Recentemente
muito se tem falado sobre “escravatura” …
Palavras vãs
sobre um tempo imoral e irracional em que o ser humano assumia como propriedade
ou mercadoria o seu semelhante.
Um passado
recente e indecente ainda presente na pele e na memória de alguns, manchado de
sangue, suor e muito sofrimento… com feridas que ainda hoje não sararam.
Um passado
sombrio e vergonhoso que convém sempre recordar e apontar para nunca mais reiterar...
Curiosamente,
pouco se tem falado sobre a nova escravatura… a escravatura mental.
A escravatura
exercida pelo poder político-económico-religioso sobre os mais fracos, os mais desfavorecidos,
os mais débeis e sobretudo sobre os mais ignorantes…
Curiosamente,
pouco se tem falado desta nova escravatura exercida por mentes, supostamente
inteligentes, que se alimentam continuamente de dementes, carentes e
inconscientes…
A escravidão
mental, também ela abominável, continua a capturar e a aprisionar o seu semelhante
à nascença, a privá-lo do seu legítimo e fundamental direito à autêntica
liberdade: a liberdade mental!
Poucos, hoje,
sabem o que é ser efetivamente livre, tal o tamanho das grades que os envolvem,
tal a escuridão mental em que continuamente sobrevivem.
Domesticados
e enclausurados nas suas próprias jaulas…
Doutrinados e
completamente desprovidos de raciocínio crítico…
Condicionados
a pensar o que outros pensam… a ser o que outros querem que sejam…
São
vergonhosamente explorados e escravizados pela ideologia ou religião dominante.
Escravos da sua
própria sobrevivência… escravos de uma vida previamente perdida.
Talvez, tal
como no passado, num futuro próximo, não seja possível libertar toda esta
gente…
Talvez,
palavras como estas, sejam apenas palavras vãs….
Mas, pelo
menos, quebremos agora os seus cadeados e soltemos estes pobres seres…
Deixemo-los
pensar por si!
Deixemo-los
despertar por si!
Deixemo-los
sentir, descobrir e perceber que estão acorrentados!
Afinal, “não
existe pior prisão do que uma mente fechada!”
A propósito
de “escravatura” …
Diz
o Antigo Testamento:
“Se
comprares um servo hebreu, seis anos servirá; mas ao sétimo sairá livre, de
graça.
Se
entrou só com o seu corpo, só com o seu corpo sairá; se ele era homem casado,
sua mulher sairá com ele.
Se
seu senhor lhe houver dado uma mulher e ela lhe houver dado filhos ou filhas, a
mulher e seus filhos serão de seu senhor, e ele sairá sozinho.”
Êxodo
21:2-4
“E
quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das nações que estão
ao redor de vós; deles comprareis escravos e escravas.
Também
os comprareis dos filhos dos forasteiros que peregrinam entre vós, deles e das
suas famílias que estiverem convosco, que tiverem gerado na vossa terra; e vos
serão por possessão.
E
possui-los-eis por herança para vossos filhos depois de vós, para herdarem a
possessão; perpetuamente os fareis servir; mas sobre vossos irmãos, os filhos
de Israel, não vos assenhoreareis com rigor, uns sobre os outros.”
Levítico
25:44-46
“O
servo não se emendará com palavras, porque, ainda que entenda, todavia não
atenderá.
Quando
alguém cria o seu servo com mimos desde a meninice, por fim ele tornar-se-á seu
filho.”
Provérbios
29:19 e 21
Diz
o Novo Testamento:
“Não
será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja
vosso serviçal;
E,
qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo;”
Mateus
20:26-27
“E
o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme
a sua vontade, será castigado com muitos açoites;”
Lucas
12:47
“Vós,
servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na
sinceridade de vosso coração, como a Cristo;”
Efésios
6:5
“Todos
os que estão sob o jugo da escravidão devem considerar os próprios senhores
como dignos de todo o respeito; para que o nome de Deus e a doutrina não sejam
blasfemados. Os que têm senhores fiéis não os desrespeitem, por serem irmãos;
ao contrário, sirvam-nos ainda melhor, porque são fiéis e amigos de Deus, que
se beneficiam de seus bons serviços.”
1
Timóteo 6: 1, 2
“Exorta
os servos a que se sujeitem a seus senhores, e em tudo agradem, não
contradizendo,”
Tito
2:9
“Vós,
servos, sujeitai-vos com todo o temor aos senhores, não somente aos bons e
humanos, mas também aos maus.”
1
Pedro 2:18
Será que os
rebanhos de cristãos, católicos, ou simplesmente crentes já repararam o que
está escrito na Bíblia sobre “escravatura”?
Tanto no
Velho como no Novo Testamento, são inúmeras as passagens em que a Bíblia
defende a “escravatura” e inclusivamente dá conselhos a “escravos” e a seus
“donos”!
Dirão alguns
dos seus mais fiéis e submissos seguidores que não se pode interpretar
linearmente os seus textos bíblicos; que é preciso inseri-los no contexto da
época.
É verdade!
Afinal, estamos no século XXI!
Nada do que
está ali escrito faz sentido no contexto atual! Não faz mesmo!... pelo menos a
qualquer mente minimamente lúcida e racional!
No entanto, é
preciso referir que o simples facto de, no seu contexto, defender expressamente
a “escravatura”, revela-nos a sua face mais tenebrosa… e também a mais
autêntica!
Quantas vidas
se perderam em seu nome?
Quantos
horríveis sacrifícios foram cometidos em seu nome?
Quantos
conflitos violentos e sanguinários eclodiram em seu nome?
Convém pelo
menos reconhecer e sobretudo não esquecer a sua face mais negra e violenta.
Pois é, está
lá escarrapachado, preto no branco, que a Bíblia defende a escravatura!
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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-06-12
Imagem: Internet
Obs.:
Direitos reservados.
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