Circula na
internet uma petição dirigida à Direção-Geral do Património Cultural
Comissão Nacional da UNESCO “contra a classificação da tauromaquia como
Património Cultural Imaterial de Portugal”
“Os cidadãos
abaixo-assinados manifestam a sua oposição à classificação de qualquer
atividade tauromáquica (touradas, forcados, etc.) como Património Cultural
Imaterial de Portugal.
Consideramos
que a violência contra pessoas ou animais não pode ser promovida nem
incentivada num país civilizado, e que as touradas são uma prática que, apesar
de manter raízes em algumas regiões do nosso território, incluem episódios de
grande violência tendo como vítimas os touros, os cavalos e as crianças que são
expostas a este tipo de violência.
Considerando
ainda que:
1) As
touradas são um espetáculo violento que provoca vítimas mortais e acidentes de
grande violência com dezenas de feridos, e por vezes mortos;
2) As
touradas foram incluídas no último relatório de avaliação do cumprimento da
Convenção dos Direitos da Criança das Nações Unidas, no capítulo
"violência contra crianças";
3) As
touradas incluem sangue verdadeiro, atos de violência e maus tratos a animais;
4) A nossa
sociedade tem evoluído no sentido da erradicação da violência e da crueldade
com os animais;
5) As
touradas são uma tradição enraizada apenas em algumas regiões específicas,
minoritárias, do território e são cada vez mais os municípios e cidadãos que as
contestam;
6) As
touradas não são aceites internacionalmente e não contribuem para a imagem do
nosso país no estrangeiro;
Apelamos aos
decisores políticos do nosso país que não incluam as touradas e/ou qualquer
vertente da tauromaquia na lista de Património Cultural Imaterial de Portugal.
Os
subscritores”
Tal induz-me
a pensar que a mentalidade humana está a mudar…
Há uns anos
atrás tal Petição seria certamente uma afronta ao Estado e à maioria dos
cidadãos…
Longe vai o
tempo em que o povo se aglomerava para assistir a sacrifícios de cristãos
pelos romanos ou para presenciar queimas de bruxas e hereges em
praça pública…
O povo
gostava de espetáculos sangrentos e divertia-se com o sofrimento alheio... a
história assim o diz.
Ainda hoje, algumas
dessas tradições ancestrais estão vincadamente enraizadas no tecido social
português… a tourada é um exemplo!
Quer
aceitemos ou não, a tourada não é cultura; é uma autêntica crueldade!
Trata-se realmente
de uma questão civilizacional… é preciso sensibilidade para enxergar o
sofrimento alheio… intolerável na sociedade atual!
Diz o
ex-candidato à presidência da República, Manuel Alegre que “quem não percebe as
touradas, não percebe a poesia, não percebe a literatura”.
Pois prefiro Saramago,
Nobel da Literatura, que pelo menos, de literatura algo entenderá… e cito:
“Que importa
que uma cidade faça da tortura premeditada de um animal indefenso uma festa
coletiva que se repetirá, implacável, no ano seguinte? É isto cultura? É
isto civilização? Ou será antes barbárie?”
(…)
“Um animal
não pode se defender. Se você sente prazer com essa tortura, se você gosta da
dor dele, se você gosta de ver esse animal sofrendo, então você não é um ser
humano, você é um monstro”.
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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-09-30
Imagem: Internet
Obs.:
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