eternas ditas divinalmente,

Certamente mentiras efémeras ditas pessoalmente.

 

Mente o crente, o descrente e o demente;

Todos mentem a alguém insciente certamente.

Certamente mentiras fantasiadas de imortalidade

Certamente mentiras mascaradas de eternidade!

 

Mente o profeta sem que minta divinamente!

Mente o político sem que minta objetivamente!

Mente o poeta sem que minta completamente!

 

Metem todos os que não sentem na realidade!

Mentem todos os que não vivem na realidade!

Mentem todos os que não dizem a verdade!

 

  

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Autor: Carlos Silva
Data: Desconhecida
Imagem: Internet
Obs: Poemas Soltos
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terça-feira, 22 de setembro de 2020

0198. "Ar abençoado de Fátima"


 

"Ar abençoado de Fátima"

 

Uma lembrança para a eternidade!

Com a vantagem de a lata ser reciclada…

Antes continha tinta plástica!

Agora, basta reabrir, meter o nariz no interior e respirar o conteúdo para ficar "abençoado".

Claro que também ficará com uns euros a menos na carteira…

Mas isso é outra história!

 

 Nota: Se o produto das vendas do “Ar abençoado de Fátima” se destinasse a ajudar os 100 funcionários que o santuário pretende despedir... até que seria uma boa causa!

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-09-07
Imagem: Internet
Obs:
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segunda-feira, 21 de setembro de 2020

0197. Delito de opinião

 


Oliveira Salazar em Portugal…

Francisco Franco em Espanha…

Ambos os ditadores concentraram o poder absoluto durante praticamente quatro décadas erguendo regimes totalitários, militaristas, ultranacionalistas e sobretudo ultracatólicos.

“Deus, Pátria e Família” eram os seus lemas!

 

Se em Espanha a transição ocorreria em 1975 com a morte do caudilho

Em Portugal, a mudança, seria com a “Revolução dos Cravos, em abril 25 do mesmo ano.

 

Na altura da mudança associava-se o regime de Salazar à célebre trilogia dos “três efes”:

“Fátima, Futebol e Fado”!

Dizia-se que eram os “efes” que uniam e alimentavam o pobre povo português… a religião católica, o futebol, e sobretudo Amália, a grande figura do Estado Novo!

Seriam sobretudo tempos de mudança…

De democratização, de descolonização e de desenvolvimento!

 

Tivesse eu (se na época vivesse) a ousadia de apelidar qualquer um destes regimes como “machista”, “antifeminista” ou “homofóbico” e, no momento, estaria terminantemente condenado ao fuzilamento (ou queima) em plena praça publica…

Tivesse eu (se na época vivesse) a ousadia de proclamar ou publicar este meu “Delito de opinião” e certamente ninguém hoje, agora, o estaria a ler! Seria imediatamente riscado a “lápis azul” … o célebre lápis que expurgava implacavelmente todas as áreas da sociedade.

Criticar o Estado ou a Igreja… -qual liberdade de expressão! -mais do que crime, era “pecado mortal” que violava a moral e os bons costumes!

 

A história, a religião, os costumes, as crenças e as tradições eram ícones intocáveis e inquestionáveis; precocemente incutidos e severamente impostos. A igreja católica era o fiel zelador da sua aplicação e concretização. Refreava praticamente todo o sistema educativo liberal ao mesmo tempo que exaltava os valores nacionalistas.

 

No Estado Novo, a mulher era subjugada a tarefas domésticas, a cuidar dos filhos e normalmente subordinada ao marido a quem tinha que pedir autorização para aceder ao ensino superior ou a qualquer profissão remunerada -tudo em nome da tradicional família cristã.  Não tinha direito a opinar e normalmente era censurada se vestia de forma ousada ou diferente da padronizada. O seu comportamento era considerado desviante em caso de adultério ou de vício sexual, sendo consequentemente punida e marginalizada.

As “autoridades religiosas” controlavam escrupulosamente a moral pública e sexual. Reprimiam e perseguiam sobretudo os homossexuais. A sexualidade (ao contrário do que recentemente o atual líder religioso proclamou), era vista como meio de procriação… um pecado mortal se não praticada estritamente no âmbito familiar.

 

Muito sangue, suor e lágrimas foram derramadas…

 

Repostos finalmente os alicerces da democracia…

Soltas finalmente as amarras da liberdade, da igualdade e da racionalidade…

 

Eis que finalmente posso soltar este meu “Delito[1] de opinião”!

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-09-17
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[1] Direito


terça-feira, 15 de setembro de 2020

0196. Está na hora

 


Está na hora de desmentir e desmascarar a religião na praça pública!

 

Está na hora de contraditar e refutar esta tremenda insanidade mental!

Está na hora de desvendar e aclarar esta humilhante ofensa à inteligência humana!

Está na hora de desmascarar a maior e mais vergonhosa mentira da humanidade!

 

É inegável…

Que violaram, crucificaram e assassinaram a natureza do corpo humano!

Que negaram, encarceraram e cegaram o pensamento humano!

 

Não poderemos corrigir ou reescrever o passado…

Não poderemos salvar os milhões de inocentes que barbaramente caíram às suas mãos…

Não poderemos quantificar todo o mal que fizeram e continuam a fazer à humanidade…

Jamais poderemos voltar atrás!

 

Mas, como a ferro e fogo o fizeram…

Podemos julgar na praça pública…

Podemos gritar livremente, de viva voz…

Podemos usar a força da palavra…

Sem medo de infernos e maldições!

 

Podemos, agora, alertar estas novas gerações…

Para o perigo de reviverem as recentes atrocidades que a história nos contou…

Para o perigo de voltarem a viver o passado!

 

Podemos, agora, alertar estas novas gerações…

Para o perigo de adormecer e cegarem completamente…

Para o perigo de deixarem de enxergar a realidade!

 

Podemos, agora, alertar estas novas gerações…

Para nunca deixarem de pensar e lutar pela liberdade…

Para nunca deixarem de debater e criticar a religião na praça pública!

 

Podemos, agora, refutar as suas primitivas e ancestrais tradições…

Podemos, agora, rejeitar os seus vis e macabros rituais…

Podemos agora desmentir e desmascarar a religião na praça pública!

 

Está na hora!

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-08-21
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0195. Lição

 


Ainda que o custo esteja a ser muito elevado em vidas humanas

É uma grande lição de humanidade o que este vírus nos está a dar

 

Está a ensinar-nos

A importância de um beijo

A importância de um abraço

A importância duma simples “olá”

A importância de ter tempo para os pais

A importância de ter tempo para os filhos

A importância de sair com os amigos

A importância de passear e correr

A importância de simplesmente viver

 

Está a ensinar-nos

Que está na hora de acabar com estas estúpidas guerras

Que está na hora de acabar com a fome e a violência

Que está na hora de acabar com o racismo e o preconceito

Que é preciso cuidar e proteger

Que é preciso olhar e ver

Que é preciso agir urgentemente

Que é preciso mudar o caminho

Pois não podemos continuar a destruir o nosso ninho

 

Está a ensinar-nos

A importância da solidariedade

A importância da igualdade

A importância da liberdade

 

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-05-04
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domingo, 13 de setembro de 2020

0194. 11 setembro

 


Dezanove anos sobre o atentado

Ao World Trade Center

 

Aos poucos a ferida recobra no coração

Aos poucos a Vida recupera golpes d’emoção

Geração após geração na sua natural perfeição

 

Quem injustamente morreu

Quem inconscientemente morreu

Morreu

 

Perdeu a única oportunidade de viver

Perdeu o que jamais entenderá ou sentirá prazer

Perdeu este maravilhoso deleite de viver

 

Perdeu para sempre a sua única oportunidade

De ser

De sentir

De pensar algo tão belo

 

Algo tão belo e tão percetível como a Vida

Algo tão simples com estas únicas palavras

Algo tão simples como este único pensamento

Em memória dos que morreram no momento

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-09-11
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domingo, 6 de setembro de 2020

0193. “Fátima: dispensa trabalhadores”

 



“O Santuário de Fátima prepara-se para dispensar uma centena de trabalhadores”.

É caso para dizer…

Onde está o “espírito solidário, proclamado no céu e na terra, pela igreja católica?!

 

Em março, com o intuito de evitar despedimentos em massa, o Governo anunciou uma série de medidas de emergência para apoiar empresas e trabalhadores que começavam a sentir os primeiros efeitos da crise causada pela pandemia de Covid-19.

Foi então anunciado um regime de “layoff” simplificado com linhas de crédito para quem se encontrava em maior dificuldade. A este apoio juntaram-se outros como o adiamento de obrigações fiscais e moratórias no crédito a famílias e empresas.

Até a Diocese do Porto avançaria para o seu imaculado “layoff simplificado”, decisão que afetaria os seus colaboradores e clérigos que, devido à suspensão das atividades de culto, deixaram de auferir as habituais regalias e receitas.

 

Entretanto, a propósito, em declarações à comunicação social, o líder da igreja católica, o Papa Francisco, afirmava perentoriamente:

“Despedir para se salvar, não é a solução…”

“Mais do que despedir, há que acolher e fazer sentir que há uma sociedade solidária…”

 

É caso para dizer…

Então os “pastores de Fátima” não fazem caso das palavras do líder?!

E o Estado… não toma nenhuma atitude perante esta situação?!

Também não vi à porta do santuário, como é tradicional em empresas, nenhum deputado do partido A ou B, ou algum líder sindical a defender encarecidamente os direitos dos trabalhadores.

 

Segundo vi na comunicação social, “por ocasião do centenário foram feitos grandes investimentos para rentabilizar economicamente o espaço que já vinha apresentando resultados negativos nos últimos três anos” …

Agora, com o agravamento da situação económica devido a pandemia, eis que…

 

“O Santuário de Fátima prepara-se para dispensar uma centena de trabalhadores”.

 

É caso para dizer…

Onde está o “espírito solidário, proclamado no céu e na terra, pela igreja católica?!

 

Vi num dos telejornais um dos pastores responsáveis justificar… o injustificável… melhor seria realmente remeter-se ao silêncio.

Curiosamente seria perante um profundo silêncio de pastores e fiéis que há bem pouco tempo, durante um discurso na Basílica de São Pedro, no Vaticano, o Para Francisco, afirmava que…

“A idolatria do dinheiro mata…” e que “a igreja precisa evitar a obsessão por dinheiro e poder…”

 

Que se saiba, neste caso em concreto, ainda não morreu ninguém, mas… é impressão minha ou trata-se precisamente de uma clara situação de obsessão pelo dinheiro?!

 

Afinal, o santuário também é sensível à pandemia e também tem problemas financeiros, tal como as empresas e as pessoas!

 

É, realmente, um caso para dizer:

Já não há milagres como antigamente!...

Agora o dinheiro já não cai do céu!...

 

Pelo menos desde que algumas pessoas começaram a pensar!

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-09-04
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sexta-feira, 4 de setembro de 2020

0192. Silêncio

 


É impossível calar todo este desmesurável silêncio!

É um silêncio insuportavelmente doloroso e ruidoso.

É um silêncio terrivelmente lento e intenso…

É um silêncio que viola este mero raciocínio…

 

É um silêncio que me transforma em cúmplice…

Ainda que as palavras não se façam ouvir…

Ainda que as palavras não retirem as vendas[1]

Ninguém as poderá calar… ninguém!

 

Seres desumanos a conversar com paredes e estátuas…

Não é apenas uma simples e isolada estupidez…

É uma autêntica humilhação a qualquer mente minimamente racional…

A Humanidade deveria envergonhar-se de produzir milhões de crianças adultas que transforma em autênticas pedras!

A Humanidade deveria envergonhar-se da inércia deste Silêncio!

    

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-09-01
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[1] Quando não são os olhos que cegam.