2018-02-25

0056. Diz-me mulher








Diz-me mulher

 

Filha

Mãe

Avó

Esposa

Amiga

Companheira

 

Diz-me mulher

 

Como podes permitir que

Um homem

Te roube o direito à vida

Te roube o direito à liberdade

Te roube a autonomia de pensar

Te torture e imponha maus tratos

Te viole física e moralmente até ao íntimo do ser

Te imponha o direito de escolher

Te negue o direito à informação e educação

Te impeça de votar e participar neste progresso

Te humilhe simplesmente por seres mulher

 

Diz-me mulher

 

Como podes permitir que

Um livro

Exclusivamente escrito por homens e para homens

Exclusivamente baseado no domínio dos homens sobre as mulheres

Absolutamente machista absurdo e obsoleto

Te peça que sejas submissa ao marido

Te faça objeto propriedade e mercadoria

Te cubra o corpo e a mente

Te estupre e atire pedras até à morte

Te cegue e crucifique por perderes a virgindade

Te queime pelo adúltero delito de amares alguém

Um livro escrito com sangue suor e lágrimas

Que de ti faz demónio do bem e anjo do mal

Que te rouba a vida e tudo o que é natural

 

Diz-me mulher

 

Como te pudeste deixar seduzir

Por tão encantadora serpente

Como pudeste ter ingerido tão pecaminoso fruto

De tal proibida árvore

Como pudeste ter nascido

De tal dita virgem maria

Sem amar verdadeiramente

 

Diz-me mulher

 

Tu que dás e concedes esta vida

Tu que dás alento e alimento

Tu que dás este canto e encanto

Tu que dás esta inspiração e admiração

Tu que dás este sentimento e sensualidade

Tu que tudo dás na realidade

Peço que neste preciso momento

Soltes o cabelo ao vento

Soltes a voz com todo o alento

Quero ouvir o teu grito até ao mundo dar volta

Quero ouvir o teu grito de volta e de revolta

 

BASTA

 

Não

Não fiques aí parada

Solta e desvenda a verdadeira beleza do teu rosto

Solta e descobre o verdadeiro encanto do teu sorriso

Solta e manifesta todas as razões do teu coração

Tu és legitimamente a única dona do teu corpo

Tu és autenticamente a única dona do teu ser

 

Desperta mulher

 

Desperta o corpo da tua admirável mente

E ama verdadeiramente

Ama plenamente a liberdade

Ama perdidamente aquele homem

Que simplesmente te quer

 

MULHER



Autor: Carlos Silva
Data: 2019-05-26
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.



2018-02-24

0055. Guerra





Despertei contemplando o Presente-humano, e inacreditavelmente deparo-me com aviões[1] a lançarem mísseis sobre uma determinada zona do planeta a que denominam “alvos”[2]
Já há uns dias atrás acordara com uma dita “experiência atómica” ...

E pergunto-me…
Pergunto-me como tantos outros se perguntam…
Como é possível?

Têm estas criaturas consciência do que estão a fazer?

Não!
Definitivamente não!

Revolta-me profundamente a inconsciência destas criaturas!

Incomoda-me visceralmente ver seres humanos serem mortos pelos semelhantes!

Incomoda-me toda esta minha impotência por nada poder fazer perante mais esta monstruosa loucura humana!

É preciso parar esta espécie de gente!...

É preciso dizer a estas criaturas que…

“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos…”
“Todas os seres têm direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal…”

Ninguém têm o direito de roubar a vida a ninguém!


*

Não gostaria, neste meu ciclo, de criar um qualquer Guernica literal para representar imagens da realidade que agora mesmo observo…
Não gostaria neste meu ciclo de reviver mais uma guerra santa… ou mais uma tragédia bíblica de natureza humana...

Só quero que a humanidade desperte…
Só quero sensatez, equilíbrio e consciência…

Quem de direito que crie um código universal de conduta que alargue os horizontes destes senhores que continuam a fazer a guerra em nome de patriotismos… de poder… por dinheiro… paradoxalmente em nome da própria PAZ
Quem de direito que diga a estes senhores que o bem-estar o progresso e a evolução humana só são possíveis em paz...

Quero paz!


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Autor: Carlos Silva
Data: 1996-08-22
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.
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[1]Americanos
[2]Iraque

2018-02-23

0054. Desenhar




Adoro desenhar-me…
Adoro transportar-me...
Adoro interferir com estas imagens internas e externas da minha viagem mental mesmo desconhecendo as imperfeições com que as delimito…
Que importa a linha se é o sentimento do momento, o arquitetar do sonho que me move e que as sustenta!...
Que me importa o resultado se não as quero pintar como um qualquer Guérnica literal suscetível de arrebatar horror ou beleza… uma qualquer tela visual como esta!
Decerto poucos se importarão com o que sinto…
Mas…
Se sentirem como eu sinto…
Se sentirem algo parecido com o que eu sinto...
Se interferirem como eu interfiro…
Se desenharem como eu desenho…

Algo criaremos!

Tal significa que poderemos tornar[1] este mundo um pouco melhor!
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Autor: Carlos Silva
Data: 1996-08-22
Imagem: Carlos Silva
Obs:
Direitos reservados.
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[1]Mudar

2018-02-22

0053. Tradição





Vi, há alguns dias atrás, pelo pequeno ecrã, um animal[1] furtado à sua natureza e enclausurado numa qualquer praça redonda...
À sua volta outros animais[2], por tradição, bradavam, incitando um outro da mesma espécie que enfrentava o primeiro… -aflorando em mim similar imagem de uma qualquer praça romana  guardada algures no meu subconsciente…
O animal aparentemente menos perspicaz, ou que pelo menos tal parecia, mas indiscutivelmente superior em força física, investiu contra o primeiro, que, como aparente defesa, usava uma simples capa de forma a ludibriar essa mesma ação...
Durante alguns momentos o segundo conseguiria os seus intentos, mas, a determinada altura seria colhido mortalmente por um dos cornos do primeiro...
Surgiu então um jorro de sangue e um colossal ‘ohhh!’ dos animais[3] que das bancadas assistiam...
Como consequência de tal desfecho o primeiro seria transportado para um matadouro e o segundo para uma dita morgue...
A vida acabara de fugir a ambos.
Normalmente na natureza, em confronto, também a vida foge, ainda que só a uma das espécies…
A espécie humana, ao contrário das demais, que naturalmente se enfrentam pela sobrevivência, a maior parte das vezes, fá-lo por divertimento, por aventura, por valores materiais, por poder… e (dizem alguns) por tradição!...
Imagens como estas despertam a consciência… incomodam profundamente qualquer ser minimamente sensível…
Imagens como estas fazem-nos questionar… fazem-nos reconsiderar sobre o real valor da “Vida”…
Valerá a pena perder vidas assim?

Ambos perderam a vida… perderam a tradição… perderem tudo!

Li algures, num artigo de um defensor de tal dita tradição, que “determinado tipo de animais, tinham que morrer com dignidade, numa praça, não num matadouro...” mas, realmente, em ambos os casos, não consigo entender a ‘dignidade da morte”... se pelo menos falasse em necessidade ou eventualmente em “dignidade da vida”...

Enfim, a tradição ainda continua a ser o que era!
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Autor: Carlos Silva
Data: 1996-08-22
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.
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[1]Touro
[2]Humanos
[3]Racionais




2018-02-21

0052. Acreditar






Acredito plenamente na Verdade e na Liberdade
Acredito plenamente no que Sinto e Pressinto
Acredito plenamente no Início e Fim da Personalidade
Acredito em tudo o que Vejo e Observo na Realidade

Acredito plenamente no Poeta e na Literatura
Acredito plenamente no que Sonho e Componho
Acredito plenamente no Agora e nesta efémera Eternidade
Acredito em tudo o que Vivo e Revivo na Realidade

Acredito plenamente nesta Prosa e neste Verso
Acredito na Terra no Mar e no Universo
Acredito em tudo o que é realmente Verdade

Acredito plenamente no que Penso e Repenso
Acredito no contentamento deste perfeito Momento
Acredito naturalmente em toda a minha Realidade

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Autor: Carlos Silva
Data: 1996-08-07
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.

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2018-02-20

0051. Vida





Acompanhado por pessoas que inegavelmente me são queridas...
Mergulho na essência deste deslumbrante pensamento:
Que admirável é esta Vida!

Recuso debruçar-me sobre Princípios, Meios ou Fins?
Resigno-me eventualmente por não encontrar respostas…
Resigno-me eventualmente por não encontrar o caminho da sua plenitude que eventualmente me levasse a uma possível Verdade.

Abdico da ansiedade de querer conhecer mais, mais… e mais!
Abdico da ansiedade de compreender mais, mais… e mais!

Limito-me a despertar o mais perfeitamente possível…
Limito-me a Viver Este Momento o mais naturalmente possível …



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Autor: Carlos Silva
Data: 1996-08-01
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.
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