Para justificar
algumas passagens mais violentas ou completamente absurdas da Bíblia, dizem
alguns “teólogos” que “não a devemos interpretar linearmente”.
Ora, se “deus é
amor”, é óbvio que teremos que a interpretar linearmente, ou pelo menos, de
forma completamente literal.
No entanto, se
“deus caminha sobre as águas”, já não a poderemos interpretar linearmente pois correríamos
o risco de algum fiel imaginar que o dito se teria afogado. Teríamos de o fazer
“de acordo com o contexto da época”, ainda que violando regras da física e neurónios
de qualquer mente minimamente racional.
O mais difícil será
se “deus mata”, ou se ordena que alguém “mate o seu filho”. Neste caso torna-se
linearmente difícil explicar pois o ato/ordem implica uma justificação muito
mais complexa e metafórica; daquelas completamente absurdas que deixam qualquer
fiel de boca aberta e olhar enigmático… e qualquer pai imbuído pelo dilema de Abraão:
“Que diabo de deus é este que proclama “não matarás” e simultaneamente ordena o
sacrifício do meu filho?”
O principal
problema destes fiéis leitores da Bíblia, no entanto, não é o facto de a fé eventualmente
suprimir ou afetar o seu raciocínio ao ponto de desvalorizar a vida do próprio
filho e aceitar o sacrifício como um ato legítimo de obediência à vontade de
uma suposta entidade divina…
O principal problema
é a forma como interpretam o que leem… -de acordo com a sua fé, ou da forma como
foram doutrinados. Revelam graves carência de análise textual, sobretudo a
nível semântico e sintático. Trata-se de analfabetismo funcional, de iletrismo;
ou por outras palavras, não sabem escrever e revelam uma confrangedora
incapacidade de perceber e interpretar o que leem.
Se a esta
iliteracia juntarmos alguma incapacidade racional, podemos perfeitamente depreender
porque acreditam cegamente no que lá está escrito; e, porque não, também concluir:
a justificação da sua crença.
Autor: Carlos Silva
Data: 2023-05-22
Imagem: Internet
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