2018-03-19

0078. Grito de impotência






Quantas vezes não queremos traduzir por palavras este ou aquele pensamento, este ou aquele sentimento, esta ou aquela emoção, esta ou aquela frustração, esta ou aquela abstração… por entre uma desmedida sensação de impotência e desespero...
Quantas vezes não nos falta a palavra “eleita”, a que “tudo diz da forma mais pura e perfeita”, a mais abrangente, o conceito que realmente pretendemos transmitir ao destinatário…
Criamos estes signos na expectativa de que alguém os interprete conforme o espelho do pensamento ou do sentimento...
Independentemente do significado, cada um faz a sua interpretação, diversa, não apenas da palavra que perante os olhos se depara, mas também da realidade que através dela se pretende transmitir...
Uns analisam a realidade fonética, outros a realidade abstrata[1] sob as mais diversas conotações associativas...
Grande parte sentirá, como eu, uma estranha dor por toda aquela gente, uma impotência desmedida por querer e não poder ajudar...
Talvez não seja suficientemente perfeito ao ponto de traduzir fielmente, pela palavra, o que realmente sinto...
Talvez não existam conceitos sensações ou ideias definíveis; apenas simples relações entre os signos e os seus significados que simplesmente podemos aprofundar...
Podemos aprender[2] através da linguagem... mas, a linguagem, “não é realmente o Mundo” ...
O Mundo são os que neste momento sofrem do outro lado do planeta e neste momento continuam a morrer às mãos de assassinos insensíveis e inconscientes...
O Mundo é este grito de impotência[3], igual ao grito de tantas pessoas por esse mundo, despromovido das próprias palavras que estão de ler:
Salvem Timor!

*

Alguém ouviu este grito?!
Ninguém!
Ninguém, porque é, obviamente, apenas um grito literário...
É, no entanto, um gigantesco grito de indignação, perante um povo em sofrimento atroz, que morre e continua a morrer perante a ‘nossa’ indiferença... -ou pelo menos perante a indiferença daqueles que algo mais podem fazer, numa flagrante violação dos mais elementares direitos humanos, como nunca antes se tinha visto desde o tempo do Nazismo.

Alguém ouviu o meu grito?!
Ninguém!
Ninguém porque é, obviamente, apenas um inútil grito literário...
Mas se juntarmos todos os nossos inúteis gritos literários… todos os nossos inúteis gritos de impotência, talvez alguém que possa ouvir e agir, faça algo útil…
Talvez possamos salvar vidas em Timor!


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Autor: Carlos Silva
Data: 1999-09-02
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[1]Ideias
[2]Aprender/Comunicar
[3]Dor


2018-03-18

0077. Hino Timorense





Sou Timorense![1]
Sou livre!
Sou igual aos demais cidadãos do mundo.
Tenho direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Ninguém pode prender-me ou deter-me!
Ninguém pode torturar-me ou tratar-me cruelmente!
Ninguém pode violar ou oprimir a minha dignidade pessoal!
Ninguém pode queimar ou saquear a minha casa!
Ninguém pode expulsar-me à força da minha terra e do meu país!
Ninguém pode violar os meus direitos mais elementares!...
Ninguém!...

Porque acredito na justiça e na paz,
Porque jurei nunca mais pegar em armas,
Porque votei para expressar ao mundo a minha vontade!
Porque quase todos os países se comprometeram em promover e cooperar com a ONU no respeito universal e efetivo destes direitos e liberdades fundamentais, desenvolvendo urgentes medidas para o seu reconhecimento e aplicação...
E ainda que alguns os desconhecem e desprezam,
E ainda que alguns os violem conhecendo-os…
Para essa minoria só me resta a indiferença…
Para essa minoria só me resta o desejo de justiça...

Só me resta continuar a lutar!
Lutar pela força das minhas palavras!
Lutar para expressar toda a minha revolta!
Lutar por tudo o que os meus olhos vêm!
Lutar!... Lutar!... Lutar!...

E porque ninguém pode cortar o sentimento de um povo:
E porque ninguém pode cortar o pensamento de um povo:

Viva a Liberdade!
Viva Timor Leste![2]

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Autor: Carlos Silva
Data: 1999-09-09
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[1]Identifico-me como…
[2]Dedicado ao povo Timorense


0076. Aulas




No culminar de certas aulas…
Uma imensa satisfação transborda absolutamente os sentidos...
A imensa sensação do dever cumprido.

No culminar de certas aulas…
Uma imensa satisfação transborda absolutamente os sentidos...
A imensa sensação que do outro lado ficou algo de mim.

No culminar de certas aulas…
Uma imensa satisfação transborda absolutamente os sentidos...
A imensa sensação de contribuir para o futuro de alguém.

A imensa sensação da palavra mais perfeita…
A imensa sensação da atitude mais correta…
A imensa sensação do sentimento mais genuíno…
A imensa sensação do ideal mais honesto…
A imensa sensação de, sentir, que cheguei algo mais perto da (im)perfeição.

A educação[1] foi uma das minhas paixões d’infância e adolescência...
Só mais tarde a ela dedicaria a exigível exigência, porque só mais tarde alcançaria a sua verdadeira importância... 
Só mais tarde chegaria à conclusão que inadvertidamente teria feito a escolha mais certa ao ingressar na Escola da Guarda...[2]
Se um dia tiver que mudar, possivelmente não o farei tão bem, ou pelo menos com o mesmo prazer; mas, certamente continuarei a desempenhar a minha profissão com a mesma dedicação e profissionalismo com que agora o faço...
Com imensa satisfação!

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Autor: Carlos Silva
Data: 1999-07-19
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[1]Educação
[2]EG/CFP



2018-03-16

0075. Vida





Quer admitamos quer não,
Neste momento,
A Vida é um estado efémero e terminal.

Quer admitamos quer não,
Neste preciso momento,
A vida prolonga-se pela descendência da espécie.

Quer admitamos que não,
Neste preciso e exato momento,
A Vida gera-se e acaba invariavelmente por perecer.

Quer admitamos quer não,
Esta é a presente verdade,
Esta é a presente verdade da condição humana!

Esta é a presente constatação da realidade!
Esta é a presente consciência da realidade!
Esta é a presente lucidez com que observo na realidade!

A presente consciência que apenas aspira,
A este presente equilíbrio físico e mental.
A que ideal de vida mais perfeito poderia aspirar?

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Autor: Carlos Silva
Data: 1999-06-21
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2018-03-15

0074. Somos pobres...





Porque nos falta visão e educação!
Porque nos falta humildade e humanidade!
Porque nos falta verdade e realidade!
Porque nos sobra ilusão e religião!

Porque nos falta ternura e cultura!
Porque nos falta ética e estética!
Porque nos falta poesia e poética!
Porque nos sobra agrura e amargura!

Porque nos falta amizade e irmandade!
Porque nos falta emoção e coração!
Porque nos sobra limitação e imperfeição!

Porque nos falta igualdade e fraternidade!
Porque nos falta simplesmente viver naturalmente!
Porque nos sobra irracionalmente o Presente!

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Autor: Carlos Silva
Data: 2008-02-25
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2018-03-14

0073. Guerra no Kosovo




Como é possível que, à entrada do terceiro milénio, voltemos a ter Guerra na Europa?!
Guerra!... -é verdade, eu disse mesmo Guerra!

A Guerra que viola a… vida!
A Guerra que viola todos mais elementares direitos humanos!

A Guerra viola a liberdade e a segurança!
A Guerra ofende a dignidade do ser humano!
A Guerra, um autêntico atentado à consciência humana!
A Guerra, um dos mais marcantes sinais de estupidez humana!
A Guerra, o último reflexo de inconsciência e animalidade humana!
A Guerra, a última fronteira da crueldade, desumanidade e degradação humana!

A Guerra, hoje, já não se pode permitir!

A Guerra continua hoje… um espetáculo abominavelmente mediatizado, feito das mais violentas imagens de condição humana, ao qual assiste meio mundo, impávido e sereno... -observadores, passivos, comentadores atentos à “ação justiceira” dos intervenientes... (os tais militares/políticos, heróis do mundo, polícias/juízes do mundo providos da plenitude da razão, que lhes confere força de atuação, de subjugação e eventualmente o direito à própria vida alheia), uns quantos políticos e intelectuais a falarem de “possíveis soluções”, de “direitos humanos”, de “liberdade”, de “justiça social”, de “coerência intelectual”, e até de “ataques bem sucedidos” para justificar o injustificável!...
Uma guerra continua hoje… um espetáculo onde alguns ganham muito dinheiro e compram quase tudo!... e onde outros, muitos, perdem tudo... -a terra, pela qual toda uma vida lutaram e por vezes até a própria vida...
O que é um facto é que o dinheiro gasto nestes dois meses em armamento, que tanta morte e destruição tem semeado, seria mais do que suficiente para resolver o problema pela via diplomática evitando assim tão grande número de mortos e deslocados... Mais do que a própria questão étnica, existe falta de diálogo, de educação, que terá que partir dos próprios políticos.
O que é um facto é que o dinheiro gasto nestes dois meses em armamento alimentaria inúmeras bocas em África e no resto do mundo! -diz a UNICEF que “nos Estados Unidos, uma em cada oito crianças não mata a fome, e que, em todo o mundo, quinze milhões e meio de crianças morrem de fome ou subnutrição”.
Segundo as Nações Unidas “17% da população mundial detém, controla e consome os recursos do planeta, enquanto os outros 83% vivem no «limiar» ou abaixo do limiar da pobreza?” ...
Como é possível?!
Como é possível falar todos os dias em mais e melhor industrialização, em mais e melhores condições económicas, em menos desemprego, em melhorias tecnológicas aos mais diversos níveis, em globalização... se cada vez mais a condição humana e o próprio planeta se degradam a um ritmo assustador?
Alguma vez algum representante de um dos grandes monopólios financeiros se preocupou com as lágrimas de todas estas crianças do Kosovo, com o rosto de horror e desespero da rapariga que foi brutalmente violada, ou da mulher que viu o marido ser barbaramente assassinado?
É preciso que as instituições[1] tomem medidas… hoje!
Nunca é demais recordar que todos os Estados assinaram uma “Declaração Universal dos Direitos do Homem”, comprometendo-se a promover, em cooperação com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efetivo dos direitos do homem e das liberdades fundamentais... para que reine a paz e uma ordem capaz de tornar plenamente efetivos esses mesmos direitos e liberdades, enunciados na Declaração.
Mais do que apontar ou punir culpados, mais do que inventar ou pedir desculpas, é preciso parar esta guerra, e todas as estúpidas guerras como esta!
É preciso dizer… BASTA!... BASTA!... BASTA!...
Este não é um grito isolado, mas com certeza o grito de muita gente!

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Autor: Carlos Silva
Data: 1999-04-29
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[1]Pessoas!