2018-03-26

0085. Abandono





Aaaaaaaaaaa!...[1]
Satisfação…

Abandono...
Abandono total…
Não quero pensar!

Silêncio…

Eis que o tempo de pensar se impõe…
Irrompem fugazes sensações de quase-pensamento...

Silêncio…

Penso que sinto uma insignificante imagem carnal….
Sinto que penso uma insignificante copula mental…


Satisfaz-me pensar esta mera corporação escrita d’ inútil significado...
Satisfaz-me pensar o repouso neuronial desta cópula mental…
Satisfaz-me a plena liberdade física e mental...
Satisfaz-me este abandono…

Silêncio…

Abandonado por tempo ao destempo…
Como se não existisse tempo… nada!...
“Há metafísica bastante em não pensar em nada”[2]...
Basta ficar assim… abandonado…

Silêncio…

Que importa o universo racional dum ato de amor?!
Que importa retê-lo em mente…
Se ainda o tenho no corpo!
Ínfima sensação... -que me devorou...

Dele resta apenas, literalmente, estes pedaços de Amor…

Abandono...
Abandono total…
Não quero pensar!

Silêncio…

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Autor: Carlos Silva
Data: 1995-08-17
Imagem: Internet
Obs:
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[1]Orgasmo
[2] Frase que me ficou na retina quanto li Alberto Caeiro

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