2021-01-05

0224. Igualdade

 








Ainda que alguns sejam mais ou menos iguais

 

Todos são incontestavelmente desiguais

 

Ainda que nem todos respeitem na realidade

 

A desigualdade de todos é a autêntica igualdade

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-08-18
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2021-01-04

0223. Novos templos

 


Quando os templos (igrejas, mesquitas…) se esvaziarem completamente…

Novos templos erguer-se-ão no seu seio.

 

Qualquer dia os templos religiosos darão lugar a Novos Templos e transformar-se-ão em centros culturais… locais de leitura e reflexão sobre o passado, presente e futuro… sobre toda a realidade…

Serão certamente locais de debate e divulgação de ideias…

Serão certamente locais de exposições e de cultura…

Serão certamente locais de ciência e razão! 

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-08-25
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Obs.:
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0222. Não sei

 


Não sei…

 

Nunca saberei o que não sei…

Sei apenas…

A pequenez do que sei…

A grandeza do que não sei…

Que morrerei…

E nada mais saberei!

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-08-26
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Obs.:
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0221. "Gajos cobardes"

 


https://youtu.be/TfdNyG5M6oE

 

Tem sido amplamente divulgado na comunicação social um vídeo onde aparece o Primeiro-Ministro de Portugal a chamar… "cobardes a uns gajos (médicos) que se recusaram a fazer o que lhes competia depois do presidente da ARS Alentejo os ter mandado para lá” (para o Lar de Reguengos onde havia um surto de Covid-19).

Como é óbvio o vídeo tem desencadeado um autêntico “coro” de críticas e insultos ao Primeiro-Ministro… aos médicos… e ao jornal que o entrevistou.

Observando alguns dos inúmeros artigos publicados…

Alguns defendem o ponto de vista dos médicos e criticam as palavras “impróprias de um Primeiro-Ministro” …

Outros defendem as suas palavras e criticam a atitude dos médicos… e saltam-me à vista alguns comentários nas redes sociais…

 

ü  “Os gajos não foram lá porque tiveram medo de apanhar o Covid!… que mal tem tratar os médicos por “gajos”? Não estava a insultá-los, mas sim a chamar-lhes o que tinha que chamar, da forma como todos nós dizemos quando alguém não faz o que lhe compete: “cobardes”!

 

ü  “O António Costa tem toda a razão. Não teve medo do lobby dos médicos. Qualquer médico, para o ser, jura solenemente que…

"A Saúde do meu Doente será a minha primeira preocupação."

"Guardarei respeito absoluto pela Vida Humana desde o seu início, mesmo sob ameaça e não farei uso dos meus conhecimentos Médicos contra as leis da Humanidade."

 

ü  “Concordo em absoluto com o adjetivo empregue pelo António Costa: os médicos (que não foram prestar auxílio) foram efetivamente uns “cobardes”!

Teve-os no sítio, chamou “os bois pelo nome”.

Quais falsas virgens ofendidas!

 

ü  “Nenhum médico pode recusar-se a ir a um lar prestar auxílio ou a quem dele necessita!”

 

Pós vídeo…

Seguiu-se uma caricata “nota de esclarecimento” do jornal a lamentar e manifestar “repúdio” pela divulgação:

“Não é o original!...” -assim como quem sacode a água do capote depois de completamente encharcado. “Original” ou não… “off record” ou não… com caça às bruxas, ou não, para apurar responsabilidades… agora pouco importa! O suposto erro já estava cometido: tentar ocultar aquilo que realmente teria que ser divulgado (como foi!) e que era realmente notícia…

As palavras do Primeiro-Ministro referindo que uns “gajos cobardes (médicos) se recusaram a fazer o que lhes competia (prestar cuidados de saúde num Lar após se terem verificado alguns casos positivos de Covid-19) depois do presidente da ARS os ter mandado para lá!

Esta era a notícia!

Após a tempestade que durou vários dias, seguiu-se uma espécie de cimeira de entendimento e apaziguamento de todo o mal-estar que as tais palavras tinham desencadeado em toda a classe médica que, a bem da verdade, seja dito, os verdadeiros heróis (além de todos os clínicos e assistentes que os apoiam) desta inusitada batalha Covid-19.

Sobre este facto ninguém terá a menor dúvida.

Um pacto de paz que duraria apenas alguns momentos com direito a declarações à comunicação social de ambas as partes, que a bem do interesse nacional tudo tinha sido convenientemente esclarecido.

Sobre o Inquérito da Ordem dos Médicos ao Lar de Reguengos de Monsaraz, o Presidente do Conselho Diretivo da ARS do Alentejo, Dr. José Robalo, terá assumido a responsabilidade pelas deficiências encontradas pela Comissão de Inquérito. Era impossível contestar as péssimas condições do Lar de Reguengos, o que de certa forma impulsionaria a disseminação da doença na sua fase inicial e posteriormente na mais crítica… o que, consequentemente, não permitiria e garantiria que doentes, profissionais e voluntários pudessem viver e trabalhar num ambiente minimamente seguro…

Além de apontar as deficiências do Lar, refere também o Inquérito da Ordem dos Médicos, que…

(cito)

(…)

“Nesta medida, o Primeiro-Ministro, ao afirmar que a responsabilidade pelo que aconteceu no Lar da FMIVPS foi dos médicos, errou por ter falado no plural (os médicos). Na verdade, o que o Primeiro-Ministro queria dizer é que a responsabilidade foi do médico, o médico Dr. José Robalo, Presidente do Conselho Diretivo da ARS do Alentejo.”

“O Dr. José Robalo, violando a lei em vigor, as regras éticas e deontológicas e os direitos humanos, ameaçou com processos disciplinares (como o próprio admitiu publicamente e na pronúncia por ele realizada) os médicos do SNS para que fossem prestar cuidados de saúde em permanência no setor privado (Lar e pavilhão), admitindo que os idosos com a doença COVID-19 necessitavam de vigilância médica permanente (24 horas).”

“É incompreensível a postura do médico Dr. José Robalo, Presidente da ARS do Alentejo, desconhecendo que, se os doentes com COVID-19 necessitavam de vigilância médica permanente, deveriam então ter sido internados num hospital onde teriam acesso aos necessários cuidados médicos diferenciados e às condições essenciais para poderem ser tratados de acordo com as boas práticas médicas e as normas definidas pela DGS. Um erro grave que pode ter tido consequências irreversíveis na morbilidade e mortalidade dos doentes.”

“Os médicos, contrariamente ao que foi afirmado pelo Senhor Primeiro-Ministro, não se recusaram ao cumprimento de quaisquer deveres, laborais ou deontológicos, antes os honraram. Os médicos não deixaram de chamar de forma veemente a atenção para a falta de condições do Lar e do Pavilhão e os vários atropelos existentes, defendendo claramente os doentes. Afirmar que os médicos não cumpriram o seu dever de assistência é, pois, calunioso e revela uma clara tentativa de escamotear a realidade dos fatos.”

“Os médicos exerceram sim o seu dever de denúncia num país em que a coragem para provocar o poder instituído é cada vez mais uma raridade. Não se esqueça Senhor Primeiro-Ministro, que o que está em jogo é a vida e a morte de alguns dos mais carenciados de entre todos.”

(…)

“A Ordem dos Médicos e os seus dirigentes pautam a sua atuação por uma permanente defesa da saúde, dos doentes e dos direitos constitucionais à saúde e à proteção da doença. Em estrito respeito pelos princípios éticos da profissão, existentes há milhares de anos.”

“O sucedido em Reguengos de Monsaraz é inaceitável.

Os Lares, como estruturas residenciais para pessoas idosas, portadoras de doenças crónicas e com limites na sua autonomia, estão identificados como locais muito sensíveis às epidemias sazonais. No caso da COVID-19, dada a grave repercussão clínica nos grupos de risco desta pandemia, os utentes dos Lares estão identificados como particularmente vulneráveis e devem ser alvo de proteção especial. E este deve ser um desígnio nacional. Temos todos a obrigação de cuidar melhor de quem contribuiu para construir Portugal, os nossos idosos.

Os médicos construíram o SNS, edificaram as bases do Serviço de Saúde em Portugal, estiveram e estão na linha da frente do combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus, e merecem ser respeitados e valorizados pelo Governo de Portugal, tanto mais quando estão a defender a vida dos mais desprotegidos e dos idosos que ajudaram a construir este país.

Mas mais grave é se tudo correr sem que tiremos ilações e mudemos a nossa atitude para corrigir o que não está bem.

A postura de negação e de desresponsabilização, associada à soberba e arrogância, por parte do Dr. José Robalo, é técnica e humanamente inaceitável, preferindo atacar a forma e os autores da auditoria, em detrimento de aproveitar o trabalho e as conclusões para que Reguengos não se repita.

A dimensão da insensibilidade e da incapacidade em perceber o sucedido, demonstrada pela Sr.ª Ministra do Trabalho, da Solidariedade e Segurança Social, é claramente percebida quando o Sr. Primeiro-ministro sente a necessidade de vir a terreiro em sua defesa.

A dimensão da ausência de qualquer comentário da Sr.ª Ministra da Saúde sobre o tema da dimensão clínica na atividade dos lares é igualmente de realçar.

E a fuga do Sr. Primeiro-ministro relativamente ao sucedido, atacando a classe médica é por demais inaceitável. Os médicos continuarão a tratar os seus doentes como sempre o fizeram, na linha da frente como sempre o fizeram, nos momentos mais difíceis e mais agrestes.

A isso nos obriga o nosso Juramento.”

Lisboa, 19 de agosto de 2020

O bastonário da Ordem dos Médicos

O Presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos

 

Este foi uma espécie de inquérito/parecer/defesa dos médicos…

O Primeiro-Ministro afirmou que “a ordem dos médicos não tem competência para realizar auditorias sem que estas lhe sejam diretamente solicitadas… ponto”.

Mas antes do “ponto”, alguém com competência ou conhecimento de facto, terá que alertá-lo para as más, ou para a falta de condições do um Lar… ou eventualmente sobre o comportamento de um médico… -a julgar pelas suas palavras, como parece ter acontecido.

Chegou então a hora de identificar e atribuir culpas e culpados… falhas e faltosos…

Falhou o Governo; o Diretor do Lar que não asseguraram as condições necessárias…

Falhou o médico que supostamente não cumpriu uma ordem (bem ou mal dada!) de um outro médico diretor da ARS…

A conclusão: morreram 16 pessoas!

A verdade é que talvez um número tão elevado de mortes pudesse ter sido evitado se Governo tivesse apostado mais na saúde, os responsáveis pelo Lar o tivessem administrado melhor e os médicos tivessem cumprido rigorosamente o seu papel.

O que, em abono da verdade, não aconteceu!

Agora, mais do que o polémico vídeo com as “ofensivas” palavrinhas do Primeiro-Ministro, que acabaram por despoletar toda esta situação, importa sim analisar o que realmente se passa em todos os outros lares de Portugal e criar condições de apoio social para os nossos idosos para que situações como esta não se voltem a repetir.

Ah!... e que sirva de lição e exemplo para todos os culpados!

Culpados?!

Como sempre, não existem objetivamente culpados!

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-08-30
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2020-12-31

0220. “Animalismo vs humanismo”

 


“Animalismo vs humanismo. As touradas como fundo” -texto de Joaquim Grave no Observador

 

https://observador.pt/opiniao/animalismo-vs-humanismo-as-touradas-como-fundo/

 

Li no Observador, o texto em epígrafe.

Seguindo um “link”, acabaria também por ver alguns comentários na rede social do autor. Todos elogiavam o texto!... e curiosamente não havia um único comentário discordante.

Cito alguns dos primeiros que vi…

“Trata-se de um texto de excelência máxima” … os “urbano-depressivos não o vão perceber!” …  “é uma pena sabermos que essa gente é radical e não vão ler o teu lúcido artigo” … “um excelente texto para os incultos, pena é que não o entendam…”

 

De forma espontânea, sem publicar, fiz também este meu comentário, que, tal como o texto original, também acabaria por se alongar um pouco. Como vivemos numa sociedade livre e democrática resolvi dar a minha modesta opinião… que vale o que vale!

Estou certo que cada um respeitará a do outro… concordando ou não, justificando ou não!

 

(…)

Escrever um “texto de excelência”, decerto durante largas horas, ou dias, para justificar a sua inquestionável verdade, que por momentos chega a parecer ilusória superioridade, é típico de quem não admite a dor e sofrimento animal (toiro) porque está convencido que é dono deste… e da sua razão.

 

“Confunde-se Animalismo com Ecologia” -refere.

É natural que sim. Uns terão uma opinião, outros outra!

Não podemos é afirmar perentoriamente que somos donos da verdade... e que decididamente, os conceitos “são o oposto um do outro”.

 

Esta é a definição formulada pelo Dicionário Priberam da Língua Portuguesa 2020, dicionario.priberam.org:

Ecologia: Parte da Biologia que tem como objetivo o estudo das relações dos seres vivos com o seu meio natural e as suas interações.

Animalismo: Corrente artística caracterizada por usar os animais como tema de representação.

 

Será que existe mesmo na sociedade um “animalismo militante” … ou simplesmente algumas pessoas, sensíveis à dor animal (que também sofre!), discordam e têm uma opinião diferente?

Não creio que seja o termo mais correto, sobretudo de quem é ganadeiro, diz gostar de animais, e ao mesmo tempo, sente prazer na sua dor e sofrimento… e muitas vezes na sua morte!...

Poderemos chamar “ser humano” quem tortura um animal?

 

“Nenhum aficionado tem o menor prazer em ver sofrer qualquer animal…”

É impressão minha ou quem está nas bancadas sorri e bate palmas sobretudo nos momentos de maior sofrimento do animal?

 

Escrever um “texto de excelência”, decerto durante largas horas, ou dias, para classificar quem pensa de forma diferente como “oportunistas, vagamente naturalista… compassiva… verde… completamente ignorante quer da natureza animal, quer da realidade das corridas de toiros”, é típico de quem não respeita ou não suporta a diferença!

 

“A cultura é um elemento vital nas democracias e no desenvolvimento do humanismo. Se eliminássemos todos os artistas que contactaram ou se interiorizaram com o mundo das corridas de toiros, teríamos que eliminar uma grande parte da cultura nacional, ibérica e mesmo universal. Será tão difícil esta sociedade entender isto?!”

Realmente, não podemos eliminar todos os artistas, porque a cultura é fundamental para o ser humano…, mas classificar como “arte” um espetáculo onde há tortura, dor, sofrimento e até a morte do animal… realmente, não creio que seja muito difícil de entender!

 

Escrever um “texto de excelência”, decerto durante largas horas, ou dias, para insultar quem não concorda com a tradição… “Pandilha de ignorantes!” … é de quem se julga realmente “não-ignorante” e convicto da sua verdade!

 

“O toiro bravo foi a única raça bovina no mundo ao qual se garantiu desde o século XVIII um habitat privilegiado, uma vez que se valorizou mais a sua bravura do que a sua carne.”

Só depois do século XVII é que o toiro teve um habitat privilegiado?… Decerto existiu há milhões e milhões de anos no seu habitat natural…

 

Também desconhecia que havia “uma seita a nível mundial muito perigosa…” contra as touradas!... que “pensam que se acabam com ele” …

Não serão apenas algumas pessoas que são contra o “espetáculo de sofrimento do toiro”?

 

Não sei para quem realmente escreveu este “texto de excelência”, decerto durante largas horas, ou dias para concluir que…

 “O século XXI será recordado como o fim da liberdade e da cultura, as “bombas” foram tecnológicas (algumas provavelmente sanitárias) e assim adormecem o pensamento, convertendo as pessoas em “borregos usuários de écrans”, dispostos a comprar informações e mensagens em todas as esquinas…” …

 

É caso para questionar, onde terá “comprado” toda a informação”?

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-09-08
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Obs.:
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0219. Culto e cultura

 











Enquanto a humanidade tiver mais locais de culto que de cultura…

Continuaremos a dar um passo em frente e dois para a retaguarda.

 

A cultura alimenta, liberta amarras...

O culto destrói o pensamento livre e crítico.

 

A cultura produz seres humanos livres e íntegros…

O culto castra, martiriza, gera monstros que o servem continuamente.

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-09-10
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