2020-05-18

0176. Vergonha




 

Não pretendo mudar nada nem ninguém!

Não pretendo trocar argumentos com ninguém!

Não pretendo, sobretudo, trocar argumentos com quem o argumento “deus” é uma hipótese colocada como conclusão.

Seria perder tempo!

Quem tem fé… que tenha fé!…

Quem não tem fé… que não tenha fé!

Cada um que pense e diga o que entender!

Esta é uma das grandes conquistas do nosso 25 de Abril!

Liberdade de expressão!

Podendo eu, então, expressar LIVREMENTE o que penso, sem que tal implique ser fisicamente queimado em praça pública…

Eis a minha simples e modesta opinião que vale o que vale… (o mesmo que outras!) sobre o 13 de maio e as comemorações que mais uma vez hoje ocorreram em Fátima.

Sei que ultimamente o adjetivo tem andado muito na moda na nossa Assembleia da República, mas não será por isso que neste momento é precisamente o que penso e sinto:

VERGONHA!

 

Sem ofensa para o Sr. Presidente da República… também para o Sr. Presidente da Assembleia da República… é claro!

O que hoje vi ao mudar os canais de televisão, foi…

UMA AUTÊNTICA VERGONHA!

 

Como é possível em Portugal, em pleno Século XXI, praticamente todas as televisões… (inclusivamente, a estatal para a qual sou obrigado a pagar uma taxa!) transmitirem em direto uma cerimónia de um culto religioso (desta vez sem público a assistir… por causa da pandemia) que é um autêntico hino à cegueira humana!

O fenómeno já está de tal forma enraizado… que já teve direito a filme ao bom estilo português… e a dita “imprensa livre portuguesa” em nome das audiências e da ganância económica presta-se a divulgar (o que já não se pode sequer questionar ou discutir na praça pública por ser ofensivo) este tipo de espetáculo absolutamente falacioso, que mais do que violar os princípios do estado laico e democrático, viola essencialmente a inteligência de qualquer ser humano que minimamente se digne a observar atentamente a realidade e a raciocinar um pouco mais…

Passa pela cabeça de alguém minimamente consciente que três crianças entre os sete e os dez anos (pastorinhos) visionaram aparições de uma dita “Nossa Senhora do Rosário de Fátima”, na Cova da Iria em Fátima... e o fenómeno viria a repetir-se durante seis meses?

 

“Francisco e sua irmã Jacinta… “eram rudes, ignorantes e analfabetos [1]”… “inconscientes e crendeiros no mais alto grau, tanto pela idade, como pelo meio social em que foram criados”. [2]

Lúcia tinha um especto duma “serrana rude: face trigueira, boca larga, lábios grossos, as sobrancelhas espessas e quase travadas, sobre o olhar duro, davam-lhe um aspeto trombudo de arreganhada”[3]. “Quem a estudar naquele documento vivo que é a fotografia, tirada no dia 13 de outubro de 1917, não necessita possuir grande intuição psicológica para lhe preencher a ficha, sem medo de errar: tipo grosseiro; esperteza medíocre; dureza, obstinação”.[4]

 

“MILAGRE!”

Referiram alguns dos presentes que numa destas ditas aparições, estavam aos milhares e constatarem o dito fenómeno… ainda que, jornalistas que também presenciaram tenham afirmado que “nada viram” … e alguns outros referirem que se tratava apenas de um fenómeno meteorológico…

O que me oferece dizer sobre mais este “milagre” é que…

Não existe uma única prova científica de qualquer milagre!

Não existe uma única prova científica da existência de qualquer divindade!

Não existe uma única prova científica de que alguma pessoa tenha sido curada duma doença por obra de uma divindade!

Tudo o que tem sido imputado a divindades, não tem uma única resposta coerente e constatável!

E… normalmente o que ainda não é do conhecimento científico é obra de uma divindade!

Na altura do dito “milagre”, Portugal era um país muito pobre, com uma população vincadamente analfabeta e católica… que vivia sobretudo do campo. A Monarquia tinha acabado de dar lugar à República que já permitia alguma liberdade de pensamento… o que vinha, de certa forma, colidir com alguns dogmas e sobretudo com o enorme poder que a igreja ainda tinha em Portugal…

Se hoje, o seu filho de 7 anos ao chegar a casa lhe dissesse que depois de ter ido passear pelo campo vira uma “virgem no cimo de uma azinheira”, o que é que lhe respondia?!

 

Por favor…

Pelo menos sejam rigorosos…

A igreja católica corrigiu recentemente “Fátima” … de “aparição” passou para “visão” …

O termo “visão” dará azo a uma infinidade de interpretações…

De certa forma permitirá satisfazer crentes e não crentes… os crentes “viram” e continuam a viver a sua fé… os descrentes “não viram” e continuam a referir que foi apenas uma “visão…

Mas os média…

Não me falem em “APARIÇÕES DE FÁTIMA”!

No mínimo escrevam “ALEGADAS APARIÇÕES DE FÁTIMA”!

 

É UMA VERGONHA!



[1] Padre Ferreira Lacerda, em o “Mensageiro” de Leiria, 18-10-1917

[2] João Ilharco, Fátima Desmascarada, pág. 25

[3] “Fátima” pág. 29

[4] João Ilharco, Fátima Desmascarada, pág. 39


Autor: Carlos Silva
Data: 2020-05-13
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Obs:
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2020-05-15

0175. Apetecia-me



Apetecia-me, na realidade…
fazer (te) sentir a música das palavras...
o som dos símbolos e das regras...

Apetecia-me, na realidade…
dançar (te) numa qualquer sala dissonante...
nesta simples linha do horizonte...

Apetecia-me, na realidade…
amar (te), de corpo, alma e imagem...
neste leve toque de passagem...

Apetecia-me, na realidade…
tocar-te (te) noite e dia, como por magia...
nestas notas melodiosas de harmonia...

Apetecia-me, na realidade…
o silêncio do momento, do (teu) alento...
num sopro, num gemido solto ao vento...

Apetecia-me, na realidade…
unir o desejo ao destino...
sentir na pele este amor sem sentido

Apetecia-me, na realidade…
mesmo roubando o lugar a alguém...
mesmo não sendo de ninguém... (ti)

Apetecia-me, na realidade…
sorrir... e oferecer (te) o Mundo...
o Sonho e a Realidade…  quase Tudo.


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Autor: Carlos Silva
Data: ?
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.
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0174. Euro 2016



Oh, Bandeira de tão imenso encanto!
Oh, Sorriso de tão desmedido canto!
Oh, Apito bendito de tão épico Fim!
Oh, Hino que te cravas em mim!

Oh, “Torre” de Lusitano encanto!
Oh, Anjos de tão alegre canto!
Nunca tal prazer por taça vencida!
Nunca tal vitória foi tão sofrida!

Porque nos glorificaram tal vitória?
Porque realizaram o nosso sonho?
Porque nos concederam a nossa glória?

Oh, Alma, do chão hoje novamente erguida,
Afaga finalmente em realidade o sonho:
Somos Campeões! Seleção de uma Vida!


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Autor: Carlos Silva
Data: 2016-07-10
Imagem: Internet
Obs: Poemas Soltos
Direitos reservados.
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0173. Euro 2004



Chora Bandeira em tão inerte encanto!
Chora Lágrima em tão imenso pranto!
Chora Apito maldito de tão vil Fim!
Dói “como uma força” cravada em mim!

Oh, Tragédia Grega de Lusitano desencanto!
Oh, malditos Deuses, que triste canto!
Nunca tanto doeu uma taça perdida!
Nunca tanto a derrota foi tão sofrida!

Porque desviaram a nossa vitória?
Porque realizaram o nosso sonho?
Porque nos roubaram a nossa glória?

Oh, Alma do chão hoje erguida,
Apaga em mim este Silêncio medonho,
E dá-me de novo a Seleção da Vida!


  
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Autor: Carlos Silva
Data: 2004-07-04
Imagem: Internet
Obs:  Poemas Soltos
Direitos reservados.
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2020-05-11

0172. Ajuda divina




Recebi hoje através do telemóvel e redes sociais várias mensagens com o seguinte conteúdo:

“PANO BRANCO OU VELA, HOJE À NOITE

Uma vela acesa e um pano branco no dia de São José.
Às 21 horas, (hora local), no dia dedicado ao custódio da Sagrada Família, convida-se cada família, cada fiel, cada comunidade religiosa a rezar os Mistérios da luz do Rosário e a exibir uma vela acesa e um pano branco fora da janela.
O Papa pediu:
Um simples sinal manifesta a nossa comunhão neste tempo de oração: nas janelas das nossas casas, esta noite, exibimos um pequeno pano branco ou uma vela acesa, sinais de esperança e a luz da fé. Das nossas habitações a súplica dos seus filhos sobe ao Pai, para que o Senhor, bom e misericordioso, dê a força do seu Espírito aos médicos e aos trabalhadores da saúde, ilumine os buscadores, guie os governantes, infunda os corpos dos idosos e das crianças, dissipe o medo e dê a todos o consolo do seu Filho Jesus.

DIVULGUEM!”

Obviamente que não divulguei nem respondi individualmente.
Não quis que alguém pensasse que estaria a ser indelicado ou eventualmente a faltar ao respeito…
Não respondi porque não quero sentir-me cúmplice de perpetuar semelhante conteúdo.
Na minha modesta opinião esta, e outras mensagens como esta, são uma perfeita inutilidade. Uma verdadeira hipocrisia. Não servem rigorosamente para nada... a não ser iludir os idiotas que nelas acreditam!

Respondo aqui porque, além do aproveitamento mediático, considero ser uma autêntica falta de respeito para com os profissionais de saúde… para com quem realmente trabalha!
Uma ofensa a qualquer ser minimamente pensante!

Faz algum sentido que, um ser imaginário, o “Senhor, bom e misericordioso dê a força do seu Espírito aos médicos e aos trabalhadores da saúde…”?
Faz algum sentido que um ser imaginário “ilumine os buscadores…” ou que guie os governantes…”?
 Passa pela cabeça de alguém que um ser imaginário “infunde os corpos dos idosos e das crianças…”, “dissipe o medo e dê a todos o consolo do seu Filho Jesus.”?!

Como é que alguém pode pensar algo assim em pleno século XXI?!
Perante esta pandemia, com todas estas AJUDAS DIVINAS, a esta hora estaríamos certamente todos mortos!

Em vez de “sinais”, “velas” ou “panos brancos”, a comunidade religiosa (o Vaticano em particular) deveria ajudar com ações concretas:
Doar uma pequena parte da sua descomunal fortuna de biliões de dólares que, afinal, angariou sobretudo à custa dos mais pobres e desfavorecidos…
Doar aos hospitais mais ventiladores, mais máscaras, mais testes gratuitos… para os verdadeiros heróis que são os médicos, os enfermeiros, os cientistas…  estes sim estão a “matar-se” por nos salvar e merecem todo o nosso respeito!
Isso sim é de louvar!

Mas não… em vez de ajudarem, perante a tragédia, como em tantas outras crises humanitárias, ainda se aproveitam para DIVULGAR a sua religião...

SÓ NÃO VÊ QUEM NÃO QUER… OU NÃO PODE VER!



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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-03-19
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Obs:
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2020-05-10

0171. Viver o momento



A verdadeira essência da vida

É viver o momento
É saborear cada momento
Como o primeiro momento
Como o último momento

É viver o momento
É viver momento a momento
Como este preciso momento
Como todos os momentos

Plenamente
Agora


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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-03-02
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