2021-08-31

0254. Não-resposta

 


Proliferam na internet milhões de respostas a uma simples e ingénua questão…

 

“Crês que deus existe?”

 

É uma questão que se repete e repetirá certamente no tempo, pelo menos durante algum tempo, até que deixe obviamente de ser feita…

Responder ou não responder, não é, pois, relevante.

 

Relevante é o facto de, no momento, ter a certeza de que eu existo!

Indiferentemente de responder… ou não!

 

Não sei realmente quem sou…

Mas existindo e sendo o que sou, supostamente, ateu…

Pensando racionalmente como penso, sem limites nem fronteiras…

Devo, desde logo, aclarar e declarar que não acredito em “seres imaginários”!

 

Consequentemente e logicamente não deveria sequer responder a esta espécie de não-pergunta!

Será, pois, também uma espécie de não-resposta!

 

Resumindo: para mim, um “ser imaginário”, tal como o nome indica, é apenas um “ser imaginário”. Ponto final.

Qualquer “ser imaginário” (vulgo: deus), não passa de um conceito meramente mental, portanto abstrato… não sendo equacionável a sua existência como ser ativo, diligente ou divinamente inteligente… 

Se em tempos existiu tal pessoa… é provável!… tal como tantos outros incógnitos seres humanos... hoje falecidos.

 

Perguntar-me-ão alguns, então, porque continuo a escrever sobre este “amigo imaginário” se o considero uma perda de tempo?

Dirão outros, ao abordar a matéria, se não lhe estou a dar o corpo e a alma (fictícia e abstrata, obviamente) que precisa para viver?

 

Não. Não é o caso, porque apenas tenho amigos reais!

 

Muita gente murmurará com os “seus botões” … alguns de forma completamente genial com os seus dedicados heterónimos…  mas, conversar toda uma vida com o seu “omnipotente, omnisciente e omnipresente amigo imaginário”, é, de todo, um comportamento compulsivo-dependente que, em casos mais extremos, pode levar à loucura ou transformar-se numa autêntica psicose.

 

Reitero que o intuito desta não-resposta não é julgar os que habitualmente murmuram com os seus “botões” ou com os seus amigos imaginários!... não!

Não pretendo sequer tentar condicionar alguém…  jamais o faria…

Será a ciência… o conhecimento… a própria natureza que inevitavelmente o fará ditando as suas próprias leis. A verdade, mais cedo ou mais tarde, acabará sempre por se desforrar de quem a tenta ludibriar.

 

Todos temos o direito de ter (ou não!) amigos imaginários!

 

O problema que se coloca é que em nome do seu supremo amigo imaginário, muitos seres humanos já perderam a vida… (e continuam a perder!) -alguns apenas por nele não acreditarem, ou simplesmente por pensarem de forma diferente!

 

Ninguém pode exigir a submissão às regras do seu supremo amigo imaginário!

 

É, pois, também uma questão de liberdade física e mental!

 

O problema é que este amigo imaginário tal como é ainda atualmente apresentado pelas mais diversas personagens, interfere e condiciona negativamente o futuro de toda a humanidade!...

O problema é que, algumas personagens que vivem e se dedicam fielmente aos seus amiguinhos imaginários, não são de modo algum, pacíficas ou inofensivas tal a forma como profetizam e como acabam inevitavelmente por afetar e condicionar todos os que os rodeiam.

 

O problema mais grave, é que, em nome do “amiguinho imaginário”, um número ilimitado de chicos-espertos, exploram economicamente e impiedosamente milhões de pobres…

 

Nenhuma crença que venera o seu amigo imaginário produz algo... ou ajuda alguém!

Na realidade, é continuamente ajudada e mantida pelos seus fiéis. É uma espécie de mendiga perpétua que vive do trabalho alheio… e ainda por cima recebe dinheiro dos impostos do estado sem descontar ou contribuir minimamente para apoiar o tecido social.

 

Afirma aos “sete céus” que “o dinheiro é fonte de pecado”, porém, acumula-o e ostenta-o compulsivamente, o que deveria, no mínimo, encaminhar qualquer alma para o inferno, ou, ofender o pobre e devoto fiel que no seu dia a dia luta por colocar um pedaço de pão na mesa dos seus filhos…

 

Este é, fundamentalmente, o motivo que me leva a dar uma resposta, ou melhor, uma “não-resposta!

Porque é irrelevante e indiferente a resposta!

Bastava, pois, parar e ficar por aqui.

 

O principal problema é que não é ficando calado ou ignorando esta grave dependência que se descobre a sua cura!

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-06-04
Imagem: Internet
Obs.:
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