2018-03-10

0069. Vida





Assombrosamente a vida irrompe no útero e salta para o ventre desta realidade...
Não me quero debruçar sobre a vida…
Não me quero debruçar sobre a realidade…
Quero simplesmente viver esta realidade!

A consciência impele-me a soltá-la[1]
Assim desta forma deslumbrante e impressionante como desabrocha em mim…
O que neste momento sinto…
Não cabe na vida destas palavras que penso e escrevo...
Está admiravelmente impregnado de Vida!

Mais do que ideias…
Mais do que memórias…
Somos este Momento!
Somos inegavelmente esta impressionante Matéria Viva…
Que dá vida à realidade que perante os meus olhos se depara!

Este pensamento é e será sempre motivo de reflexão… e de vida!

Mais do que o símio que física e psicologicamente herdamos, fruto de milénios de evolução…
Mais do que todos os impulsos racionais e irracionais para satisfazer as nossas mais elementares necessidades…
Somos Consciência!…
Somos esta sensação d’ Eu!...

Aprendemos a domar esse incrível Animal…
Lutamos diariamente por Ele…
Lutamos pela vida...
E nunca estamos plenamente satisfeitos...
Queremos sempre mais…
Queremos mais perfeições para a nossa imperfeição...

Criamos leis e princípios morais que por vezes desrespeitamos e violamos...
Criamos pseudo-divindades que nos iludem e desiludem…
Criamos todo um Mundo para satisfazer e atenuar todo este desassossego...

Vamos simplesmente amadurecendo e enfrentando os desafios da vida...
Vamos simplesmente despertando e satisfazendo as necessidades da vida…
Vamos simplesmente vivendo esta admirável vida…

Na realidade…
Vamos evoluindo!
Vamos perpetuando a espécie!
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Autor: Carlos Silva
Data: 1998-04-29
Imagem: Internet
Obs:
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[1] Vida

2018-03-09

0068. Viagem






Ahhhhhhhhhhhh… que prazer!…[1]

Ahhhhhhhhhhhh… que prazer de viagem!…[2]

O corpo implora-me repouso...
A mente, paradoxalmente, não para…
Ambos se movimentam num imenso turbilhão que me impele a continuar a viagem neste admirável comboio-de-signos... [3]

 “Ahhhhhhhhhhh… que prazer!...” [4]

A sensação[5] perdura nevroticamente
O significado[6] perdura expressamente
Nesta viagem de sinais gráficos…

Transportando imagens de realidade…
Transportando sensações de realidade…
Transportando instantes de plena satisfação…
Transportando sonhos imaginados e realizados de forma diversa e dispersa…
Transportando “prazeres” que eventualmente se perderão na indiferença do tempo e do esquecimento…
Que viverão, agora, aqui, enquanto os retiver!

O ar fresco da realidade move-se por tempos e espaços mentais futuros…
Uma leve brisa acaricia-me a derme e a mente…
Por momentos imagino…
Por momentos imagino o Prazer da Leitura…
Por momentos imagino a companhia mental de quem prosseguirá esta viagem...

Soltem-se os signos do prazer!...
Soltem-se as asas do pensamento!...
Soltam-se as imagens do prazer!...
Solta-se novamente a Vida!

Venham!
Venham viajar na palavra…


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Autor: Carlos Silva
Data: 1998-04-02
Imagem: Internet
Obs:
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[1] Sentimento: prazer após ato sexual
[2] Sentimento: viagem de prazer
[3] Sentimento: prazer de ver as imagens surgirem
[4] Sentimento: grito de prazer
[5] Prazer
[6] Prazer

2018-03-08

0067. Noite de Portalegre







Portalegre vive três noites que se fundem numa calma e admirável magia de cinza e verde... 
Perdem-se na memória os copos cheios de cerveja e os bolsos vazios de algumas capas e minissaias negras[1], as mais banais palavras, os amores e dissabores que se prolongam até de madrugada... -o dia seguinte é de aulas!...
Perdem-se na memória os copos cheios de cerveja e os bolsos vazios, de algumas cabeças quase rapadas[2], brindes e euforia desmedida... que culminam na barreira da 01H00... -o dia seguinte é de aulas!...
Perdem-se na memória os copos cheios de cerveja e os bolsos vazios, de algumas almas ocasionais[3] e dos demais, das mesmas que culminam numa qualquer cama ou viatura... -o dia seguinte é de trabalho quando o há!...
Por incrível que pareça pertenço a todas e não sou de nenhuma... sou algo entre o alheio à realidade e a própria realidade a que pertenço.
Depois de cinco anos o meu coração começa também a respirar este verde ar da noite portalegrense, mas ainda tenho muitas raízes de mármore!
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Autor: Carlos Silva
Data: 1998-03-09
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.
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[1]Estudantes
[2]Recrutas
[3]Portalegrenses









2018-03-07

0066. Comunicar




Debruçado de corpo e alma
Assoma esta imensa calma
Assombra esta poética emoção
Que teima em soltar significação

Significa profundamente o meu olhar
Significa curiosamente o teu olhar
Significa esta ansiedade de partilhar
Significa esta ansiedade de comunicar


“C-o-m-u-n-i-c-a-r”

Significa apenas comunicar
Significa apenas soletrar
Significa apenas despertar
Significa Sol Terra e Mar

Significa este prazer que se vai soltando
Significa estas asas que vão voando
Nada nem ninguém pode retê-lo
Nada nem ninguém pode prendê-lo

É livre como o pensamento
É livre como o momento
Todos podemos senti-lo e pensá-lo
Todos podem vivê-lo e eternizá-lo

Assim alguém o possa interpretar
Assim alguém o possa assimilar
Assim alguém o possa comungar
Assim alguém o possa amar


*
Significa «Comunicar o ato de transmitir e receber pensamentos, emoções ou experiências, num canal e contexto específico, através de vários códigos que vinculem uma determinada mensagem e que sejam comuns aos intervenientes do processo.»

Nota:
Como terá surgido a Comunicação?
A comunicação terá surgido com o aparecimento da vida na terra...
É difícil, senão mesmo impossível, dizer como...
Na verdade, todas as espécies animais e vegetais comunicam entre si através de sons, gestos, movimentos...
Resulta essencialmente desta constante necessidade de exprimir o que sentimos e pensamos, o que vai dentro de nós!


Eis o que procuro fazer agora mesmo!
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Autor: Carlos Silva
Data: 1998-01-08
Referência: Carlos Silva
Etiquetas: Prosa, Agora, Comunicar
Imagem: Internet
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2018-03-06

0065. Vida







“A vida é um estado terminal... não somos mais do que seres vivos, biodegradáveis e sexualmente transmissíveis” -por momentos, perdi-me no seu seio...
Vi-a em mim…
Revi-a em mim…
Revi-a na minha imperfeição…
Revi-a na minha humanidade…
Discuti-a interiormente na sua fatalidade…
Por momentos recusei-me pensá-la…
Por momentos quis Não-Ser…
Por momentos quis Não-Sentir…
Voltava implacavelmente a assomar-se à minha consciência…
Voltava implacavelmente, na sua mais violenta objetividade materialista a impor-me o seu estado terminal…
Sem-Vida… Sem-Deuses, Sem-Sobrenaturais… sem… Nada!

Vida…
Sinto Tudo terminar em mim.

Vida…
Sinto Tudo começar em mim…
Sinto que amanhã amanhecerá…
Sinto que amanhã o Sol brilhará…
Sinto que Tudo continuará…

Só ulteriormente surgiu esta paz...
Só ulteriormente voltei a mim, completamente nu…
Um efémero e harmonioso eco por entre esta ligeira brisa de vida...
Sinto-me satisfeito com a mágoa de desconhecer…

Sinto-me satisfeito por Agora Viver!
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Autor: Carlos Silva
Data: 1997-10-14
Imagem: Internet
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Direitos reservados.
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2018-03-05

0064. Anna Muzychuk







Não sou grande adepto de Xadrez…
Mas hoje uma notícia sobre os Campeonatos do mundo de Xadrez que decorrem em Riade, na Arábia saudita despertou a minha atenção e não precisamente pela modalidade em si.
A atual campeã do mundo Anna Muzychuk recusou-se a participar!
Segundo palavras suas…
“Estou empenhada em defender os meus princípios…”; “Decidi jogar de acordo com as minha regras: recuso-me a usar abaya[1] e a não poder sair à rua sem ser acompanhada por um homem. Em suma recuso que me façam sentir um ser inferior…”

Ainda que no ano anterior tenha jogado no Catar, agora não se deixa tentar sequer pelo prémio monetário, quatro vezes superior aos valores praticados.
A organização, que terá pago mais de 1,5 milhões de dólares para organizar o torneio, nega ser obrigatório o uso de véus, permitindo que as mulheres vistam calças azuis escuras e camisas de gola alta…

Como é possível que no século XXI ainda perdurem tradições milenares absolutamente arcaicas que descriminam o ser humano… mulher?
Como é possível ainda haver nas atuais civilizações formas de descriminação política, racial, social e sobretudo sexual?
Tal agita a minha consciência… como pode alguém ficar indiferente ou calado?
Não se trata apenas de recusar a usar uma simples peça de vestuário ou da liberdade de passear sozinha pela rua!...
Trata-se da igualdade de seres humanos… neste caso de género!
E os valores da Anna são os valores de todos os seres humanos!
Ou pelo menos de alguns!

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Autor: Carlos Silva
Data: 2017-12-17
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.
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[1] Género de túnica comprida que completa a indumentária árabe feminina