2021-01-27

0230. Relíquias históricas

 



Por vezes deparamo-nos com estas relíquias históricas[1] que nos despertam e alertam para o passado…

A “religião” sempre tem acompanhado a história da humanidade, e “Cristo”, ainda que não sendo uma realidade histórica, tem sido uma das figuras predominantes nestes dois últimos milénios…

 

“Em 4 de Julho de 1937, cerca das 10 horas da manhã, quando saía do seu automóvel oficial para assistir a uma missa numa capela na Avenida Barbosa du Bocage, o doutor António de Oliveira Salazar foi vítima de um atentado à bomba do qual escaparia incólume…”

(…)

“Com o apoio declarado da Igreja e dos mais altos clérigos, rezaram-se missas de ações de graças por toda a parte, tendo o desfecho do atentado contribuído, em boa medida, para consolidar a imagem de Oliveira Salazar, restaurador das finanças pátrias e condutor dos destinos da nação.”

 

A Igreja católica serviu e serviu-se do regime fascista de Salazar sem o mínimo pudor… (suportada e apoiada pelo poder político) para dele tirar proveitos e dividendos!

O atentado, é um ato absolutamente condenável em qualquer sociedade livre e democrática, mas o texto desperta a atenção a qualquer leitor minimamente atento e sensível…

É realmente impressionante ler um texto como este e imaginar que jovens o seguiram cegamente sem questionar minimamente...

Importa, hoje, mostrar estas “Relíquias da história” ... para que sejam relidas e pensadas pelas novas gerações…

Só assim saberemos do que é capaz a natureza humana quando manipulada pela dupla estado/igreja… completamente desprovida de senso comum e de raciocínio…

 

"Dai-me a graça de obedecer aos meus chefes"

 

Manipular para gerar obediência.

Mandar jovens matar jovens em nome do patriotismo ou de uma suposta divindade...

 

Quantos não jazem em África?!

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-07-03
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[1] Ver imagens


2021-01-25

0229. Adultos-criança

 


Existem crianças que adultos nunca serão!

E adultos que crianças sempre serão!

Ambos crianças iluminadas pela divina cegueira!

Ambos (Graças a Deus!) (in)felizes à sua maneira!

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-07-15
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0228. Proteção

 


Diz o biólogo britânico Richard Dawkins que…

“As crianças devem ser protegidas contra a religião dos pais e ensino religioso das escolas”.

“As crianças precisam ser educadas de modo adequado e de forma que possam pensar por si próprias”.

“É um absurdo dizer que uma criança de 4 anos é católica ou protestante…”

 E concluí…

“É impossível debater com pais que dão mais importância à Bíblia que à evidência científica.”

Por isso “a solução é esclarecer os mais jovens sobre a incompatibilidade entre a razão e a superstição”.

 

Pais (também crianças impregnadas desse “espírito religioso”) que, inquestionavelmente, querem o melhor para os seus filhos, que acreditem piamente que têm todo o direito à sua educação, acabam, inconscientemente, por condicionar tragicamente o futuro dos seus filhos.  Existe, nesse nobre desígnio, uma linha que acaba inevitavelmente por colidir com os direitos fundamentais da criança, também ela um ser livre e independente.

 

Pais podem estar, inconscientemente, a arrastar os seus filhos para o maior abismo da humanidade… a religião…  que irá influenciar e condicionar irremediavelmente todo o seu futuro.

A criança é um ser em formação que por proteção, aceita e normalmente acredita no que os progenitores lhe ensinam…

Infundir precocemente uma crença a uma criança como verdade suprema e absoluta, em detrimento duma formação escolar sólida e científica, pode transformar-se numa grave dependência física e mental que ficará entranhada para sempre na sua vida!

Mais grave. A criança não tem opção. Está até, eventualmente, sujeita a agressões físicas e psicológicas ou ao isolamento social, no caso de não o fazer…

Quantas não foram, e são ainda hoje usadas, maltratadas e mortas em nome da religião?!

 

Enquanto os progenitores continuarem a ver a criança como sua propriedade ou acreditarem que a religião é indispensável aos seus filhos, continuarão sempre a existir adultos analfabetos e intolerantes… adultos cegos e manipuláveis que sempre refutarão a evidência científica.

 

A criança deve realmente “ser protegida!…”

A criança deve realmente ser ensinada a questionar e a pensar… a procurar a verdade… a sua verdade!

É a criança que deve decidir de livre e espontânea vontade se quer ou não uma religião!

 

Só assim pode ser feliz!

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2021-01-23
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2021-01-18

0227. Liberdade

 


Dias de lazer,

Dias de prazer,

Dias de libertino apetecer,

Dias de mais uma etapa do meu ser.[1]

 

Dias sem funções ou obrigações,

Dias de recordações e emoções.

 

Dizia Fernando Pessoa …

“Ai que prazer

Não cumprir um dever,

Ter um livro para ler

E não o fazer!

Ler é maçada,

Estudar é nada.

O sol doura sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,

Sem edição original.

E a brisa, essa,

De tão naturalmente matinal,

Como tem tempo não tem pressa.”

 

“Ai que prazer!”

“Ter tantos livros para ler...”

E ler apenas quando apetecer,

Escrever apenas ao despertar este prazer,

Ter todo o tempo para amar e desfrutar,

E sem compromissos para o fazer.

 

Com ou “sem literatura…”

Como “doura o sol nesta suave brisa matinal”,

Como folegam as plantas do meu quintal,

Como corre o tempo… sem qualquer pressa.

 

Tempo sem correrias ou competições,

Tempo para amar o que mais amo,[2]

Tempo para amparar quem mais precisa,[3]

Tempo para ajudar amigos e clube[4]

Tempo para o mundo.

 

Tempo ao destempo,

Como se não houvesse tempo,

Tempo despreocupado do tempo.

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-08-02
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[1] Reserva

[2] Luisa… Lisa

[3] Pais

[4] S.C. Arcoense


2021-01-17

0226. Explosão em Beirute

 


O mundo foi recentemente surpreendido por mais uma abominável explosão em Beirute.

Dos mortos e feridos têm surgido imagens verdadeiramente impressionantes…

Uma delas, a de uma mãe, que saiu ilesa, a chorar o seu filho, ferido, numa cama de hospital…

Uma mãe, revoltada, a declarar que…

“Só quero ir embora para um lugar onde não há política, armas e religião.”

 

Não será difícil imaginar um mundo sem política, armas e religião!

Tal como não será impossível viver num mundo sem política, armas e religião!

Assim o ser humano o queira!

Porque só depende dele!

 

É nestes momentos…

De terror e sofrimento atroz…

De dor e profunda angústia…

Quando sentimos na própria carne, nua e crua…

Que os olhos e a mente se escancaram para a realidade!

 

É nesses momentos…

Que temos a perfeita consciência

Do que não queremos! 

E sobretudo o que realmente queremos!

 

Queremos viver em paz e liberdade!

Queremos apenas viver naturalmente num local onde…

“Onde não há política, armas e religião!”

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-08-08
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2021-01-10

0225. Marcelo-Ventura

 


Vi o debate Marcelo-Ventura…

Sem me querer alongar sobre as questões políticas abordadas… ao abrir, eis que algo me desperta a atenção...

 

Após cumprimentar intervenientes, a primeira afirmação do candidato e presidente Marcelo foi…

“A providência divina, quis que eu estivesse aqui…” -uma espécie de resposta a um comentário do seu oponente nas redes sociais sobre a sua eventual não presença.

 

Mais uma vez a “providência divina”!

Mais uma vez a sua tendência “divina” como presidente de “todos os portugueses”!

 

E continuou…

“Eu sou de uma direita social, que se reconhece na doutrina social da igreja, no Papa Francisco, na preferência pelos pobres, pelos explorados, pelos oprimidos, pelos dependentes...

(…)

“Não faz sentido a prisão perpétua ou a pena de morte, porque eu sou católico… para um católico é possível a reconversão até ao último segundo!”

 

Caro presidente; não digo caro Marcelo, porque seria obviamente diferente…

Não pode dizer que é presidente de todos os portugueses… por “divina providência”!

Meu, pelo menos não será!

Não tenho alucinações religiosas!… e muito menos um amigo imaginário para inutilmente pedir o que quer que seja!

 

Não fui contaminado pela sua “divina cegueira branca”!

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2021-01-07
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2021-01-05

0224. Igualdade

 








Ainda que alguns sejam mais ou menos iguais

 

Todos são incontestavelmente desiguais

 

Ainda que nem todos respeitem na realidade

 

A desigualdade de todos é a autêntica igualdade

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-08-18
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2021-01-04

0223. Novos templos

 


Quando os templos (igrejas, mesquitas…) se esvaziarem completamente…

Novos templos erguer-se-ão no seu seio.

 

Qualquer dia os templos religiosos darão lugar a Novos Templos e transformar-se-ão em centros culturais… locais de leitura e reflexão sobre o passado, presente e futuro… sobre toda a realidade…

Serão certamente locais de debate e divulgação de ideias…

Serão certamente locais de exposições e de cultura…

Serão certamente locais de ciência e razão! 

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-08-25
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0222. Não sei

 


Não sei…

 

Nunca saberei o que não sei…

Sei apenas…

A pequenez do que sei…

A grandeza do que não sei…

Que morrerei…

E nada mais saberei!

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-08-26
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0221. "Gajos cobardes"

 


https://youtu.be/TfdNyG5M6oE

 

Tem sido amplamente divulgado na comunicação social um vídeo onde aparece o Primeiro-Ministro de Portugal a chamar… "cobardes a uns gajos (médicos) que se recusaram a fazer o que lhes competia depois do presidente da ARS Alentejo os ter mandado para lá” (para o Lar de Reguengos onde havia um surto de Covid-19).

Como é óbvio o vídeo tem desencadeado um autêntico “coro” de críticas e insultos ao Primeiro-Ministro… aos médicos… e ao jornal que o entrevistou.

Observando alguns dos inúmeros artigos publicados…

Alguns defendem o ponto de vista dos médicos e criticam as palavras “impróprias de um Primeiro-Ministro” …

Outros defendem as suas palavras e criticam a atitude dos médicos… e saltam-me à vista alguns comentários nas redes sociais…

 

ü  “Os gajos não foram lá porque tiveram medo de apanhar o Covid!… que mal tem tratar os médicos por “gajos”? Não estava a insultá-los, mas sim a chamar-lhes o que tinha que chamar, da forma como todos nós dizemos quando alguém não faz o que lhe compete: “cobardes”!

 

ü  “O António Costa tem toda a razão. Não teve medo do lobby dos médicos. Qualquer médico, para o ser, jura solenemente que…

"A Saúde do meu Doente será a minha primeira preocupação."

"Guardarei respeito absoluto pela Vida Humana desde o seu início, mesmo sob ameaça e não farei uso dos meus conhecimentos Médicos contra as leis da Humanidade."

 

ü  “Concordo em absoluto com o adjetivo empregue pelo António Costa: os médicos (que não foram prestar auxílio) foram efetivamente uns “cobardes”!

Teve-os no sítio, chamou “os bois pelo nome”.

Quais falsas virgens ofendidas!

 

ü  “Nenhum médico pode recusar-se a ir a um lar prestar auxílio ou a quem dele necessita!”

 

Pós vídeo…

Seguiu-se uma caricata “nota de esclarecimento” do jornal a lamentar e manifestar “repúdio” pela divulgação:

“Não é o original!...” -assim como quem sacode a água do capote depois de completamente encharcado. “Original” ou não… “off record” ou não… com caça às bruxas, ou não, para apurar responsabilidades… agora pouco importa! O suposto erro já estava cometido: tentar ocultar aquilo que realmente teria que ser divulgado (como foi!) e que era realmente notícia…

As palavras do Primeiro-Ministro referindo que uns “gajos cobardes (médicos) se recusaram a fazer o que lhes competia (prestar cuidados de saúde num Lar após se terem verificado alguns casos positivos de Covid-19) depois do presidente da ARS os ter mandado para lá!

Esta era a notícia!

Após a tempestade que durou vários dias, seguiu-se uma espécie de cimeira de entendimento e apaziguamento de todo o mal-estar que as tais palavras tinham desencadeado em toda a classe médica que, a bem da verdade, seja dito, os verdadeiros heróis (além de todos os clínicos e assistentes que os apoiam) desta inusitada batalha Covid-19.

Sobre este facto ninguém terá a menor dúvida.

Um pacto de paz que duraria apenas alguns momentos com direito a declarações à comunicação social de ambas as partes, que a bem do interesse nacional tudo tinha sido convenientemente esclarecido.

Sobre o Inquérito da Ordem dos Médicos ao Lar de Reguengos de Monsaraz, o Presidente do Conselho Diretivo da ARS do Alentejo, Dr. José Robalo, terá assumido a responsabilidade pelas deficiências encontradas pela Comissão de Inquérito. Era impossível contestar as péssimas condições do Lar de Reguengos, o que de certa forma impulsionaria a disseminação da doença na sua fase inicial e posteriormente na mais crítica… o que, consequentemente, não permitiria e garantiria que doentes, profissionais e voluntários pudessem viver e trabalhar num ambiente minimamente seguro…

Além de apontar as deficiências do Lar, refere também o Inquérito da Ordem dos Médicos, que…

(cito)

(…)

“Nesta medida, o Primeiro-Ministro, ao afirmar que a responsabilidade pelo que aconteceu no Lar da FMIVPS foi dos médicos, errou por ter falado no plural (os médicos). Na verdade, o que o Primeiro-Ministro queria dizer é que a responsabilidade foi do médico, o médico Dr. José Robalo, Presidente do Conselho Diretivo da ARS do Alentejo.”

“O Dr. José Robalo, violando a lei em vigor, as regras éticas e deontológicas e os direitos humanos, ameaçou com processos disciplinares (como o próprio admitiu publicamente e na pronúncia por ele realizada) os médicos do SNS para que fossem prestar cuidados de saúde em permanência no setor privado (Lar e pavilhão), admitindo que os idosos com a doença COVID-19 necessitavam de vigilância médica permanente (24 horas).”

“É incompreensível a postura do médico Dr. José Robalo, Presidente da ARS do Alentejo, desconhecendo que, se os doentes com COVID-19 necessitavam de vigilância médica permanente, deveriam então ter sido internados num hospital onde teriam acesso aos necessários cuidados médicos diferenciados e às condições essenciais para poderem ser tratados de acordo com as boas práticas médicas e as normas definidas pela DGS. Um erro grave que pode ter tido consequências irreversíveis na morbilidade e mortalidade dos doentes.”

“Os médicos, contrariamente ao que foi afirmado pelo Senhor Primeiro-Ministro, não se recusaram ao cumprimento de quaisquer deveres, laborais ou deontológicos, antes os honraram. Os médicos não deixaram de chamar de forma veemente a atenção para a falta de condições do Lar e do Pavilhão e os vários atropelos existentes, defendendo claramente os doentes. Afirmar que os médicos não cumpriram o seu dever de assistência é, pois, calunioso e revela uma clara tentativa de escamotear a realidade dos fatos.”

“Os médicos exerceram sim o seu dever de denúncia num país em que a coragem para provocar o poder instituído é cada vez mais uma raridade. Não se esqueça Senhor Primeiro-Ministro, que o que está em jogo é a vida e a morte de alguns dos mais carenciados de entre todos.”

(…)

“A Ordem dos Médicos e os seus dirigentes pautam a sua atuação por uma permanente defesa da saúde, dos doentes e dos direitos constitucionais à saúde e à proteção da doença. Em estrito respeito pelos princípios éticos da profissão, existentes há milhares de anos.”

“O sucedido em Reguengos de Monsaraz é inaceitável.

Os Lares, como estruturas residenciais para pessoas idosas, portadoras de doenças crónicas e com limites na sua autonomia, estão identificados como locais muito sensíveis às epidemias sazonais. No caso da COVID-19, dada a grave repercussão clínica nos grupos de risco desta pandemia, os utentes dos Lares estão identificados como particularmente vulneráveis e devem ser alvo de proteção especial. E este deve ser um desígnio nacional. Temos todos a obrigação de cuidar melhor de quem contribuiu para construir Portugal, os nossos idosos.

Os médicos construíram o SNS, edificaram as bases do Serviço de Saúde em Portugal, estiveram e estão na linha da frente do combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus, e merecem ser respeitados e valorizados pelo Governo de Portugal, tanto mais quando estão a defender a vida dos mais desprotegidos e dos idosos que ajudaram a construir este país.

Mas mais grave é se tudo correr sem que tiremos ilações e mudemos a nossa atitude para corrigir o que não está bem.

A postura de negação e de desresponsabilização, associada à soberba e arrogância, por parte do Dr. José Robalo, é técnica e humanamente inaceitável, preferindo atacar a forma e os autores da auditoria, em detrimento de aproveitar o trabalho e as conclusões para que Reguengos não se repita.

A dimensão da insensibilidade e da incapacidade em perceber o sucedido, demonstrada pela Sr.ª Ministra do Trabalho, da Solidariedade e Segurança Social, é claramente percebida quando o Sr. Primeiro-ministro sente a necessidade de vir a terreiro em sua defesa.

A dimensão da ausência de qualquer comentário da Sr.ª Ministra da Saúde sobre o tema da dimensão clínica na atividade dos lares é igualmente de realçar.

E a fuga do Sr. Primeiro-ministro relativamente ao sucedido, atacando a classe médica é por demais inaceitável. Os médicos continuarão a tratar os seus doentes como sempre o fizeram, na linha da frente como sempre o fizeram, nos momentos mais difíceis e mais agrestes.

A isso nos obriga o nosso Juramento.”

Lisboa, 19 de agosto de 2020

O bastonário da Ordem dos Médicos

O Presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos

 

Este foi uma espécie de inquérito/parecer/defesa dos médicos…

O Primeiro-Ministro afirmou que “a ordem dos médicos não tem competência para realizar auditorias sem que estas lhe sejam diretamente solicitadas… ponto”.

Mas antes do “ponto”, alguém com competência ou conhecimento de facto, terá que alertá-lo para as más, ou para a falta de condições do um Lar… ou eventualmente sobre o comportamento de um médico… -a julgar pelas suas palavras, como parece ter acontecido.

Chegou então a hora de identificar e atribuir culpas e culpados… falhas e faltosos…

Falhou o Governo; o Diretor do Lar que não asseguraram as condições necessárias…

Falhou o médico que supostamente não cumpriu uma ordem (bem ou mal dada!) de um outro médico diretor da ARS…

A conclusão: morreram 16 pessoas!

A verdade é que talvez um número tão elevado de mortes pudesse ter sido evitado se Governo tivesse apostado mais na saúde, os responsáveis pelo Lar o tivessem administrado melhor e os médicos tivessem cumprido rigorosamente o seu papel.

O que, em abono da verdade, não aconteceu!

Agora, mais do que o polémico vídeo com as “ofensivas” palavrinhas do Primeiro-Ministro, que acabaram por despoletar toda esta situação, importa sim analisar o que realmente se passa em todos os outros lares de Portugal e criar condições de apoio social para os nossos idosos para que situações como esta não se voltem a repetir.

Ah!... e que sirva de lição e exemplo para todos os culpados!

Culpados?!

Como sempre, não existem objetivamente culpados!

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-08-30
Imagem: Internet
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