“Religião…”
Penso-a, logo
existe!
Não a penso, logo
não existe!
Elementar caro ser
humano…
*
De “religião” ...
Passa subjetiva
imagem mental…
Na efemeridade
mental de minha mente…
Existe fugazmente
enquanto tal…
Tal como passa…
Tal como penso…
Assim que a deixar
de pensar, deixará de existir…
Assim que a deixar
de pensar, deixará de existir em mim…
Tal como deixará
de existir em todas as mentes que a pensaram…
E deixaram de
pensar…
Em todas as mentes
que existiram…
Em todas as mentes
que existem…
Em todas as mentes
que existirão no futuro!
*
É impossível não
observar a evolução das espécies e a sua seleção natural… as ossadas inertes, são
provas vivas… irrefutáveis e evidentes!
Fascina-me a forma
como vivem e sobrevivem todas as espécies… em especial a minha espécie…
-sobretudo nestes últimos anos em que faço parte desta assombrosa matéria viva!
Desconheço como
tudo começou…
Desconheço
praticamente tudo…
E apenas sei como
termina.
*
Ainda sei tão
pouco…
Mas enquanto vou
aprendendo sobre a origem da vida na terra, enquanto vou desvendando as invisíveis
“partículas”, enquanto vou despertando para a realidade… vou sobretudo tomando
consciência das futilidades e ilusões que devo ignorar…
*
Nasci selvagem…
Não pertenço a
nada nem a ninguém… muito menos a supostas “religiões” …
Desde que o cordão
umbilical se soltou que sou um novo ser, uma nova mente livre de pensar…
*
Recordo um dos
hinos da liberdade em Portugal:
“Uma gaivota
voava, voava… asas de vento, coração de mar / como ela somos livres, somos
livres, de voar…”
E questiono-me:
Porque não somos
ainda livres de voar?
Porque não somos
ainda realmente livres de pensar?
Porque criamos e
adoramos ainda supostas divindades e continuamos a aniquilar a nossa genuína
natureza?
Porque não somos
ainda “gaivota”?
E é tão fácil
responder:
Nascemos e
crescemos rodeados de correntes ancestrais que nos prendem a natureza da vida e
não nos deixam voar plenamente!
*
Nascemos e
crescemos rodeados de correntes ancestrais que nos prendem a natureza…
Somos sistematicamente
conduzidos para o transcendental quando sofremos ou não realizamos as mais
elementares aspirações terrenas, no entanto, do desejo à realidade, por vezes,
existe uma distância abissal, eventualmente antagónica… e não temos
discernimento para a distinguir… cálice-milenar
Continuamos a alimentar
um suposto ser ajustado ao desejo de salvação…
Enquanto não
tivermos capacidade para distinguir e escolher livremente o caminho,
continuaremos a ser prisioneiros sem cela…
Por isso quanto
mais depressa nos libertarmos e alcançarmos essa capacidade de perceção, mais
depressa agiremos sobre a própria realidade pessoal e global…
*
Deparo comigo a
observar esta admirável massa cinzenta… e emociona-me os seus (meus)
pensamentos, as suas (minhas) emoções…
Por vezes fico
maravilhado com a sua (minha!) forma, a forma como evolui e como (me) conduz
para estes admiráveis mundos (exterior/interior) que a (me) envolvem…
Por vezes fico
devastado ao imaginar a sua degeneração, a falência do seu corpo… o sofrimento…
a mágoa da perda da sua própria consciência…
*
As leis físicas
são a minha vida, a minha religião…
por vezes a minha ilusão e desilusão…
São sobretudo a
realidade da sua (minha!) admiração e inspiração!
Não consigo deixar
de atribuir a sua origem (vida) a fenómenos físicos e a interações de
partículas que ao longo do tempo foram evoluindo/selecionando até este atual e
complexo produto sob forma de corpo/mente provida de pensamentos e emoções…
*
Conforma-me ter
nascido e vivido com o privilégio de pensar livremente…
Conforma-me a
consciência de poder sempre optar pelo mais plausível…
E a verdade é que
tal me permite levar a simples e estável vida que sempre sonhei, realizada
praticamente a todos os níveis…
---
/ ---
Autor:
Carlos Silva
Data: 2012-07-05
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.
Direitos reservados.
--- / ---
Sem comentários:
Enviar um comentário