Ouvi[1],
a propósito dos 75 anos da libertação de Auschwitz, que…
“Um homem não é homem sem visitar
Auschwitz…” que “não se compreende o Holocausto sem visitar Auschwitz…” e que
“só assim se pode compreender a Natureza humana e os seus lados mais sombrios…”[2]
Auschwitz não se compreende.
Auschwitz nunca se compreenderá.
Compreende-se o que cada um compreende
sobre Auschwitz.
Só quem, nessa altura, lá esteve,
Terá verdadeiramente compreendido,
Tendo ou não sobrevivido.
Ir lá,
Ver com os próprios olhos,
Ver aquele arrepiante local de morte e
extermínio…
Ver aquela “máquina de triturar ser
humanos…”[3]
Ajudará certamente a imaginar.
Ir lá,
Presenciar e pisar com os próprios pés,
Presenciar e sentir os destroços daquele
passado,
Presenciar e pensar os monstros daquele
pesadelo,
Ajudará certamente a imaginar.
Ir lá,
É precisamente, por enquanto, a minha
intenção.
Quero sentir toda aquela dimensão,
Quero imaginar aquele horrível massacre,
Quero pensar aquele ignóbil genocídio,
Quero confirmar toda esta medonha história
da humanidade.
Preciso realmente compreender melhor a natureza
humana.
Preciso realmente compreender a mente de alguns
humanos.
Preciso realmente compreender como e porquê,
ali, naquele local,
Seres humanos,
Matavam vinte mil seres humanos por dia?
Matavam vinte mil semelhantes por dia?
Sem que sequer um alarme
Surgisse na sua mente, demente...
Auschwitz foi “levado a cabo por homens
absolutamente comuns…”[4]
Auschwitz foi executado por “pessoa
educadas… bons pais de família”[5]
É verdade!
Mas “cegaram”.
Cegaram absolutamente.
Cegaram pelo racismo entranhado…
Cegaram pela obediência indiscutível…
Cegaram pela disciplina férrea…
Cegaram pela crença inabalável…
Cegaram e transformaram a natureza
humana,
Em natureza desumana.
“Não estamos livres que um dia tal se
repita…”
É verdade!
Não estamos livres que um dia tal se
repita!
Agora mesmo,
Neste momento presente,
Vemos seres humanos matar os seus semelhantes.
Por isso é preciso contar a toda a gente
o que ali aconteceu.
Por isso é preciso que toda a gente saiba
o que ali aconteceu,
Citando Saramago:
Auschwitz não está fechado, continua
aberto e as suas chaminés continuam a soltar o fumo do crime que todos os dias
se perpetra contra a humanidade mais débil. E posso assegurar-te que não quero
ser cúmplice, com o meu cómodo silêncio, de nenhuma fogueira."[6]
--- / ---
Autor:
Carlos Silva
Data: 2020-01-27
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.
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[1]
Observador
[2]
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[3]
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[4]
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[5]
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[6] José
Saramago, in "Conversaciones con Saramago", de Jorge Halperín
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