Vi, há alguns dias atrás, pelo pequeno
ecrã, um animal[1]
furtado à sua natureza e enclausurado numa qualquer praça redonda...
À sua volta outros animais[2],
por tradição, bradavam, incitando um outro da mesma espécie que enfrentava o
primeiro… -aflorando em mim similar imagem de uma qualquer praça romana guardada algures no meu subconsciente…
O animal aparentemente menos perspicaz,
ou que pelo menos tal parecia, mas indiscutivelmente superior em força física,
investiu contra o primeiro, que, como aparente defesa, usava uma simples capa
de forma a ludibriar essa mesma ação...
Durante alguns momentos o segundo
conseguiria os seus intentos, mas, a determinada altura seria colhido
mortalmente por um dos cornos do primeiro...
Surgiu então um jorro de sangue e um
colossal ‘ohhh!’ dos animais[3]
que das bancadas assistiam...
Como consequência de tal desfecho o
primeiro seria transportado para um matadouro e o segundo para uma dita morgue...
A vida acabara de fugir a ambos.
Normalmente na natureza, em confronto,
também a vida foge, ainda que só a uma das espécies…
A espécie humana, ao contrário das
demais, que naturalmente se enfrentam pela sobrevivência, a maior parte das
vezes, fá-lo por divertimento, por aventura, por valores materiais, por poder…
e (dizem alguns) por tradição!...
Imagens como estas despertam a
consciência… incomodam profundamente qualquer ser minimamente sensível…
Imagens como estas fazem-nos questionar…
fazem-nos reconsiderar sobre o real valor da “Vida”…
Valerá a pena perder vidas assim?
Ambos perderam a vida… perderam a
tradição… perderem tudo!
Li algures, num artigo de um defensor
de tal dita tradição, que “determinado tipo de animais, tinham que morrer com
dignidade, numa praça, não num matadouro...” mas, realmente, em ambos os casos,
não consigo entender a ‘dignidade da morte”... se pelo menos falasse em
necessidade ou eventualmente em “dignidade da vida”...
Enfim, a tradição ainda continua a ser
o que era!
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Autor:
Carlos Silva
Data: 1996-08-22
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.
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