2018-02-28

0059. A um amigo






É absolutamente habitual cavaquear com um amigo... 
E raramente dedico algumas palavras a um amigo...
Mas porque existem amigos e amigos, eis algumas, simples palavras dedicadas a um grande amigo, apenas por uma simples e habitual conversa de amigos…
Normalmente não temos oportunidades para grandes divagações… mas sempre temos tempo para pequenas interpelações, diálogos simples e transparentes…
Nas palavras e atos mútuos existe uma genuína admiração... eventualmente por uma série de características humanas e intelectuais comuns que nos unem...
Sinto-me em dívida por todo o apoio que tenho recebido tanto em termos profissionais como pessoais...
É o amigo que consegue pôr sempre os amigos à frente, sem nunca colocar de parte a instituição...
É o amigo que sabe ouvir, aconselhar e agir da forma mais correta...
É fundamentalmente uma das pessoas mais generosas que já conheci… alguém em quem se pode confiar plenamente…
Numa palavra… amigo!

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Autor: Carlos Silva
Data: 1997-08-21
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2018-02-27

0058. Simples animais...






Somos simples animais...
Comuns mortais, como os demais animais...
A inteligência…
Ajuda a assimilar e a dissimular essa animalidade…
A educação…
Ajuda a anular e a ofuscar essa animalidade…

Ambas conferem uma certa racionalidade ao nosso processo evolutivo...
Ajudam na necessidade de preservação da espécie e eventualmente do próprio habitat natural…[1]
Ajudam sobretudo no alargamento dos horizontes a outras Terras que o Espaço em tempo nos venha a revelar...
A verdadeira evolução encaminhar-se-á sistematicamente nesse sentido...

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Autor: Carlos Silva
Data: 1997-07-12
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Obs:
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[1]Terra


2018-02-26

0057. Madonna








Durante a adolescência acompanhei a carreira de Madonna…
Como artista sempre a achei das melhores…

Só depois…
Depois de tanto se falar sobre Madonna…
Descobri a mulher…
Descobri o verdadeiro ser humano Madonna…

Não a conheço pessoalmente, mas…
Do símbolo e objeto sexual…
Da extravagante e controversa…
Do ícone da música pop…
Do que vi e li a respeito…
Do que posso observar….

Algo me chamou particularmente a atenção…
Que não apenas a sua beleza…
Que não apenas a sua música:

A lutadora pelos direitos da mulher!

Confesso que as suas palavras me sensibilizaram…
Confesso que as suas palavras me tocaram profundamente…
Sobretudo por ter confessando a terrível experiência que viveu…
Quando ainda adolescente…
Quando se mudou para Nova York…
A falta de segurança em que viviam, sobretudo as mulheres…
E como a experiência a tornou numa mulher muito mais forte e corajosa…

Refere:
 “Fui estuprada num terraço… invadida e roubada…”
“Assisti a drogas, tiros, sida…”
Na altura “só queria ser artista e não pensava na igualdade de género, em feminismo…”

Ali só se quer a “mulher bonita e sexy…”  e não a “inteligente…”
Ali a mulher “não tem opinião…”
Ali a mulher é “objectificada” pelo homem…
Ali a mulher é “apenas o que os homens queiram que seja…”
Ali a mulher “não tem a mesma liberdade dos homens…”

E alerta:
“As mulheres têm sido tão oprimidas há tanto tempo, que acreditam no que os homens dizem sobre elas e que devem apenas apoiar os homens…”
“Na verdade, há homens bons que até merecem ser apoiados por uma mulher…”
“Mas não devem ser apoiados por serem homens, mas porque merecem…”
“As mulheres devem sim apreciar o seu próprio valor… serem fortes… aprender, colaborar, inspira-se e unir-se às mulheres fortes e corajosas para serem mais iluminadas…”

Grande mulher!
Grande artista!
Grande ser humano!

Por isso a apoio…
Não por ser mulher…
Mas pelo ser…
Pelo ser humano!
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Autor: Carlos Silva
Data: 2019-05-26
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2018-02-25

0056. Diz-me mulher








Diz-me mulher

 

Filha

Mãe

Avó

Esposa

Amiga

Companheira

 

Diz-me mulher

 

Como podes permitir que

Um homem

Te roube o direito à vida

Te roube o direito à liberdade

Te roube a autonomia de pensar

Te torture e imponha maus tratos

Te viole física e moralmente até ao íntimo do ser

Te imponha o direito de escolher

Te negue o direito à informação e educação

Te impeça de votar e participar neste progresso

Te humilhe simplesmente por seres mulher

 

Diz-me mulher

 

Como podes permitir que

Um livro

Exclusivamente escrito por homens e para homens

Exclusivamente baseado no domínio dos homens sobre as mulheres

Absolutamente machista absurdo e obsoleto

Te peça que sejas submissa ao marido

Te faça objeto propriedade e mercadoria

Te cubra o corpo e a mente

Te estupre e atire pedras até à morte

Te cegue e crucifique por perderes a virgindade

Te queime pelo adúltero delito de amares alguém

Um livro escrito com sangue suor e lágrimas

Que de ti faz demónio do bem e anjo do mal

Que te rouba a vida e tudo o que é natural

 

Diz-me mulher

 

Como te pudeste deixar seduzir

Por tão encantadora serpente

Como pudeste ter ingerido tão pecaminoso fruto

De tal proibida árvore

Como pudeste ter nascido

De tal dita virgem maria

Sem amar verdadeiramente

 

Diz-me mulher

 

Tu que dás e concedes esta vida

Tu que dás alento e alimento

Tu que dás este canto e encanto

Tu que dás esta inspiração e admiração

Tu que dás este sentimento e sensualidade

Tu que tudo dás na realidade

Peço que neste preciso momento

Soltes o cabelo ao vento

Soltes a voz com todo o alento

Quero ouvir o teu grito até ao mundo dar volta

Quero ouvir o teu grito de volta e de revolta

 

BASTA

 

Não

Não fiques aí parada

Solta e desvenda a verdadeira beleza do teu rosto

Solta e descobre o verdadeiro encanto do teu sorriso

Solta e manifesta todas as razões do teu coração

Tu és legitimamente a única dona do teu corpo

Tu és autenticamente a única dona do teu ser

 

Desperta mulher

 

Desperta o corpo da tua admirável mente

E ama verdadeiramente

Ama plenamente a liberdade

Ama perdidamente aquele homem

Que simplesmente te quer

 

MULHER



Autor: Carlos Silva
Data: 2019-05-26
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2018-02-24

0055. Guerra





Despertei contemplando o Presente-humano, e inacreditavelmente deparo-me com aviões[1] a lançarem mísseis sobre uma determinada zona do planeta a que denominam “alvos”[2]
Já há uns dias atrás acordara com uma dita “experiência atómica” ...

E pergunto-me…
Pergunto-me como tantos outros se perguntam…
Como é possível?

Têm estas criaturas consciência do que estão a fazer?

Não!
Definitivamente não!

Revolta-me profundamente a inconsciência destas criaturas!

Incomoda-me visceralmente ver seres humanos serem mortos pelos semelhantes!

Incomoda-me toda esta minha impotência por nada poder fazer perante mais esta monstruosa loucura humana!

É preciso parar esta espécie de gente!...

É preciso dizer a estas criaturas que…

“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos…”
“Todas os seres têm direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal…”

Ninguém têm o direito de roubar a vida a ninguém!


*

Não gostaria, neste meu ciclo, de criar um qualquer Guernica literal para representar imagens da realidade que agora mesmo observo…
Não gostaria neste meu ciclo de reviver mais uma guerra santa… ou mais uma tragédia bíblica de natureza humana...

Só quero que a humanidade desperte…
Só quero sensatez, equilíbrio e consciência…

Quem de direito que crie um código universal de conduta que alargue os horizontes destes senhores que continuam a fazer a guerra em nome de patriotismos… de poder… por dinheiro… paradoxalmente em nome da própria PAZ
Quem de direito que diga a estes senhores que o bem-estar o progresso e a evolução humana só são possíveis em paz...

Quero paz!


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Autor: Carlos Silva
Data: 1996-08-22
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[1]Americanos
[2]Iraque

2018-02-23

0054. Desenhar




Adoro desenhar-me…
Adoro transportar-me...
Adoro interferir com estas imagens internas e externas da minha viagem mental mesmo desconhecendo as imperfeições com que as delimito…
Que importa a linha se é o sentimento do momento, o arquitetar do sonho que me move e que as sustenta!...
Que me importa o resultado se não as quero pintar como um qualquer Guérnica literal suscetível de arrebatar horror ou beleza… uma qualquer tela visual como esta!
Decerto poucos se importarão com o que sinto…
Mas…
Se sentirem como eu sinto…
Se sentirem algo parecido com o que eu sinto...
Se interferirem como eu interfiro…
Se desenharem como eu desenho…

Algo criaremos!

Tal significa que poderemos tornar[1] este mundo um pouco melhor!
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Autor: Carlos Silva
Data: 1996-08-22
Imagem: Carlos Silva
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[1]Mudar

2018-02-22

0053. Tradição





Vi, há alguns dias atrás, pelo pequeno ecrã, um animal[1] furtado à sua natureza e enclausurado numa qualquer praça redonda...
À sua volta outros animais[2], por tradição, bradavam, incitando um outro da mesma espécie que enfrentava o primeiro… -aflorando em mim similar imagem de uma qualquer praça romana  guardada algures no meu subconsciente…
O animal aparentemente menos perspicaz, ou que pelo menos tal parecia, mas indiscutivelmente superior em força física, investiu contra o primeiro, que, como aparente defesa, usava uma simples capa de forma a ludibriar essa mesma ação...
Durante alguns momentos o segundo conseguiria os seus intentos, mas, a determinada altura seria colhido mortalmente por um dos cornos do primeiro...
Surgiu então um jorro de sangue e um colossal ‘ohhh!’ dos animais[3] que das bancadas assistiam...
Como consequência de tal desfecho o primeiro seria transportado para um matadouro e o segundo para uma dita morgue...
A vida acabara de fugir a ambos.
Normalmente na natureza, em confronto, também a vida foge, ainda que só a uma das espécies…
A espécie humana, ao contrário das demais, que naturalmente se enfrentam pela sobrevivência, a maior parte das vezes, fá-lo por divertimento, por aventura, por valores materiais, por poder… e (dizem alguns) por tradição!...
Imagens como estas despertam a consciência… incomodam profundamente qualquer ser minimamente sensível…
Imagens como estas fazem-nos questionar… fazem-nos reconsiderar sobre o real valor da “Vida”…
Valerá a pena perder vidas assim?

Ambos perderam a vida… perderam a tradição… perderem tudo!

Li algures, num artigo de um defensor de tal dita tradição, que “determinado tipo de animais, tinham que morrer com dignidade, numa praça, não num matadouro...” mas, realmente, em ambos os casos, não consigo entender a ‘dignidade da morte”... se pelo menos falasse em necessidade ou eventualmente em “dignidade da vida”...

Enfim, a tradição ainda continua a ser o que era!
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Autor: Carlos Silva
Data: 1996-08-22
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[1]Touro
[2]Humanos
[3]Racionais