O povo gosta de tradições taurinas!
A “garraiada” é uma das tradições mais antigas enraizadas na
maioria das povoações do interior alentejano, onde o animal, normalmente uma
vaca ou um touro de menor porte, é solto num recinto fechado e deixado à sua sorte,
por entre correrias de inúmeros jovens havidos de novas experiências e
sobretudo demonstrar o seu valor perante a efusiva plateia que regozija dentro
e fora das grades.
O jovem sempre gostou de exibir a sua virilidade, a sua
coragem e sobretudo a sua inteligência perante os demais animais...
O animal, fora do seu habitat natural, ao ver-se ameaçado e
rodeado por um mar de gente, investe vigorosamente contra quem o ousa
enfrentar… até que, finalmente, vencido pelo cansado, um destemido herói,
acompanhado pelo seu clã, o enfrenta e neutraliza.
É o ponto mais alto e vibrante da festa... -quando corre bem!
É ali que se demarca território; que se demonstra quem é o mais
forte; quem é o mais corajoso… até que se atinge o auge: a pega!
A adrenalina excede todos os limites num corpo que ferve entre o
medo e a bravura!
A tradição é normalmente bem regada a álcool e sobretudo um ponto de
encontro e convívio de amigos e conhecidos das lides tauromáquicas.
Por vezes, como o caso de hoje, o divertimento, extravasa a praça deixando
o pobre animal sozinho a olhar para o espetáculo exterior: é a já habitual
sessão de pancadaria coletiva sem qualquer regra... cada um dá sem saber a quem
e leva sem saber de quem!
Festa brava sem pancadaria não é festa!... só os bravos entram na
festa!
Festa brava para ser festa tem que ter pancadaria… dentro e fora
da praça!... -uma espécie de segunda festa dentro da festa taurina.
O povo exulta e bate calorosamente palmas aos corajosos forcados que
vão surgindo dentro e fora da praça!
O povo adora garraiadas… sobretudo com pancadaria!
Desta vez, tal como em muitas outras, sobretudo pelos inúmeros excessos
alcoólicos, o espetáculo extravasa os limites da bravura e complica-se um
pouco, pelo que é necessário chamar uma ambulância para socorrer feridos e as forças
de segurança para acalmar a situação…
Finalmente, sobretudo pelo cansaço, é reposta a ordem e tudo regressa
a calma.
Desta vez, tanto fora como dentro do recinto da festa brava, não
morreria ninguém.
Tudo fica bem quando acaba bem!
Autor:
Carlos Silva
Data: 2023-09-03
Imagem: Internet
Obs.:
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