Perguntava o
Rui Batista numa das suas publicações…
“COMO COMEÇAR
O PROCESSO DE DESINTOXICAÇÃO DA CRENÇA RELIGIOSA?”
E o próprio
respondeu…
“A crença
religiosa não é algo que se "desligue" de um momento para o outro.
Eu próprio
levei anos.
Há vários
pontos importantes que contribuem para nos libertarmos dessa fantasia que se
torna parte de nós desde tenra idade.
Primeiro, e
talvez o mais importante, é perceber que NÃO TEMOS RESPOSTAS PARA TUDO, E ISSO
NÃO É MAU.
Ou seja, por
vezes, a resposta para algo é “NÃO SABEMOS” e isso não é vergonhoso. Vergonhoso
é não saber, mas dizer que se sabe, e usar uma desculpa qualquer para
justificar aquilo que, realmente, não se sabe.
Ler sobre
vários temas é importante, pois existem ligações (por vezes não imediatamente
claras) entre temas que parecem não ter relação. Por exemplo, o comportamento
religioso está relacionado com a socialização, com a procura de aceitação e
confirmação no seio de uma sociedade (uma família, um grupo de amigos, a cidade
onde se vive, o país em que se vive, etc.), com a autojustificação de
princípios que se tomam como certos, com aspetos da psicologia humana (como o
viés de confirmação, a confusão entre casualidade e causalidade, etc.), com a
dificuldade de aceitação de que se investiu tempo e recursos em algo que se tem
medo de abdicar, com dissonâncias cognitivas, etc.
Portanto, ler
sobre psicologia, antropologia, sociologia, história, cosmologia, etc., é
importante. Já a filosofia é uma área com tantas ramificações que pode dar para
ambos os lados, pois a filosofia é ótima para fazer perguntas, mas não
particularmente boa a dar respostas, portanto pode ser usada como tentativa de
se justificar aquilo que se pretende acreditar, através do processo de levantar
mais dúvidas do que oferecer respostas.
Outra coisa
importante é questionar, pesquisar e não ficar satisfeito com os primeiros
dados que se obtém e, acima de tudo, não aceitar apenas aqueles dados que
parecem confirmar o que já tomamos como certo e descartar aqueles que
contrariam aquilo que queremos acreditar. Fundamentalmente, procurar o maior
número de dados sobre algo, cruzar e filtrar esses dados, e apenas reter
aqueles que são sólidos e que se corroboram entre si e que cujas fontes são
fidedignas.
Também
importante é perceber que a avaliação pessoal baseada em senso comum é
altamente insegura, e pode ser influenciada por inúmeros fatores que irão
distorcer a apreensão e avaliação seja do que for. Acima de tudo, usar a
"navalha de Occam", que postula que entre duas ou mais explicações
para um facto, a mais simples é usualmente a correta. E, uma explicação natural
é sempre mais simples do que uma explicação que exige que se recorra a magia,
esoterismo, sobrenatural (basicamente, que exija que se aceitem coisas que nem
sequer podem ser comprovadas).
Basicamente,
seguindo estes princípios será um excelente caminho para deixar de se acreditar
em algo que não é real, nunca foi, e nunca será, pois quando se estuda o
suficiente, ficamos a saber que a religião foi apenas o primeiro esforço humano
de tentar arranjar explicações para o que não compreendia. Um esforço digno,
louvável, mas extremamente pueril e baseado em fantasia, ignorância e
superstição.
E isto
leva-nos à máxima mais importante que é preciso seguir para largar a religião:
SABER É MAIS
IMPORTANTE QUE ACREDITAR.”
*
Impulsivamente,
tal como outros, acabaria também por responder à sua publicação com um pequeno
comentário…
"COMO
COMEÇAR O PROCESSO DE DESINTOXICAÇÃO DA CRENÇA RELIGIOSA?"
Para dar
início a um "processo de desintoxicação da crença religiosa" é
necessário reunir um grupo de pessoas que estejam dispostas a lutar por um
objetivo comum que pode ser fundamental para o futuro de muitos jovens e
sobretudo das gerações vindouras.
Será certamente
um trabalho contínuo, longo e árduo… -nunca é demais recordar que, no passado, muitos
heróis improváveis e anónimos sacrificaram a própria vida para salvar milhares
de crianças do holocausto, da guerra, da fome e da miséria.
O primeiro
passo será, pois, reunir esse grupo de pessoas…
O segundo,
conversar, definir estratégias, objetivos e ações concretas que possam ser materializadas
e traduzidas em resultados reais.
É de louvar a
"luta diária" do Rui com todos os seus "amigos crentes” … -um
trabalho realmente árduo!... -já lhe disse uma vez, que é preciso muita
paciência para responder/argumentar com todos… por vezes fico cansado
(sorriso!) só de ver!
Despertar/desvendar/desmascarar
dogmas religiosos…. sim, porque não, usando da "navalha de Occam"?...
Após
estabelecer as diretrizes, o terceiro passo é passar à ação!
Fazer parte
de um grupo ou associação ateísta é fundamental. É no âmbito dessa união que
residirá a força!
A Associação
Ateísta Portuguesa e a Associação República e Laicidade, são exemplos pioneiros
dessa ação pacífica em Portugal. Embora existam há alguns anos, conheci-as há
pouco através da comunicação social onde surgiram a contestar as "Jornadas
da Juventude Religiosa. São dois magníficos exemplos de heróis que escolheram
viver sem a religião que lhe querem impor… que assumiram defender a laicidade
do Estado e lutar contra a doutrinação/chantagem religiosa sobre as sociedades
livres e democráticas.
O meu elogio para
todos os seus membros!
O meu orgulho
por também agora ser um deles!
(...)
VAMOS
COMEÇAR?!
Autor: Carlos Silva
Data: 2023-09-01
Imagem: Internet
Obs.:
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