Vivo sem medo…
Escrevo sem medo…
Liberdade plena.
Experimento uma vasta plenitude intelectual…
uma vasta sensação de liberdade e de espaço...
Por vezes um qualquer som exterior
irrompe, mas passa como o vento no deserto, não despertando em mim mais do que
uma banal indiferença...
É este Silêncio que me absorve e me
perturba…
É esta Liberdade que me abre as portas
da imensurabilidade… da meditação plena…
O ponteiro do tempo continua a sua
imparável correria e não adianta quebrá-lo ou retê-lo na palavra porque foge…
foge como o vento. Se estivesse no campo ou na praia, com certeza que o
sentiria tocar-me -e tão-somente tal, já que possivelmente não o pensaria, como
agora o faço, mergulhado nestas quatro paredes de um quarto[1]...
de tempo!
Um quarto de hora de liberdade… de
silêncio… e tão-somente restam alguns insignificantes ruídos de pensamento já
irremediavelmente ofuscados no passado. Da sua essência resta esta letra...
Mas eis que nesta efémera e momentânea frequência
emerge a suprema sensação:
A consciência plena do Ser-Algo. A
satisfação plena do neste preciso momento ser Eu.
Emoção plena.
*
Regresso à realidade ainda algo embebido
no que realmente sinto...
Por vezes nem o que sinto, ou pelo
menos penso, sei... algo sinto quando me belisco, como agora o faço... -a dor física
é prova disso!
Sinto a liberdade desta admirável luta
intelectual no mais íntimo do meu Ser... poderia neste momento abandonar-me e
esquecer-me do tempo no seio do meu universo de amizades, ou tão-somente
esvoaçar pelo mundo como uma andorinha que livremente rompe o céu... -como
seria fácil!... mas não consigo... não posso!
Gosto de sentir-me assim!
Gosto desta Liberdade suprema!
Gosto de Pensar-me!
Gosto de Acariciar-me!
Gosto de aproximar-me da Possível-Verdade!
Gosto de aproximar-me da
Possível-Realidade!
(ainda que tão levianamente o faça)
Não sei até que ponto a irei abarcar…
Mas que importa…
Bastar-me-á esta voluptuosa satisfação
de continuamente tentar… esta persistente liberdade de sentir… pensar... amar…
Bastar-me-á esta liberdade deste desmedido
desassossego.
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Autor:
Carlos Silva
Data: 1995-07-25
Imagem: Internet
Obs: Sensação de
liberdade…
Direitos reservados.
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