Era
uma vez a vida
Brinca
o poeta fingindo
Que
a vida não é nada
Chorando
a dor sorrindo
Sorriso
artificial
Dum
sonho de beleza dor
Real
e imaginária
Que
guardas no interior
Nota:
Um poeta vive, na generalidade, de uma forma intensa, procurando
sempre Algo... o porquê da sua própria vida, a razão do seu ‘Ser’. No entanto,
ante a incapacidade de realização e a frustração de não alcançar esse ‘Algo’,
brinca com a própria vida (“Era uma vez a vida”), “fingindo que a vida não é
nada”. Mas, apesar de fingir, sentiu, e continua a sentir essa sua frustração e
incapacidade que tenta sublimar (“Chorando a dor sorrindo”) que, no fundo, é a
pura realidade. “Nada” é a ‘falsa imagem’ que o poeta nos oferece da vida,
porque ao que sente na realidade, o leitor jamais terá acesso. É, pois, através desse “sorriso” falso,
“artificial” que o poeta procura transmitir o verdadeiro (“Sonho de Beleza”),
“chorando” interiormente essa sua incapacidade de materializar, de artificar,
de oferecer ao leitor a sua própria realidade. O “chorar” e o “sorrir”, serão,
pois, o reflexo dessa sua dor (a “Real” -que realmente sente -e a “Imaginária”
a que o leitor também já não terá acesso, por não passar duma representação
mental da primeira -não existe!). Ao leitor está reservado apenas o que lê, ou
seja: a representação dessas duas dores que se transformará numa terceira
(mental, intelectual); a sua!
https://amo-teliberdade.blogspot.com/
https://www.facebook.com/profile.php?id=100083278842229
Sem comentários:
Enviar um comentário