2023-06-25

0342. A Cidade da Alegria

 


A maior parte das despesas das últimas “Jornadas” de doutrinação religiosa da juventude foram pagas por privados ou sustentadas em donativos efetuadas à Igreja Católica.

 

No nosso generoso Portugal, a maior parte das despesas serão suportadas pelo Estado, que é como quem diz, pelos contribuintes, crentes ou descrentes, concordem ou discordem das mesmas.

 

Primeiro foi a magistral operação de marketing em torno do magnânimo Altar Papal, apresentado à comunicação social, com toda a pompa e circunstância, pelo presidente da Câmara de Lisboa, que, à priori, custaria apenas 4,2 milhões de Euros, e à posteriori ficará praticamente de borla!

 

Depois surgiu a “Cidade da Alegria” cuja insignificante estimativa inicial de gasto público seria na ordem dos 3 milhões de euros, o que envergonharia qualquer espírito santo; mas que, no final, com uma engenhosa contenção financeira, se ficará apenas pelos 120 mil euros… baratíssima!... uma autêntica pechincha!

A “Cidade da Alegria”, incluirá também o “Parque do Perdão” para que os jovens possam confessar os pecados aos seus anónimos tutores familiares (quais psicólogos!) e a “Feira das Vocações”, para os ajudar a descobrir a vocação… ou por outras palavras… a escolher a religião católica! Será, pois, apenas uma questão de “sim” ou “sim”!

Nos 150 stands da “Feira das Vocações”, pagos pelo nosso misericordioso Estado, a Igreja Católica cobrará uma pequena renda de 600€ por unidade! Um excelente negócio para o Estado, diga-se de passagem… ou será para a Igreja Católica?!

 

Resumindo, o Estado vai gastar uns milhõezitos para promover e dar uma ajudinha à pobrezinha Igreja Católica, a convencer os jovens de todo o mundo a converterem-se… ao Cristianismo.

 

Claro que a responsabilidade da doutrinação religiosa dos jovens ficará exclusivamente a cargo da Igreja Católica, não vá alguma ovelha desencaminhar ou descaminhar todo o rebanho.

 

No final da monumental Jornada, que não custará assim tanto, uma vez que a maioria dos eventos serão gratuitos ou realizados por voluntários, restará distribuir os “benefícios económicos”, que é como quem diz, os milhões que resultarão das contribuições de todos os fiéis participantes… como é que será feito?!... pois, isso só “Deus” saberá!

 

Algumas mentes mais distraídas pensarão certamente que se trata apenas de mais um grande evento, como tantos outros; um evento que trará muito dinheiro e visibilidade a Portugal e sobretudo à Igreja oficial do país, a Católica... a autêntica!... a única certificada pelo Estado para organizar conjuntamente as “Jornadas Mundiais de Juventude" religiosa!

 

Na realidade, não se trata de apenas mais um grande evento!

Trata-se de financiar uma crença que, por tão incessantemente reiterada, é tida como modelo de virtude e lucidez, subjugando e negando factos ao ponto de calar a própria razão.

 

A ilusão é agora tida como realidade e prova de genuinidade!

A submissão do estado ás crenças dominantes já não é apenas tradição… é obrigação e democracia!

 

A preguiça ou incapacidade de raciocinar é agora fé e devoção… e, em alguns casos, heroísmo e patriotismo.

 

Hoje, podem obrigar-me a contribuir para toda esta cegueira, mas jamais poderão vendar os olhos e muito menos tapar a boca!


Não há estado nem crença que cale a liberdade de expressar e muito menos a minha indignação!

 

 O futuro fará justiça e a história nos contará o que realmente conseguimos!

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-06-05
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2023-06-23

0341. Estado laico

 






O Estado é laico quando exerce imparcialmente o seu poder relativamente a todas as crenças, não apoiando nem se opondo a nenhuma delas.

 

É evidente que Portugal é um Estado laico e a Igreja Católica, tal como todas as outras crenças religiosas, encontra-se separada do mesmo.

 

Ninguém terá dúvidas que Portugal é um Estado laico!

 

Ninguém terá dúvidas, no entanto, é evidente a constante presença de sacerdotes católicos em atos públicos e sobretudo membros do Estado, incluindo o seu máximo representante, em cerimónias e atos religiosos, como missas, procissões, jornadas doutrinais de juventude… -algumas delas organizadas ou patrocinadas pelo próprio Estado.

 

Não sei se o fazem por medo, cobardia institucional ou simplesmente incompetência…

Temo que poderá ser mesmo cegueira…

Temo que nem sequer percebam porque o fazem!

 

A propósito desta inequívoca e imparcial separação, referia o outrora cardeal-patriarca de Lisboa, José Policarpo…

 

"O Estado deve aumentar a sua participação financeira na construção de novos templos. Comparando com o investimento noutras infraestruturas, a participação do Estado é pequena. Era preciso investir mais e com maior rapidez, porque às vezes fica-se 10 ou 15 anos à espera de uma infraestrutura deste tipo. Trata-se de uma obrigação do Estado e não de um favor que faz à Igreja Católica. O Governo tem obrigação de apetrechar a comunidade com as estruturas que são precisas. Se a comunidade é religiosa, tem tanto direito a ter uma estrutura religiosa como de saúde ou uma escola."

 

Para o Emérito cardeal-patriarca de Lisboa, a “comunidade” portuguesa é “religiosa” e a Constituição (que consagra a separação entre o Estado e todas as religiões), deve atribuir no seu orçamento verbas exclusivamente destinadas á Igreja Católica.

Por outras palavras, o Estado deve construir mais igrejas, templos, altares…  e contribuir generosamente para a organização de missas e jornadas religiosas, pois não se trata de um privilégio da Igreja Católica, mas sim de um dever, tal como a construção de um hospital ou escola pública.

 

Eventualmente por consequência da pandemia, parece que a crise terá também atingindo significativamente a Igreja Católica. O dinheiro pedido aos fiéis já não é suficiente para fazer face às despesas. Agora é preciso também pedir ajuda a todos os contribuintes, católicos ou não!

 

Para quem se queixava que “a sociedade portuguesa está cada vez menos católica”, não se compreende a construção de mais igrejas ou templos… e muito menos que se organizem jornadas megalómanas, cujos principais objetivos são, inequivocamente, doutrinar jovens e coletar dinheiro para alimentar e perpetuar a Igreja Católica.

 

Até se compreende que a Igreja Católica peça constantemente dinheiro ao Estado…

Todos pedem!

Só não se percebe porque é que um Estado laico tem que conceder à Igreja Católica privilégios financeiros e recuse a outras entidades de reconhecido interesse público e social que continuamente lhe vêm bater à porta.

 

A Igreja, organizar um evento megalómano e construir um palco de 4 ou 5 milhões de euros para uma missa, está no seu pleno direito!

Que construa o que entender!

Ser o Estado laico a ceder o terreno para o efeito, pagar as obras à custa dos contribuintes e ainda por cima a maior parte do lucro reverter para a Igreja Católica… parece não ser a melhor política!

 

É impressão minha, ou algo não soa muito bem?

É impressão minha, ou Portugal não é um Estado plenamente laico?

É impressão minha, ou há por aqui uma ligeira confusão entre liberdade religiosa (constitucionalmente protegida) e interesse público?

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-06-19
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2023-06-16

0340. Urge

 



Urge questionar!

 

Porque persiste este opulento Monstro da Idade das Trevas que ao longo de séculos se tem alimentado de fome, guerra, miséria e ignorância humana?

Porque persiste este opulento Monstro da Idade das Trevas que ainda antes da idade da razão, doutrina os mais jovens e persistentemente cega, manipula, subjuga e explora os mais frágeis e desamparados?

Porque persiste este opulento Monstro da Idade das Trevas que, maquiavelicamente, aniquila a natureza do sentimento e a lógica do pensamento racional humano?

 

Persiste pelo domínio, pelo poder, pelo dinheiro e sobretudo pela ganância humana!


Persiste porque a maioria da população é pobre, inconsciente e facilmente manipulável!


Persiste porque ainda existem seres humanos que preferem o conforto da mentira ao desconforto mental da verdade!


Persiste porque ainda existem seres humanos que continuam ingenuamente e incondicionalmente a acreditar no seu fiel “amigo imaginário”! (ou demónio!)

Qual descomunal Monstro de Hipocrisia!

 

Persiste porque somos humanos!

 

Urge responder!

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-06-01
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2023-05-30

0339. Felicidade

 


Entre o sonho e a realidade

Entre a insanidade e a excentricidade

Existe uma simples e ténue linha de cumplicidade

 

O simples cruzar dessa ténue linha imaginária

Pode culminar no mais terrível dos crimes

Tal como pode culminar no mais mortal dos pecados

 

Há quem lhe chame simplesmente loucura

Há quem lhe chame simplesmente vaidade

Sonhei-a e na realidade sei ser apenas pura felicidade

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-05-25
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2023-05-02

0338. Eutanásia

 


Diz a Declaração Universal dos Direitos do Homem que “todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”.

Ora, o sofrimento, tal como o prazer e a própria morte são indissociáveis da vida.

O sofrimento, porém, quando sem alternativa, pode tornar-se intolerável e insuportável, quer fisicamente quer psicologicamente, fazendo com que a vida se transforme numa autêntica tortura.

Assim, muito além do que defina a DUDH, está o individuo, a quem, ainda em plena capacidade, cabe decidir se quer ou não viver os seus últimos dias num estado de sofrimento atroz.

 

Esta decisão pessoal é inalienável e inescrutável.

 

A decisão sobre o direito à vida, ou morte, pertence ao próprio individuo e não a qualquer pessoa ou entidade.

Não existe estado ou religião, poder legislativo ou judicial, que prevaleça sobre a decisão individual de pôr termo à própria vida, quando, por força do sofrimento, esta deixe de ter qualquer sentido.

A estes poderes, apenas compete legislar e regulamentar as condições em que o pode fazer, para que não existam dúvidas ou violações sobre o direito fundamental.

Por isso, caro Marcelo, pode realmente enviar as vezes que entender a Lei da Eutanásia para a Assembleia da República para esclarecer as suas dúvidas sobre a letra…

Não faz qualquer sentido continuar a discutir, ano após ano, a Lei da Eutanásia!

Trata-se de um direito individual.

Trata-se de uma decisão individual e sobre esta decisão, o Presidente ou o Parlamento não têm qualquer competência.

Espero, pois, que a regulamentem de forma adequada porque é-me indiferente o que decidam.

 

Sobre a minha vida, sou eu que decido!

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-04-22
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2023-04-28

0337. Fé

 

 

Gosto de pessoas com fé… religiosas, ou não!

Gosto de pessoas que acreditam nas suas capacidades!

Gosto de pessoas que acreditam que são capazes de vencer, ainda que, à priori, não tenham a certeza das convicções porque só à posteriori as podem confirmar.

 

Podemos ter fé de que vamos vencer uma prova…

No entanto, nada nos garante a vitória, porque são inúmeros os condicionalismos... os nossos adversários podem ter a mesma fé e nada nos garante que não tenham treinado tanto ou mais que nós… e que, na realidade, sejam realmente melhores!

Podemos ter fé que ficaremos bem num exame porque estudamos muito e sentimos que iremos passar. No entanto, nada nos garante que tenhamos êxito. Poderá não correr como imaginávamos.

Podemos também ter fé em milagres ou na existência de seres divinos!

No entanto, contrariamente às primeiras convicções, estas não têm qualquer base científica sólida que as sustente e não podem ser observadas ou confirmadas.

Se à posteriori, poderemos realmente confirmar a vitória ou o êxito no exame, obviamente fruto das nossas capacidades, do esforço, do querer… neste último caso, é impossível, uma vez que a nossa fé, ou o acreditar não faz nada acontecer ou existir!

Há, pois, a fé fundamentada no esforço e na dedicação que à posteriori pode ser realizada, e a fé religiosa, imaginada, que jamais poderá ser testada ou confirmada.

Podemos prever que amanhã vai chover ou estar sol…

Se estivermos no verão, a probabilidade de estar sol será bastante elevada, enquanto que, no inverno, a probabilidade será bastante reduzida. É perfeitamente espectável.

Podemos também prever, embora mais raro, um fenómeno atmosférico que normalmente ocorre quando o sol atravessa nuvens de cristais de gelo e reparte a luz (parélio), criando a ilusão ótica de diversos “sóis” em movimento, numa espécie de dança nupcial com as nuvens. Para os mais crédulos, terá sido este o fenómeno extraordinário ocorrido na Cova da Iria que estaria na origem do “milagre de Fátima” -a célebre “dança do sol” que serviu de prova às ditas aparições!

Para os mais informados, não terá sido mais do que um simples fenómeno atmosférico, que, de resto, poderá acontecer em qualquer lugar do mundo onde as condições atmosféricas sejam as mais propícias.

Considerar esta célebre “dança do sol”, ou por outras palavras, movimento gravitacional, uma realidade, teríamos que admitir que nesta altura estaríamos todos na companhia dos “anjinhos” a navegar eternamente no espaço sideral!

Claro que se à posteriori qualquer uma destas possibilidades se pode verificar (um belo dia de sol…  um acinzentado dia de chuva… ou, ainda que menos provável, um inesperado parélio) … no entanto, não faria qualquer sentido atribuí-las à ação de supostas divindades e muito menos a um qualquer fenómeno milagroso!

Qualquer pessoa minimamente racional que queira fazer este tipo de previsão com a maior probabilidade possível de acertar, certamente que previamente se informará sobre as condições meteorológicas e não se fundamentará apenas num mero processo empírico baseado em crenças pessoais.

Normalmente as pessoas que mais êxito alcançam nas suas previsões são aquelas que se apoiam em dados científicos, que possuem capacidade para os analisar e retirar deles conclusões objetivas.

Existem inúmeras pessoas que se vangloriam de ter acertado nas suas previsões, sobretudo quando as probabilidades eram reduzidas… são os “adivinhos”, ou por outras palavras os “charlatães”, que se aproveitam da inocência dos interlocutores para retirarem proveitos financeiros desses seus dotes supostamente sobrenaturais.

 

Há pessoas que precisam da fé, sobretudo religiosa, para se sentirem bem ou sentirem que têm êxito na vida, sobretudo por pensarem que tal é uma virtude… procuram convencer os demais a acreditar no seu credo como fórmula de êxito e resolução pessoal, associando muitas vezes a devoção ao ideal de bem e de ajuda ao próximo. No entanto, é preciso clarificar que a fé religiosa acaba invariavelmente por culminar no mero acreditar, ou pelo menos, no que se acredita saber; nunca num facto objetivo ou conclusão, porque jamais pode ser confirmada, o que normalmente pode levar à frustração ou desilusão pessoal, muitas vezes com consequências dramáticas e irreversíveis para o futuro do crente. Em casos extremos pode mesmo levá-lo a acreditar que os seus problemas se resolverão através da fé… do acreditar… não apenas em si, mas também no ser imaginário que venera, que supostamente o protege e ajuda a ter êxito na vida.

 

Gosto de pessoas com fé… religiosas, ou não!

Gosto sobretudo de pessoas que têm fé no seu esforço, no seu trabalho, na sua dedicação para assim alcançarem os êxitos e objetivos previamente traçados.

 

Obviamente, desde que possível, qualquer um pode acertar numa determinada previsão…

 

Não será por acaso que alguém acerta na chave do sorteio do Euromilhões!

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-04-17
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