2018-03-07

0066. Comunicar




Debruçado de corpo e alma
Assoma esta imensa calma
Assombra esta poética emoção
Que teima em soltar significação

Significa profundamente o meu olhar
Significa curiosamente o teu olhar
Significa esta ansiedade de partilhar
Significa esta ansiedade de comunicar


“C-o-m-u-n-i-c-a-r”

Significa apenas comunicar
Significa apenas soletrar
Significa apenas despertar
Significa Sol Terra e Mar

Significa este prazer que se vai soltando
Significa estas asas que vão voando
Nada nem ninguém pode retê-lo
Nada nem ninguém pode prendê-lo

É livre como o pensamento
É livre como o momento
Todos podemos senti-lo e pensá-lo
Todos podem vivê-lo e eternizá-lo

Assim alguém o possa interpretar
Assim alguém o possa assimilar
Assim alguém o possa comungar
Assim alguém o possa amar


*
Significa «Comunicar o ato de transmitir e receber pensamentos, emoções ou experiências, num canal e contexto específico, através de vários códigos que vinculem uma determinada mensagem e que sejam comuns aos intervenientes do processo.»

Nota:
Como terá surgido a Comunicação?
A comunicação terá surgido com o aparecimento da vida na terra...
É difícil, senão mesmo impossível, dizer como...
Na verdade, todas as espécies animais e vegetais comunicam entre si através de sons, gestos, movimentos...
Resulta essencialmente desta constante necessidade de exprimir o que sentimos e pensamos, o que vai dentro de nós!


Eis o que procuro fazer agora mesmo!
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Autor: Carlos Silva
Data: 1998-01-08
Referência: Carlos Silva
Etiquetas: Prosa, Agora, Comunicar
Imagem: Internet
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2018-03-06

0065. Vida







“A vida é um estado terminal... não somos mais do que seres vivos, biodegradáveis e sexualmente transmissíveis” -por momentos, perdi-me no seu seio...
Vi-a em mim…
Revi-a em mim…
Revi-a na minha imperfeição…
Revi-a na minha humanidade…
Discuti-a interiormente na sua fatalidade…
Por momentos recusei-me pensá-la…
Por momentos quis Não-Ser…
Por momentos quis Não-Sentir…
Voltava implacavelmente a assomar-se à minha consciência…
Voltava implacavelmente, na sua mais violenta objetividade materialista a impor-me o seu estado terminal…
Sem-Vida… Sem-Deuses, Sem-Sobrenaturais… sem… Nada!

Vida…
Sinto Tudo terminar em mim.

Vida…
Sinto Tudo começar em mim…
Sinto que amanhã amanhecerá…
Sinto que amanhã o Sol brilhará…
Sinto que Tudo continuará…

Só ulteriormente surgiu esta paz...
Só ulteriormente voltei a mim, completamente nu…
Um efémero e harmonioso eco por entre esta ligeira brisa de vida...
Sinto-me satisfeito com a mágoa de desconhecer…

Sinto-me satisfeito por Agora Viver!
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Autor: Carlos Silva
Data: 1997-10-14
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2018-03-05

0064. Anna Muzychuk







Não sou grande adepto de Xadrez…
Mas hoje uma notícia sobre os Campeonatos do mundo de Xadrez que decorrem em Riade, na Arábia saudita despertou a minha atenção e não precisamente pela modalidade em si.
A atual campeã do mundo Anna Muzychuk recusou-se a participar!
Segundo palavras suas…
“Estou empenhada em defender os meus princípios…”; “Decidi jogar de acordo com as minha regras: recuso-me a usar abaya[1] e a não poder sair à rua sem ser acompanhada por um homem. Em suma recuso que me façam sentir um ser inferior…”

Ainda que no ano anterior tenha jogado no Catar, agora não se deixa tentar sequer pelo prémio monetário, quatro vezes superior aos valores praticados.
A organização, que terá pago mais de 1,5 milhões de dólares para organizar o torneio, nega ser obrigatório o uso de véus, permitindo que as mulheres vistam calças azuis escuras e camisas de gola alta…

Como é possível que no século XXI ainda perdurem tradições milenares absolutamente arcaicas que descriminam o ser humano… mulher?
Como é possível ainda haver nas atuais civilizações formas de descriminação política, racial, social e sobretudo sexual?
Tal agita a minha consciência… como pode alguém ficar indiferente ou calado?
Não se trata apenas de recusar a usar uma simples peça de vestuário ou da liberdade de passear sozinha pela rua!...
Trata-se da igualdade de seres humanos… neste caso de género!
E os valores da Anna são os valores de todos os seres humanos!
Ou pelo menos de alguns!

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Autor: Carlos Silva
Data: 2017-12-17
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[1] Género de túnica comprida que completa a indumentária árabe feminina




2018-03-04

0063. Ghouta - Síria





É revoltante o que se vê em Ghouta!
Negociações?!... para parar um genocídio!
Membros do Conselho de segurança aprovam “unanimemente” um cessar fogo… que não conseguem cessar!
O secretário secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apela ao fim de "todas as atividades de guerra"… e, entretanto, a guerra continua!
O Papa apela ao “fim dos ataques” e diz que situação em Ghouta é "desumana"…  e, entretanto, a guerra continua!
Wael Olwan, porta-voz de uma das fações rebeldes, diz que cumpre as tréguas decretadas… mas continua a fazer a guerra em nome do direito à autodefesa!
Bashal Ja’afari, embaixador sírio junto das Nações Unidas diz que “estão a combater o terrorismo no seu território e tem o direito de responder conforme julgar apropriado, em caso de ataques de grupos terroristas em qualquer parte da Síria” … e continua os bombardeamentos!... garantindo que não está a bombardear locais com civis… e que os “rebeldes” usam a população como “escudos humanos”.
E enquanto se arrastam as negociações e os apelos as bombas continuam a cair sobre Ghouta provocando morte e destruição!
Já depois desta votação em Nova Iorque...  voltaram a haver mais bombardeamentos e a comunicação social fala que nos últimos 7 dias morreram mais de 500 pessoas…
Não há culpados de tal genocídio em pleno século XXI?
Tenham vergonha!

Muita vergonha!
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Autor: Carlos Silva
Data: 2018-02-27
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2018-03-03

0062. Dá que pensar






Vi na comunicação social que…

“Ontem à meia-noite foi um dia histórico na Arábia Saudita… porque as mulheres conduziram um veículo pela primeira vez…”

É verdade!

Antes estavam proibidas!

Dá que pensar!

Como é possível no século XXI?!

Como é que em pleno século XXI, um ser humano do sexo feminino, para conduzir uma máquina (neste caso uma viatura… a sua viatura) não basta apenas saber conduzir e conhecer as regras de circulação, mas ter que ser autorizado por outro ser humano… neste caso um rei - homem, é claro!

Como é que em pleno século XXI ainda existem “estados” que se regem por leis (neste caso muçulmana: Sharia) que proíbem um ser humano de conduzir a sua viatura, só porque, a natureza aleatoriamente lhe conferiu o género feminino e uns ditos moralistas ultraconservadores, profetas, não sendo médicos, discordam, afirmando que conduzir pode ferir os ovários?

É simplesmente surrealista, mas está a acontecer…

Está a acontecer hoje… na realidade!

Como é que em pleno século XXI ainda existem “estados” que se regem por leis que proíbem uma mulher de andar sozinha na rua sem o seu “guardião” masculino que tem que ser o marido, o pai ou o irmão… que considera que a educação de uma mulher não é necessária… que deve ficar em casa… e que na escola ou no restaurante os homens se devem separar das mulheres?

Como é que em pleno século XXI ainda existem “estados” que obrigam as mulheres a cobrir o corpo… (deixando apenas ver o rosto, os olhos, as mãos e pés…) com “vestes longas”, pretas… folgadas e opacas para não mostrarem as linhas do corpo?!… Onde a palavra de uma mulher não é tão valiosa como a do homem… as sentenças podem não se basear na lei, mas em tradições tribais… proíbe de falar em seu nome à polícia, ou queixar-se do seu próprio agressor?

Como é que em pleno século XXI ainda existem “estados” que se regem por leis onde as meninas, menores são obrigadas a casar … tão cedo que aos 12 anos tem de pedir ajuda para se divorciar de um marido de 80 anos com quem por determinação dos pais casara?

Dá igualmente que pensar que a maior parte destas mulheres aceite e não pretenda mudar tal situação… aliás, até mesmo no ocidente, há pouco, alguém dizia que “o lugar da mulher é em casa” e que é “normal o marido bater-lhe se esta se portar mal…”

Na verdade, mais do que pensar…

Importa compreender…

Importa ajudar a despertar…

Ainda estamos muito longe do respeito dos direitos fundamentais de todos os seres humanos, nomeadamente no que se refere ao género.


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Autor: Carlos Silva
Data: 2018-06-24
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2018-03-02

0061. Sonhador







Bom dia!
Chamo-me ‘Sonhador’...
Sou um desses Sonhadores-estudantes que o sistema educacional elegeu para Letras...
Na verdade, não cheguei para estudar -o meu tempo de estudo já passou!… vim para sonhar[1]… vim para sentir... vim para pensar… e (des)escrever tais prazeres!
Agora mesmo estou nas nuvens e vim apenas para Sonhar palavras como estas... em momentos como este Agora...
Ah… já tenho quase tudo o que sonhei... na realidade!
E só me falta sonhar o que ainda não vivi!

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Autor: Carlos Silva
Data: 1998-12-02
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[1] Ler (prazer na leitura), divertir-me...