quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

0046. Dor-de-nada






Que fazer com esta pequena dor-de-nada[1]?
Que fazer com esta ténue ferida mental de quase-nada?
Que fazer com esta momentânea dor de quase-nada que perdura enquanto conscientemente retida?
Dar forma literal a uma pequena dor-de-nada, que nem ‘dor’[2] chega a ser…
É como dar corpo a uma qualquer vida… a uma qualquer gota de água…
É como gerar uma qualquer Barca de Noé ou lutar com um qualquer gigante ‘Adamastor’…
É como aventurar-se num qualquer universo mental em que invariavelmente se acaba por ficar perdido...
É como acariciar os sentidos, sem saber o que verdadeiramente se sente…

Esta suposta e relativa imagem dessa leve sensação de dor-de-nada… “creio nela como num malmequer” … não porque a tenha visto… mas simplesmente porque realmente a tenha sentido…

*

Suave dor-de-quase-nada neste longo e árduo caminho metafísico, ainda que no fim só fiquem dolorosas e desordenadas palavras ao sabor do pensamento…
Importa perpetuar a racionalidade… e não apenas dores-de-nadas… que no final nada serão!
Pensamentos!
Pensamentos de dor-de-nada[3]!...
De tal forma me sinto bem que chego mesmo a alcançar alguns momentos de quase-plenitude, inimagináveis na exterioridade...
--- / ---
Autor: Carlos Silva
Data: 1996-02-05
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados
--- / ---




[1]Dor mental
[2]Dor física
[3]Pensamentos de outrem (leitor)


 

Sem comentários:

Enviar um comentário