2021-11-21

0270. Carlos

 


Olá, eu sou o Carlos!

Um menino, hoje homem, completamente exemplar.

Um menino relativamente pobre a quem nunca faltou praticamente nada…

Um menino extraordinariamente protegido pelos pais, após a perda do primeiro filho…

Um menino, filho único de uma funcionária da CP e de um cabouqueiro (pedreiras) que toda a vida labutaram para lhe dar o melhor futuro possível.

Um menino que nasceu e cresceu em paz e harmonia com a família e com outros meninos do seu tempo…

Um menino a quem um dia chamaram “sonhador”; que viveu os seus bons e maus momentos, as suas alegrias e tristezas, as suas ilusões e desilusões, os seus amores e desamores, como todos os meninos da sua idade…

Um menino que saiu do ninho naturalmente… e naturalmente encontraria a companheira ideal para enfrentar conjuntamente os desafios da vida… a dois… e posteriormente a três…

Um menino relativamente feliz com a sua infância e adolescência que naturalmente se transformaria no homem e no militar, hoje completamente formado e realizado.

 

Um homem que ainda hoje recorda os primeiros passos desse menino…

Um homem que ainda hoje recorda os primeiros passos dessa filhota… um quarto alugado… e uma janela encantada algures por Almada. Dias e noites de alegria… passeios pela Restauração, pelos hipermercados e pelos jardins da capital… pelo pôr do sol da Caparica…

Um homem que ainda hoje recorda frases memoráveis de suprema felicidade como “A Lisa quer isto… e isto… a Lisa quer tudo!”

Um homem que ainda hoje recorda muitas noites de trabalho árduo, muitas aulas, muitas horas de estudo… momentos ainda hoje marcados no corpo e na “alma” … momentos perfeitos de uma felicidade plena sem fronteiras nem limites.

Um homem que durante quase 34 anos da sua vida se transformaria no militar justo, generoso e disciplinado.  Uma vida dedicada à profissão que abraçou com toda a dedicação, com exemplaridade, com seriedade… e sobretudo com muito orgulho e prazer!

 

Um militar que sempre respeitou civis e militares, pautando escrupulosamente o seu comportamento pelas regras e regulamentos militares.

Um militar que de menino queria ser professor e acabaria dando formação (aulas) por mais de vinte anos da sua longa carreira, na Escola da Guarda em Queluz, e no Centro de Formação em Portalegre.

Um militar que sempre teve por hábito ser exemplo de conduta, de entrega e sobretudo de realização profissional e pessoal.

Um militar que sempre vincou aos seus alunos a importância da lealdade, da justiça, da dedicação… e sobretudo do prazer da correta realização do seu trabalho em prol da comunidade!

Um militar que sempre vincou aos seus militares a importância de ser um bom militar… e que para tal, antes de mais, era necessário ser um bom ser humano.

Um militar que sempre vincou aos seus militares a importância de pensar antes de agir… de sempre atuar na mais consciente convicção que o faziam da forma mais correta, de forma estritamente necessária e sempre dentro dos parâmetros da lei.

Um militar que ao longo de toda a carreira… agora na reserva… nunca se arrependeu de nenhuma decisão e hoje se sente de consciência tranquila relativamente a todas as atitudes que tomou.

Um militar que passou grande parte da sua vida numa sala de aula… ajudando outros militares a consolidar as suas competências profissionais e humanas… o seu futuro! A sensação de plenitude do fim de cada aula… a sensação de ter contribuído para o futuro de tanta gente… de dever cumprido… é uma algo que não cabe nestas simples palavras.

Um militar que desfrutou plenamente das inúmeras festas, jantares e tertúlias de cursos com os seus amigos…

Um militar que sempre se dedicou à família, ainda que por exigência da profissão, nem sempre tão próximo como desejaria…

Um militar que sempre teve o apoio de uma grande civil… de uma grande companheira, de uma grande mulher!

 

Por detrás deste militar sempre existiu o ser humano absolutamente simples e justo, o ser exemplar a quem a vida sempre sorriu… e que sempre procurou sorrir à vida.

Nada mais importante que esta vida!

Nada mais importante que estar rodeado por todos os que amamos e por todos os que nos amam… a nível familiar e profissional.

Por detrás deste militar sempre existiu o menino que do berço aprendeu a respeitar os pais e o próximo com lealdade e honestidade… exemplo que também transmitiria a todos os que o rodearam…

Por detrás deste militar sempre existiu o menino que nasceu e cresceu num meio tradicionalmente religioso… que, a pouco e pouco, através do raciocínio lógico, do conhecimento, do olhar a opinião dos outros, do observar da realidade… foi mudando e libertando-se das amarras… aprendendo a ver o mundo com outros olhos… com mais lucidez e objetividade… e sobretudo de forma mais pragmática.

 

A melhor experiência que esta vida me ofereceu?

Sem a menor dúvida, ser pai!

Ainda hoje recordo a alegria e o sofrimento pré-parto da Luísa…

Ainda hoje recordo a filhota a ser limpa do líquido dos pós-parto…

Ainda hoje recordo aquele admirável momento… completamente boquiaberto a saborear aquele admirável ser… o seu primeiro olhar (aquele surpreendente abrir de olhos frente aos meus olhos) para a vida e para o mundo!

Recordo-o como se fosse hoje, com a mesma emoção… uma emoção que perdurará e permanecerá sempre em mim enquanto por aqui estiver.

 

O que recordo do menino?

Do menino recordo o prazer de andar de bicicleta… de resto como ainda hoje…

Do menino recordo o gosto pela leitura, pela escrita, pelo desenho num qualquer pedaço de papel que tinha à mão… sem mais nada me preocupar… simplesmente o prazer de realizar.

Do menino recordo o cuidar contínuo do corpo e mente… o desejo de ser o melhor… a vontade de aprender continuamente… de descobrir mais e mais… de ver e ouvir atentamente o que os outros tinham, e ainda hoje têm, para me dizer…

 

O que me dá hoje mais prazer?

Viver assim como vivo… calmamente… em paz e em completa liberdade…  deixando o tempo correr naturalmente…

Viver o melhor possível este preciso momento… cada momento…

O que é afinal a felicidade senão a paz e a beleza deste presente… deste maravilhoso presente que é a vida… com os seus altos e baixos com as suas alegrias e tristezas…

 

Se algo me incomoda?

Sim…

Incomoda-me profundamente ver o mundo como ainda está e a forma como caminha…

Incomoda-me profundamente ver alguns seres humanos a fazerem turismo espacial, a ganharem fortunas… e tantos outros sem um abrigo ou um pedaço de pão para comer…

Incomoda-me esta falta de solidariedade do ser humano!

Incomoda-me profundamente ver ainda neste século guerras e lutas inúteis… seres que barbaramente se matam por crenças, em nome de supostas divindades, por poder e território… e ainda mais abominável, pelo simples prazer ou pela ganância do dinheiro!

Incomoda-me profundamente ver alguns seres exibirem a sua extrema luxuria… e a maioria viver na mais profunda miséria, sem acesso a cuidados de saúde ou condições mínimas de higiene…

Incomoda-me profundamente a forma como estão a ser distribuídas as vacinas pelo mundo para fazer face a esta pandemia… quem tem dinheiro é vacinado, testado e socorrido em hospitais… quem não têm morre na dor e na maior indiferença.

Incomoda-me profundamente a forma como é tratado o planeta… a nossa casa! Como fazem todas estas faustosas cimeiras de promessas que depois na prática não resultam em praticamente nada de concreto.

É o futuro do homem e do planeta que está em jogo… o futuro das gerações vindouras!

Como alguém um dia disse… “não existe Plano B”!

 

Incomoda-me profundamente esta minha tremenda incapacidade e impotência perante a injustiça social, a intolerância e a cegueira… perante o rumo sem rumo que tomamos…

 

O que dizem os meus olhos?

Os meus olhos espelham este meu sorriso!

Dizem-me que é gratificante a forma como “olham” para o que escrevo!

Dizem-me que se sentem bem com esta vida!

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2021-11-20
Imagem: Carlos Silva
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0269. Tempo

 


Não sou escravo deste meu precioso tempo

Vivo completamente este preciso momento

Vivo completamente o momento ao destempo

Vivo-o como se não existisse sequer tempo

 

Não sou escravo deste meu precioso tempo

Vivo libertinamente este preciso momento

Vivo libertinamente este generoso presente

Vivo-o como se do tempo estivera ausente

 

Não sou escravo deste meu precioso tempo

Vivo apenas aquilo que o coração me reclamar

Amo apenas quem me quiser também amar

 

Não sou escravo deste meu precioso tempo

Porque o tempo deste meu preciso momento

É muito maior que o tempo de todo o tempo

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2021-11-05
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2021-11-10

0268. Crucificação

 


Santificada seja a infernal crucificação carnal

Santificada seja a divinal negação do natural

Santificado seja este descomunal martírio real

Santificado seja este monumental êxtase irreal

 

Para além de toda a cegueira do bem e do mal

Resta este vil sacrifício de sofrimento sem igual

Restam profundas feridas e um mar de vidas caídas

Restam defuntas infâncias e maioridades perdidas

 

Restam mutilações macabras e violentas violações

Restam mentes distorcidas e ancestrais convicções

Restam profanadores violadores pedófilos e vilões

 

Restam rituais inúteis e orações simplesmente fúteis

Restam templos catedrais e crentes de mente dormente

Restos infernais mortais que o tempo apagará eternamente

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2021-09-13
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2021-10-29

0267. Realidade

 


Toda a realidade está em mim

Toda esta realidade exterior sem fim

Toda esta realidade interior com fim

 

Tendo fim a realidade que está em mim

Todas as realidades terão um fim

Até mesmo a que está fora de mim

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-04-01
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0266. Lição de realidade

 


Que implacável lição esta que o Covid nos oferece

Sobre a inutilidade e a banalidade das religiões!

Só não entenderá esta clara lição quem por ela morrer,

Ou quem viver e nela chumbar[1] por jamais a alcançar!

 

Todos precisamos uns dos outros!...

Porém, há momentos em que precisamos mais de médicos, enfermeiros, cuidadores…

Desses seres humanos que nos tratam da saúde!

Desses autênticos deuses… esse sim os heróis!

 

Os outros[2], os que tantos milagres faziam…

Os outros[3], os que tanta gente curavam…

Remetem-se agora silenciosamente à comum quarentena dos mortais!

Submetem-se agora a esta implacável lição de realidade!

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-03-29
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[1] Cegar

[2] Crenças, Religiões…

[3] Idem


2021-10-26

0265. Aldrabice

 


É uma aldrabice!

O Milagre do Sol ou de Fátima é uma aldrabice!

 

Quer acreditemos ou não o Milagre do Sol ou de Fátima é uma grande aldrabice!

O Milagre do Sol ou de Fátima é uma aldrabice fabricada sem o menor pudor sobre a humildade de três pobres crianças com o propósito de burlar milhões de inocentes e aproveitar-se da sua ingenuidade e fragilidade.

 

Dito de forma mais simples e objetiva:

É uma grande mentira!

 

É uma grande mentira (pequena ou grande, toda a mentira é mentira!) porque se trata inequivocamente duma história mal contada, comprovadamente falsa, criada com o pérfido intuito de iludir os que são levados a acreditar e dela retirar avultados benefícios financeiros.

 

Não pretendo, com estas duras e claras palavras afirmar, ou sequer insinuar, ser dono de verdades inequívocas. Não. Facilmente e imediatamente alteraria a minha opinião se, com factos lógicos e científicos, comprovasse que estava inequivocamente enganado.

 

Esta é a mais pura realidade!...

Acreditemos ou não neste dito “milagre” … é uma aldrabice!

É evidente que o acreditar jamais a transformará em verdade, pois jamais a mentira poderá ser verdade!… e a verdade, nua e crua, doa a quem doer, é esta:

Não existem milagres!

Inequivocamente não existe Milagre do Sol ou de Fátima!

 

Este dito Milagre do Sol ou de Fátima é comprovadamente uma aldrabice!

Digo-o com toda a frontalidade, com todas as letras, depois de tudo o que li, de tudo o que investiguei e sobretudo depois de muito refletir sobre todas as hipóteses consideradas.

Digo-o sem qualquer propósito de desrespeitar ou ferir crenças ou suscetibilidades…

Digo-o de peito aberto, como quem diz ao melhor amigo o que tem que ser dito, por mais que lhe doa… e não o que lhe daria mais prazer ou mais gostaria de ouvir simplesmente por conforto...

Não seria honesto com a minha própria consciência se o fizesse…

Afinal, trata-se simplesmente de despertar… despertar consciências para o raciocínio lógico!

 

O Milagre do Sol ou de Fátima é comprovadamente uma aldrabice!

Repito-o porque não se pode acreditar só porque sim, só porque alguém contou, ou somente por ter estado no local… a presença no local, não o transforma em verdade, nem tal será remedio para doenças, males ou problemas psicológicos e financeiros.

 

A principal vantagem duma peregrinação ao local é sem dúvida o convívio e a prática de exercício físico… a sensação de paz e bem-estar que o local pode transmitir não é mais do que mera ilusão. Qualquer outro local aprazível da natureza pode transmitir semelhante sensação… assim tenhamos sensibilidade e compreensão para também a desfrutar.

A desvantagem principal é a perigosidade do percurso, normalmente feito na berma de estradas com muito trânsito... o desfecho final é normalmente a doação ou a compra de apetrechos e adereços alusivos ao evento que são fim último do "milagre", a principal fonte de rendimento e sustento do mesmo. Em vez de usarem o dinheiro em proveito próprio investindo na sua saúde e bem-estar, os fiéis acabam por ali deixar os seus rendimentos, agravando assim ainda mais a sua já pobre situação.

 

O milagre do Sol ou de Fátima é comprovadamente uma aldrabice!

Basta ler os principais acontecimentos da época e constatar o que disseram os atores principais desta história interminável.

As palavras das crianças foram claramente distorcidas pelo cónego que as escreveu. Confrontadas com as mesmas, o significado de algumas delas era-lhes completamente desconhecido.

Imagine agora que alguém lhe conta que, algures, no meio de um descampado, num dia de sol radiante de maio de 1917, três humildes pastorinhos de 7, 8 e 10 anos, completamente analfabetos, disseram aos seus pais que tinham visto uma senhora toda iluminada a falar sobre uma azinheira… e que, entre tantos disparates, afirmara que a guerra mundial que na altura matava e martirizava o povo, iria terminar nesse mesmo ano… -facto que não se verificou!

Qual seria o primeiro impulso racional perante tal relato?

Certamente não acreditaria, ou no mínimo, desconfiaria!

Certamente pensaria que aquilo que as crianças supostamente terão visto e dito não corresponderia à realidade!... ou, eventualmente, que, quem disse que as crianças tinham visto aquele cenário, tinha mentido!

É até aceitável que crianças inocentes acreditem em milagres e em senhoras brilhantes e iluminadas… mas já não o é que adultos racionais e conscientes, acreditem convictamente em “milagres” tendo-os como verdades supremas e absolutas… inquestionáveis… porque, na realidade, não passam de grandes mentiras!

 

Sabendo a Igreja da pobreza e ingenuidade das populações locais da altura, que “seguiam a lei do menor esforço e engoliam tudo o que lhe colocavam à frente…”, bastava situá-las no local do fenómeno e dizer-lhes simplesmente que se tratava de um “milagre”.

O “Milagre do Sol ou de Fátima”!

Sempre nos dias 13 de cada mês… de maio a outubro! Ou melhor, nem sempre!

 

Jacinta tinha na altura 7 anos e morreu em 1920, três anos depois do “milagre”;

Francisco tinha 8 anos e morreu em 1919 de pneumonia, dois anos após o “milagre”;

Lúcia tinha 10 anos. Aos 14 foi retirada à força da mãe e colocada num asilo de freiras doroteias, no Porto, onde esteve durante vários anos sem sequer dizer o nome ou falar com alguém desta história. Mais tarde seria transferida para um Convento na Galiza onde seria obrigada a fazer-se freira doroteia. Não disse que viu o sol dançar, ou algo que se pareça!

“Quem escreveu, o que consta nos documentos, pôs lá o que quis.

Quem escreveu fez as perguntas e obviamente também deu as respostas!”

Estes são os factos!

 

Mais tarde, iria para Fátima um Bispo fazer o reconhecimento oficial do “milagre”, proclamando a dita “aparição digna de Fé”, com base num relatório elaborado por um tal Cónego Formigão, que na realidade, não foi mais do que o cérebro do fenómeno atmosférico.

Seria então erguido no local um imponente Santuário que se transformaria num dos mais importantes polos de culto turístico e comercial do país. Hoje, ali afluem milhares e milhares de pessoas dispostas a todos os sacrifícios em nome das “aparições” visionadas pelos três pastorinhos.

É um negócio milagroso que gera um grande volume de dinheiro completamente livre de impostos… ao Santuário, ao Vaticano… e ao comercio local, entre tantos outros que do divino espírito santo fazem a sua forma de vida.

 

É apenas mais um milagre financeiro da Igreja Católica…

Desta vez o chamado “Milagre do Sol ou “Milagre de Fátima”!

 

Segundo informação divulgada pela United Press-International, facultada por círculos fidedignos do Vaticano… “embora a Igreja tenha reconhecido as aparições de Fátima, esta não deseja tomar o compromisso de garantir a veracidade das palavras que os três pastorinhos disseram que a Virgem Maria lhes dirigira.”

 

Como é que se pode garantir a veracidade de uma aldrabice?!

Quer admitam ou não, os que vivem e lucram com esta aldrabice, virá um dia em que as vítimas deixarão de ser cientificamente analfabetas e descobrirão que foram enganadas. Então, revoltar-se-ão e começarão a questionar a autenticidade deste tipo de fenómenos. Será apenas uma questão de tempo e evolução!

 

Afinal…

“Mais tarde ou mais cedo, a Verdade vinga-se sempre de quem a tenta injuriar”

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2021-10-15
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