Vi,
casualmente, um documentário (já com alguns anos) sobre um jovem, ex-membro da
Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (FDLS) que,
sob efeito de drogas, assassinou a namorada, por esta se ter recusado a ter
relações sexuais.
O jovem (por
lhe ter sido incutido pela FLSD) pensava que a mulher (namorada) tinha
obrigação de o saciar sexualmente sempre que desejasse.
Qualquer um
dirá que se trata apenas de mais um crime, como tantos outros…
Poucos dirão
que é muito mais um crime hediondo de cariz religioso, perfeitamente
identificado relativamente ao autor material e moral.
Poucos dirão
que é mais um evidente exemplo do mal que uma religião pode fazer a uma
criança… do “monstro” em que a pode transformar!
Christopher
Hitchens disse que “se a instrução religiosa não fosse permitida nas escolas
até que a criança atingisse a idade da razão, estaríamos vivendo num mundo bem
diferente.”
Concordo
plenamente com as suas palavras… estaríamos certamente!
Neste caso em
concreto, nem sequer se trata de Ensino Público, mas de uma das muitas
organizações religiosas que vivem em clausura total, completamente alheia ao
mundo real. Não estaríamos certamente falando de um crime hediondo cometido por
um jovem que, depois de ser condenado pela justiça (já antes estava pela
religião!), disse humildemente, que “amava a namorada que matou” … e
posteriormente, já na prisão, que… “é no culto que devo estar… e lá voltarei!”
A sociedade
onde não se conseguiu inserir é agora a sua prisão!
Quando sair
das grades da sua prisão estará pronto para viver em liberdade?
Não! O culto
é e será a sua liberdade!
Urge
questionar…
Que futuro
poderá ter uma criança criada em absoluta clausura religiosa ou num meio
tradicionalmente religioso, com regras absolutamente rígidas e restritas,
algumas absolutamente inúteis, ridículas e irracionais?
Têm os
líderes religiosos, ou em alguns casos concretos os progenitores o direito de
impor a religião aos “seus filhos”?
Não é a
liberdade de escolha um direito fundamental?
Rowan Atkinson
disse que “criticar uma pessoa pela sua raça é manifestamente irracional e
ridículo, mas criticar a sua religião é um direito. A liberdade de criticar
ideias, qualquer que elas sejam, é uma das liberdades fundamentais da nossa
sociedade. Uma lei que diz que posso criticar e ridicularizar ideias, exceto
aquelas de carácter religioso, é, no mínimo, uma lei estranha.
Não sei se é
ou não “estranha”, mas a atual lei portuguesa diz o seguinte:
CRIME DE
ULTRAJE A SENTIMENTOS RELIGIOSOS E PROFANAÇÃO DE OBJETO DE CULTO
Constitui
crime a ofensa ou o escárnio público às crenças ou funções religiosas de outra
pessoa, bem como a profanação de locais e objetos de culto, em termos que
perturbem a paz pública.
1. O n.º 1 do
artigo 251.º do Código Penal (CP) pune com pena de prisão até um ano ou com
pena de multa até 120 dias a conduta de ofensa a crenças religiosas tal como
foi acabada de descrever.
(…)
É, pois,
perante esta “estranha” lei, que reivindico e invoco este direito, esta
liberdade de criticar (não especificamente o autor material, mas principalmente
o autor moral) a Religião!
A Religião
que tem estado na origem deste e tantos outros crimes hediondos!
É, pois,
perante esta “estranha” lei, que reivindico e invoco este direito, esta
liberdade de criticar mais um crime de cariz religioso cometido por um jovem
que fazia parte da Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias (FLDS), de onde foi expulso e excomungado.
A FLDS é uma
das maiores organizações religiosas, fundamentalistas, existentes nos Estados
Unidos, cujos membros praticam a poligamia e expulsam alguns dos seus membros
masculinos mais jovens que, supostamente, farão concorrência ao harém do seu
líder e profeta espiritual que detém dezenas de esposas (muitas delas menores)
e a outros líderes mais velhos…
Tradicionalmente
o presidente da igreja FLDS era também o seu líder e profeta religioso.
“O número
exato de membros da Igreja FLDS é atualmente desconhecido devido à natureza
relativamente fechada, no entanto, estima-se ter 6.000 a 10.000 membros que
residem em templos situados em cidades americanas.”
O seu
ex-líder religioso, Warren Steed Jeffs, é um criminoso norte-americano e está
atualmente a cumprir uma sentença de vinte anos devido a abuso sexual de
crianças.
São
possivelmente insignificantes estas linhas de revolta…
Linhas
inúteis e inaudíveis que não libertarão sequer um único membro dos que estão
agora enclausurados nos templos da Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias…
Mas precisava
soltá-las da minha consciência…
Precisava
soltá-las a todas as consciências…
Precisava
libertar-me do seu enorme peso.
Assim, pelo
menos, sei que se perpetuarão noutras consciências que eventualmente as
assimilem e ressuscitem…
Assim, pelo
menos, sei que servirão de memória futura a gerações vindouras para que este
passado não se repita no futuro!
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Autor: Carlos Silva
Data: 2021-07-14
Imagem: Internet
Obs.:
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