Autor: Carlos Silva
Data: 2020-03-21
Imagem: DN
Obs:
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Falava
a propósito do elevado índice de abstenção das eleições do passado domingo…
que, segundo o mesmo, “denota um défice democrático” … e que “a democracia tem
que ser construída com o contributo de todos, perante as ameaças que chegam
diariamente, através de ondas de choque populistas”.
Confesso
que o seu apelo me conduziu às palavras que aqui deixo que não são mais do que
uma mera opinião de um cidadão “exigente e ativo”.
Por
conseguinte:
Primeiro,
A
igreja católica (“religião”) continua a não se abster de se imiscuir no poder
político;
O
que é que a igreja católica (“religião”), sem retirar o legítimo direito de
opinião pessoal, tem a ver com política?
Como
alguém antes já disse: “À política o que é da política… à “religião” o que é da
“religião…”
Segundo,
Se
a classe política não tem “classe”, quem, afinal, tem realmente classe?
A
avaliar pelas palavras, pela pose e sobretudo pela imagem de fundo… será a
igreja católica (“religião”)?
Terceiro,
“Notas
para a imprensa”, “entrevistas nas rádios e nas televisões”, “comentários a
eleições democráticas”, “críticas à classe política…”, “ameaças de populismo…”
Não
serão formas de populismo?
Não
serão formas de procura de protagonismo?
Ou
simplesmente formas de publicidade para o evento religioso de Fátima?
Quarto,
Olhando
para a “classe política”, tendo em conta o que até agora pude constatar, não vi
nem ouvi a mínima reação de indignação…
Parece
que ninguém da classe se sentiu indignado com a “falta de classe”.
Muito
menos o senhor presidente, também ele fiel devoto da causa, a avaliar pela
maioria da imprensa, um “populista” ao mais alto nível.
Quinto,
Não
querendo ser defensor da denominada “classe política”, que eventualmente poderá
ter “falta de classe” por muito prometer e pouco realizar… por pouco prevenir e
punir relativamente à corrupção… e de tal advir, suponho, a elevada taxa de abstenção…
No
entanto, há que realçar: trabalham com leis, com pessoas… gerem o país… gerem
dinheiros dos contribuintes… e tal são factos absolutamente objetivos!
Sexto,
A
igreja católica (“religião”), além de isenta de impostos, vive do dinheiro dos
contribuintes… do dinheiro dos seus seguidores… do dinheiro da exploração
exaustiva de uma imagem fictícia…
A
igreja católica (“religião”), neste caso de Fátima, trabalha com milagres… com
o “Centenário das Aparições” …
Sétimo,
Emparelhada
nesta mesma importantíssima notícia, vinha outra, não menos importante, largamente
publicitada na comunicação social…
“Começa
hoje a Peregrinação internacional no Santuário de Fátima, numa celebração
presidida pelo arcebispo de Seul, o cardeal Andrew Yeom Soo-Jung.”
Numa
nota de imprensa enviada no início do mês, o Santuário de Fátima lembrava
que… “no ano do Centenário das
Aparições, uma das imagens da Virgem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima
esteve na Coreia do Sul, entre 22 de agosto e 13 de outubro, tendo percorrido
14 dioceses, numa visita sem precedentes".
Oitavo,
A
forma como as palavras deste e de outros pontífices são amplamente realçadas e
divulgadas em toda a comunicação social;
A
forma como este e outros eventos ditos religiosos são amplamente realçados e
divulgados em toda a comunicação social;
Será
realmente a “prestação de um serviço público”, ou o seu contrário?
Não
será esta a mais temerária forma de populismo?
Ou
será simplesmente falta de racionalidade humana (inteligência)?
Último,
Alguém
disse que “um homem sem deus não é nada…”
Eu
sou alguém… pelo menos enquanto por aqui estiver!
Não
estaria aqui a dar a minha opinião de cidadão livre… “exigente e ativo”, com
sentido crítico, que não acredita no pai natal e muito menos em absurdas
divindades!
Afinal,
Deus
sem o homem, sim não será nada!
Ou
como disse o ser humano Saramago:
“deus
não precisa do homem para ser nada, exceto para ser deus”.
https://www.jn.pt/artes/santuario-de-fatima-e-uma-mafia-poderosa-4821757.html
Não li o livro “Fátima S.A.” do Padre Mário Oliveira, mas sim, por
curiosidade, uma entrevista que deu ao Jornal de Notícias em outubro de 2015…
Perguntei-me o que é que levaria um padre a criticar
impiedosamente a igreja católica (em particular, “Fátima”) formulando opiniões
que mais parecem críticas do mais fervoroso dos ateus…
Disse, o Padre Mário Oliveira, que “Fátima é uma aldrabice!”
Muita gente atualmente já terá chegado a essa evidente conclusão… ainda
que fisicamente seja impossível lá ter estado (como é o meu caso) pelo que lê e
investiga pessoalmente…
Factos e informação fidedigna sobre esta verdadeira farsa é o que
não falta…
É preciso é procurar… é claro!
Basta lermos a impressa da época…
Basta ler os comentários das personagens principais da história da
altura (crentes e não crentes) … dos atores secundários e principais (os
“pastorinhos”)...
Basta situarmo-nos no local do “milagre” na dita Cova da Iria, na
altura… contextualizar… e pensar um pouco!…
Para tal, também é preciso fazer com que quem crê… (e quem não
crê) leia a informação…
Por exemplo, entre inúmeros factos, consta nessas informações o
seguinte:
“A Virgem falou sem mexer os lábios, sem modificar a expressão do
rosto, sem fazer o mínimo gesto”;
A Virgem media um metro e dez centímetros de altura…”;
Lúcia, disse que a “Virgem” lhe dissera: “O meu lugar é o do céu”;
Lúcia, disse que a “Virgem” tinha “argolas de oiro nas orelhas…”;
Lúcia disse ao cónego Nunes Formigão que “não via a Senhora em
nenhuma parte… e depois ao Padre Ferreira Lacerda que a Virgem aparecia vindo
do lado Nascente”;
Lúcia, foi incapaz de reproduzir posteriormente algumas frases
curtas por ela atribuídas à Virgem… depois quando mulher, as “longas falas do
anjo e da Virgem”, continham numerosas palavras cujo significado ela própria
ignorava completamente;
O Sr. Oliveira Santos, (administrador do concelho que, em agosto
de 1917, interrogou Lúcia, Jacinto e Francisco) contou que o Sr. António
Santos, (o “Abóbora”, pai de Lúcia) na altura se referiu à filha, nos seguintes
termos:
“O Sr. administrador não acredite na minha filha, que ela é uma
intrujona!”.
Além da maior aldrabice que a humanidade já conheceu e conhece… a
religião…
(só não a enxerga quem não a consegue ver)
Agora em Portugal, como se também não bastasse, também temos… “A
aldrabice de Fátima” - e não há outra forma de lhe chamar, porque “aldrabice” é
mesmo o adjetivo mais adequado.
Tal como o todo-poderoso “Ser Celestial”, também a dita “Senhora
de Fátima”, ameaçou os desgraçados seres humanos, com alguns “castigos” … no
mínimo, perversos…
Ver tanta gente a sofrer, agita-me a consciência…
Quem são realmente os culpados?!
Transcrevo excertos de uma entrevista ao Padre Mário de Oliveira
(talvez aqui se obtenha alguma resposta… tal como ele a obteve):
Como se explica que, perante as denúncias feitas, os donativos ao
Santuário continuem a bater recordes?
“(…) As populações, milenarmente subjugadas, humilhadas,
desamparadas, são criminosamente levadas a pensar-acreditar que, por si
próprias, não podem fazer nada e que o alívio para os seus quotidianos de dores
só pode vir de fora delas. As populações deixam-se arrastar para aqueles locais
e aquelas instituições que lhes são criminosamente apresentados como
libertadores. O desastre humano é total. Se repetido, ano após ano, geração
após geração, o estado de degradação e desamparo agrava-se e as populações
acabam por morrer no seu inferno de dores.”
Mesmo perante as provas mais irrefutáveis, julga que a atitude dos
crentes face às aparições não se alteraria?
“Enquanto não desaparecerem as causas que produzem multidões e
multidões de vítimas, de desempregados, de escravizados, de migrantes-refugiados,
de assalariados, de analfabetos políticos, culturais, artísticos, as provas
mais irrefutáveis apenas servem para radicalizar ainda mais os fanatismos
religiosos, fruto de ancestrais e inconscientes medos que elas trazem nos
genes, como outros tantos demónios mudos, que lhes roubam continuadamente a voz
e a vez. A própria Ciência, se não é humilde e intrinsecamente cordial, acaba
por se tornar perversa. Agride ainda mais as multidões condenadas pelo sistema
de poder a terem de viver em labirintos sem saída.”
Acredita que, desta vez, foi muito mais longe na desmistificação
das aparições?
“É, agora, sobejamente claro que Fátima e a sua senhora não têm
nada a ver com Maria, a mãe de Jesus. Que tudo aquilo é negócio, pura
idolatria. (…)”
Mesmo para um cético, como é o seu caso, não acha que Fátima
desempenha um papel fulcral na sociedade portuguesa?
“Quem o não reconhece? A questão que nos havemos de colocar é o
tipo de "papel fulcral na sociedade portuguesa" que Fátima
representa. E aqui tenho de dizer, sem que a voz me trema, que no que respeita
à igreja católica romana, Fátima é a vergonha das vergonhas. E se a fé católica
romana é assim tão rasca, como a dos fatimistas,
então, é muito mais digno ser-se agnóstico ou ateu. Já no que respeita ao
turismo religioso, propriamente dito, é óbvio que, sem Fátima, as empresas que
têm o mau gosto de se lhe dedicarem, sofrerão um rombo sem igual, se Fátima
vier a cair em descrédito. Mas, também aqui, é bom sublinhar que se o turismo
religioso é tão rasca como o que Fátima proporciona, os turistas só terão a
ganhar, se passarem a viajar para o ar puro das montanhas, onde o veneno do
Mercado ainda não chegou, e para a simplicidade das aldeias do interior. Este
tipo de turismo alternativo ao religioso faz muito melhor à saúde e sai muito
mais barato. Mas não sou ingénuo. Sei perfeitamente que o Mercado financeiro
jamais vai por aí, tão pouco está interessado em que as populações vão por aí.
De modo algum, quer populações com saúde e bem-estar, alegres e em relação umas
com as outras. É por isso que, para as agências de turismo religioso do Mercado
financeiro, Fátima é o local ideal para manter populações deprimidas, tristes,
alienadas, humilhadas, autoflageladas, geração após geração. O que não deixa de
constituir um crime de lesa-humanidade que polícia alguma do mundo investiga,
tão pouco, desaconselha. Até estimula e protege.
Sem Fátima, a orfandade ou o desamparo espiritual não seriam ainda
maiores?
“Pelo contrário. Tudo em Fátima é altamente deprimente. Orfandade.
Desamparo espiritual. Só gente deprimida, órfã, desamparada espiritualmente, é
capaz de dizer que se sente lá bem. (…)
Fátima é a negação de todos
estes valores humanos. Em Fátima, o sofrimento é rei. A depressão é regra. O
viver de joelhos é o objetivo último. Uma vergonha, uma degradação humana a céu
aberto.”
Após este livro sente que pouco mais ficou por dizer sobre Fátima?
“As "aparições" só têm servido para ludibriar as
populações mais desamparadas. São erradamente levadas a pensar que a solução
para os seus graves e dolorosos problemas se resolvem com peregrinações a pé ou
de carro para lá. Fátima não faz parte da fé católica, pelo que nenhum católico
deixa de o ser, por não acreditar em Fátima. (…)”
https://observador.pt/especiais/fatima-100-anos-de-uma-historia-mal-contada/
Não pretendo
mudar nada nem ninguém!
Não pretendo
trocar argumentos com ninguém!
Não pretendo,
sobretudo, trocar argumentos com quem o argumento “deus” é uma hipótese
colocada como conclusão.
Seria perder
tempo!
Quem tem fé…
que tenha fé!…
Quem não tem
fé… que não tenha fé!
Cada um que
pense e diga o que entender!
Esta é uma
das grandes conquistas do nosso 25 de Abril!
Liberdade de
expressão!
Podendo eu,
então, expressar LIVREMENTE o que penso, sem que tal implique ser fisicamente
queimado em praça pública…
Eis a minha
simples e modesta opinião que vale o que vale… (o mesmo que outras!) sobre o 13
de maio e as comemorações que mais uma vez hoje ocorreram em Fátima.
Sei que
ultimamente o adjetivo tem andado muito na moda na nossa Assembleia da
República, mas não será por isso que neste momento é precisamente o que penso e
sinto:
VERGONHA!
Sem ofensa
para o Sr. Presidente da República… também para o Sr. Presidente da Assembleia
da República… é claro!
O que hoje vi
ao mudar os canais de televisão, foi…
UMA AUTÊNTICA
VERGONHA!
Como é
possível em Portugal, em pleno Século XXI, praticamente todas as televisões…
(inclusivamente, a estatal para a qual sou obrigado a pagar uma taxa!)
transmitirem em direto uma cerimónia de um culto religioso (desta vez sem
público a assistir… por causa da pandemia) que é um autêntico hino à cegueira
humana!
O fenómeno já
está de tal forma enraizado… que já teve direito a filme ao bom estilo
português… e a dita “imprensa livre portuguesa” em nome das audiências e da
ganância económica presta-se a divulgar (o que já não se pode sequer questionar
ou discutir na praça pública por ser ofensivo) este tipo de espetáculo
absolutamente falacioso, que mais do que violar os princípios do estado laico e
democrático, viola essencialmente a inteligência de qualquer ser humano que
minimamente se digne a observar atentamente a realidade e a raciocinar um pouco
mais…
Passa pela
cabeça de alguém minimamente consciente que três crianças entre os sete e os
dez anos (pastorinhos) visionaram aparições de uma dita “Nossa Senhora do
Rosário de Fátima”, na Cova da Iria em Fátima... e o fenómeno viria a
repetir-se durante seis meses?
“MILAGRE!”
Referiram
alguns dos presentes que numa destas ditas aparições, estavam aos milhares e
constatarem o dito fenómeno… ainda que, jornalistas que também presenciaram
tenham afirmado que “nada viram” … e alguns outros referirem que se tratava
apenas de um fenómeno meteorológico…
O que me
oferece dizer sobre mais este “milagre” é que…
Não existe
uma única prova científica de qualquer milagre!
Não existe
uma única prova científica da existência de qualquer divindade!
Não existe
uma única prova científica de que alguma pessoa tenha sido curada duma doença
por obra de uma divindade!
Tudo o que
tem sido imputado a divindades, não tem uma única resposta coerente e
constatável!
E…
normalmente o que ainda não é do conhecimento científico é obra de uma
divindade!
Na altura do
dito “milagre”, Portugal era um país muito pobre, com uma população
vincadamente analfabeta e católica… que vivia sobretudo do campo. A Monarquia
tinha acabado de dar lugar à República que já permitia alguma liberdade de
pensamento… o que vinha, de certa forma, colidir com alguns dogmas e sobretudo
com o enorme poder que a igreja ainda tinha em Portugal…
Se hoje, o
seu filho de 7 anos ao chegar a casa lhe dissesse que depois de ter ido passear
pelo campo vira uma “virgem no cimo de uma azinheira”, o que é que lhe
respondia?!
Por favor…
Pelo menos
sejam rigorosos…
A igreja
católica corrigiu recentemente “Fátima” … de “aparição” passou para “visão” …
O termo
“visão” dará azo a uma infinidade de interpretações…
De certa
forma permitirá satisfazer crentes e não crentes… os crentes “viram” e
continuam a viver a sua fé… os descrentes “não viram” e continuam a referir que
foi apenas uma “visão…
Mas os média…
Não me falem
em “APARIÇÕES DE FÁTIMA”!
No mínimo
escrevam “ALEGADAS APARIÇÕES DE FÁTIMA”!
É UMA
VERGONHA!