Oliveira
Salazar em Portugal…
Francisco
Franco em Espanha…
Ambos
os ditadores concentraram o poder absoluto durante praticamente quatro décadas
erguendo regimes totalitários, militaristas, ultranacionalistas e sobretudo
ultracatólicos.
“Deus,
Pátria e Família” eram os seus lemas!
Se
em Espanha a transição ocorreria em 1975 com a morte do caudilho…
Em
Portugal, a mudança, seria com a “Revolução dos Cravos, em abril 25 do mesmo
ano.
Na
altura da mudança associava-se o regime de Salazar à célebre trilogia dos “três
efes”:
“Fátima,
Futebol e Fado”!
Dizia-se
que eram os “efes” que uniam e alimentavam o pobre povo português… a religião
católica, o futebol, e sobretudo Amália, a grande figura do Estado Novo!
Seriam
sobretudo tempos de mudança…
De
democratização, de descolonização e de desenvolvimento!
Tivesse
eu (se na época vivesse) a ousadia de apelidar qualquer um destes regimes como
“machista”, “antifeminista” ou “homofóbico” e, no momento, estaria
terminantemente condenado ao fuzilamento (ou queima) em plena praça pública…
Tivesse
eu (se na época vivesse) a ousadia de proclamar ou publicar este meu “Delito de
opinião” e certamente ninguém hoje, agora, o estaria a ler! Seria imediatamente
riscado a “lápis azul” … o célebre lápis que expurgava implacavelmente todas as
áreas da sociedade.
Criticar
o Estado ou a Igreja… -qual liberdade de expressão! -mais do que crime, era
“pecado mortal” que violava a moral e os bons costumes!
A
história, a religião, os costumes, as crenças e as tradições eram ícones
intocáveis e inquestionáveis; precocemente incutidos e severamente impostos. A
igreja católica era o fiel zelador da sua aplicação e concretização. Refreava
praticamente todo o sistema educativo liberal ao mesmo tempo que exaltava os
valores nacionalistas.
No
Estado Novo, a mulher era subjugada a tarefas domésticas, a cuidar dos filhos e
normalmente subordinada ao marido a quem tinha que pedir autorização para
aceder ao ensino superior ou a qualquer profissão remunerada -tudo em nome da
tradicional família cristã. Não tinha direito a opinar e normalmente era
censurada se vestia de forma ousada ou diferente da padronizada. O seu
comportamento era considerado desviante em caso de adultério ou de vício
sexual, sendo consequentemente punida e marginalizada.
As
“autoridades religiosas” controlavam escrupulosamente a moral pública e sexual.
Reprimiam e perseguiam sobretudo os homossexuais. A sexualidade (ao contrário
do que recentemente o atual líder religioso proclamou), era vista como meio de
procriação… um pecado mortal se não praticada estritamente no âmbito familiar.
Muito
sangue, suor e lágrimas foram derramadas…
Repostos
finalmente os alicerces da democracia…
Soltas
finalmente as amarras da liberdade, da igualdade e da racionalidade…
Eis
que finalmente posso soltar este meu “Delito de opinião”!
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Autor:
Carlos Silva
Data: 2020-09-17
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.
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