2020-11-11

0202. Cúmplices

 




Nunca em tempo algum houve tanta comunicação

Nunca em tempo algum tanto mudou em tão pouco tempo

Nunca em tempo algum tivemos acesso a tanta informação

Informação sobre as mais inquietantes questões da humanidade

Informação sobre os mais diversos temas da atualidade

Informação sobre as mais diversas áreas de conhecimento

Informação clara precisa e concisa à distância de alguns cliques

 

Paradoxalmente

Não a lemos

Não a interpretamos

Não a pensamos

 

Paradoxalmente

Não falamos

Não tocamos

Não abraçamos

Não sorrimos

Não sentimos

Não amamos

Estamos cada vez mais distantes uns dos outros

 

Paradoxalmente

Continuamos a alimentar milagres e divindades

Continuamos a alimentar monstros e eternidades

 

Cúmplices e calados

Domados e inconscientes

Quais inocentes rebanhos do sistema

Indiferentes ao passado presente e futuro

 

Cegueira branca de sofrimento e morte

Onde por todo o tempo ficaremos

Em silêncio absoluto

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2020-11-06
Imagem: Internet
Obs.:
Direitos reservados.

 


2020-11-08

0201. Amar-Te



 

Se por te amar tivesse que morrer num Inferno de Impiedade

Morreria

Porque nenhum eterno inferno se compararia

A este Paraíso De Te Amar Agora na realidade

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-11-07
Imagem: Internet
Obs.:
Direitos reservados.
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2020-09-24

0200. Silêncio

 


Já não tenho nada para questionar;

Já não tenho nenhuma resposta para dar

A este imenso silêncio que me invade.

 

Continuo suavemente a viver plenamente;

Continuo simplesmente a desfrutar cada pedacinho deste presente,

Como se fosse o último dos presentes.

 

Cada momento deste vasto ideal,

É um pedaço de prazer sem igual.

 

A desmedida euforia do outrora adolescente,

Aquele constante e desassossegado questionar,

É precisamente o mesmo

Do agora calmo e sereno adulto,

Simples e extasiante observar.

 

Sempre me senti relativamente feliz;

Mesmo quando não me senti…

Com este pouco que pedi…

Com tudo o que vivi…

Com o pouco que perdi…

 

Sem mitos monstros ou tormentos,

Assim como os pássaros do meu quintal,

Sempre voei de forma simples e natural…

 

Sempre amei o que tinha para amar;

Sempre fui o que tinha que ser;

Sempre o fiz com todo o prazer.

 

E é na harmonia deste magnífico silêncio

Que vivo este perfeito momento…

Calmamente… a pensar e a sentir,

Até um dia partir.

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-09-24
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.
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0199. Mentira

 



Mente o crente, o descrente e o demente;

Todos mentem e ninguém ciente certamente.

Certamente mentiras eternas ditas divinalmente,

Certamente mentiras efémeras ditas pessoalmente.

 

Mente o crente, o descrente e o demente;

Todos mentem a alguém insciente certamente.

Certamente mentiras fantasiadas de imortalidade

Certamente mentiras mascaradas de eternidade!

 

Mente o profeta sem que minta divinamente!

Mente o político sem que minta objetivamente!

Mente o poeta sem que minta completamente!

 

Metem todos os que não sentem na realidade!

Mentem todos os que não vivem na realidade!

Mentem todos os que não dizem a verdade!

 

  

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Autor: Carlos Silva
Data: Desconhecida
Imagem: Internet
Obs: Poemas Soltos
Direitos reservados.
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2020-09-22

0198. "Ar abençoado de Fátima"


 

"Ar abençoado de Fátima"

 

Uma lembrança para a eternidade!

Com a vantagem de a lata ser reciclada…

Antes continha tinta plástica!

Agora, basta reabrir, meter o nariz no interior e respirar o conteúdo para ficar "abençoado".

Claro que também ficará com uns euros a menos na carteira…

Mas isso é outra história!

 

 Nota: Se o produto das vendas do “Ar abençoado de Fátima” se destinasse a ajudar os 100 funcionários que o santuário pretende despedir... até que seria uma boa causa!

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-09-07
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.
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2020-09-21

0197. Delito de opinião

 


Oliveira Salazar em Portugal…

Francisco Franco em Espanha…

Ambos os ditadores concentraram o poder absoluto durante praticamente quatro décadas erguendo regimes totalitários, militaristas, ultranacionalistas e sobretudo ultracatólicos.

“Deus, Pátria e Família” eram os seus lemas!

Se em Espanha a transição ocorreria em 1975 com a morte do caudilho

Em Portugal, a mudança, seria com a “Revolução dos Cravos, em abril 25 do mesmo ano.

Na altura da mudança associava-se o regime de Salazar à célebre trilogia dos “três efes”:

“Fátima, Futebol e Fado”!

Dizia-se que eram os “efes” que uniam e alimentavam o pobre povo português… a religião católica, o futebol, e sobretudo Amália, a grande figura do Estado Novo!

Seriam sobretudo tempos de mudança…

De democratização, de descolonização e de desenvolvimento!

Tivesse eu (se na época vivesse) a ousadia de apelidar qualquer um destes regimes como “machista”, “antifeminista” ou “homofóbico” e, no momento, estaria terminantemente condenado ao fuzilamento (ou queima) em plena praça pública…

Tivesse eu (se na época vivesse) a ousadia de proclamar ou publicar este meu “Delito de opinião” e certamente ninguém hoje, agora, o estaria a ler! Seria imediatamente riscado a “lápis azul” … o célebre lápis que expurgava implacavelmente todas as áreas da sociedade.

Criticar o Estado ou a Igreja… -qual liberdade de expressão! -mais do que crime, era “pecado mortal” que violava a moral e os bons costumes!

A história, a religião, os costumes, as crenças e as tradições eram ícones intocáveis e inquestionáveis; precocemente incutidos e severamente impostos. A igreja católica era o fiel zelador da sua aplicação e concretização. Refreava praticamente todo o sistema educativo liberal ao mesmo tempo que exaltava os valores nacionalistas.

No Estado Novo, a mulher era subjugada a tarefas domésticas, a cuidar dos filhos e normalmente subordinada ao marido a quem tinha que pedir autorização para aceder ao ensino superior ou a qualquer profissão remunerada -tudo em nome da tradicional família cristã. Não tinha direito a opinar e normalmente era censurada se vestia de forma ousada ou diferente da padronizada. O seu comportamento era considerado desviante em caso de adultério ou de vício sexual, sendo consequentemente punida e marginalizada.

As “autoridades religiosas” controlavam escrupulosamente a moral pública e sexual. Reprimiam e perseguiam sobretudo os homossexuais. A sexualidade (ao contrário do que recentemente o atual líder religioso proclamou), era vista como meio de procriação… um pecado mortal se não praticada estritamente no âmbito familiar.

Muito sangue, suor e lágrimas foram derramadas…

Repostos finalmente os alicerces da democracia…

Soltas finalmente as amarras da liberdade, da igualdade e da racionalidade…

 

Eis que finalmente posso soltar este meu “Delito[1] de opinião”!

 



[1] Direito

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-09-17
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.
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