2023-02-17

0329. Comissão Independente

 


Dizia em 2010, o então vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. António Marto que em Portugal “não existem casos concretos de pedofilia no seio da igreja Católica e que não se justificava a criação de uma Comissão" para analisar a questão.

 

Nesse mesmo ano, em Assembleia Plenária na Conferência Episcopal Portuguesa, em Fátima, os bispos descartaram completamente a possibilidade de ser criada a dita “Comissão”.

Referiram apenas, em comunicado, que estavam "atentos à situação" assegurando que se orientavam pelas “instruções do Vaticano”, datadas de 2003, que referem que "o responsável primeiro é o bispo da diocese, que terá de receber as denúncias, verificar se têm fundamento e posteriormente instaurar o processo, respeitando a lei civil de cada país".

 

Após a divulgação de inúmeros escândalos de pedofilia no seio da Igreja Católica por todo o mundo, de grande pressão social, eis que é finalmente criada em Portugal uma “Comissão Independente” para analisar os casos de pedofilia no seio da Igreja Católica.

 

Entretanto “A Comissão Independente” tornou públicas as conclusões do seu trabalho levado a cabo durante o ano de 2022.

 

Eis, em síntese, algumas das suas principais conclusões:

 

-           A Comissão estima um universo, “no mínimo”, de 4.815 vítimas de abusos no contexto da Igreja;

-           Foram validados 512 testemunhos (apesar de terem sido recebidos 564);

-           Foram remetidos 25 casos ao Ministério Público;

-           14,3% dos abusos ocorreram nos confessionários;

-           48% das vítimas falaram pela primeira vez sobre os abusos de que foram vítimas à Comissão Independente;

-           77% dos agressores eram padres;

-           Só 4% das vítimas reportaram as situações de abuso às autoridades;

-           A Comissão termina, ainda em fevereiro, uma lista dos “abusadores ativos”, que vai enviar ao Ministério Público e à Igreja;

-           Lisboa, Porto e Coimbra são os distritos com mais casos reportados (mas “os abusos estão espalhados por todo o país”);

-           Quase 60% dos abusos aconteceram entre as décadas de 1960 e 1980;

-           A Comissão só teve acesso aos arquivos da Igreja sete meses depois do início do início do estudo;

-           19 bispos foram entrevistados pelos membros da Comissão — o que significa que duas dioceses não responderam (um bispo e um administrador diocesano);

-           Comissão sugere alargamento do prazo de prescrição dos crimes de abusos sexuais para o momento em que as vítimas perfaçam 30 anos de idade (atualmente, esse prazo está nos 23 anos de idade);

-           De acordo com um conjunto de 217 estudos consultados pela Comissão, 18% de meninas e 8% de meninos são abusadas até aos 18 anos (por familiares, educadores ou outros).

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-02-13
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2023-02-12

0328. "Serviço religioso"

 


Um amigo comentou numa das minhas publicações…

 

“Não acreditam, mas usam os serviços religiosos!”

 

“Serviços religiosos”?!... que serviços religiosos?!

 

Fui realmente “batizado”!...

Fui batizado quando ainda não tinha consciência nem capacidade de decisão, sem que nunca, ninguém, me tivesse perguntado se aceitava ou não tal “serviço religioso”.

Na realidade, ainda hoje não consigo entender a utilidade deste “serviço”, mas entendo perfeitamente o seu propósito económico e a sua finalidade de marcação de identidade católica para efeitos estatísticos de um Estado laico, que, no meu caso, e decerto no de muita gente, não só não corresponde à verdade, como viola completamente os princípios da minha racionalidade.

Felizmente que tal “serviço” e toda a doutrinação infantil que envolve o cerimonial católico, não é vinculativo e não me impediria de continuar a raciocinar livremente como agora mesmo o faço. Raciocinando logicamente e sendo livre como sou, como poderia ser, ter ou pertencer a alguma religião?!

 

Casei realmente numa igreja!...

Casei numa igreja e usufrui de mais um “serviço religioso”, que como todos os serviços, foi muito bem pago, em dinheiro vivo, livre de impostos e sem direito a qualquer fatura!

Casei numa igreja porque nasci e cresci neste meio ancestralmente católico… mas também o podia ter feito num salão de festas ou num estádio de futebol sem a presença do prestador do serviço… ser-me-ia indiferente uma vez que apenas me importava a união e a respetiva celebração.

Casei numa igreja porque os familiares, também eles manipulados por este sistema, assim o desejaram e entendi que não valia a pena contrariar a sua vontade… -um autêntico pecado se o fizesse!

 

Vou realmente a funerais!…

Vou também a este “serviço religioso”!…

Vou a este “serviço” como forma de despedida e homenagem a amigos e familiares…

Acompanho alguns cortejos fúnebres até ao cemitério onde vou com alguma regularidade por lá se encontram os meus avós e o meu pai que recentemente faleceu… pelo respeito que me merecem e sobretudo pelo que me ajudaram a ser o que sou.

 

Não sou frequentador de “missas” …

Não sou frequentador deste “serviço religioso”, mas confesso que já assisti a alguns…

Recordo uma “missa” na companhia da Luísa e sogra, pela “alma” (memória!) do meu sogro e de mais uma dúzia de pessoas cujos nomes completos seriam pausadamente mencionados aos familiares presentes que a ordenaram e pagaram.

Durante a celebração deste “serviço”, ser-me-ia solicitado dinheiro por 4 vezes!...

Uma vez para a missa… duas para uma bolsinha durante a celebração… e mais outra à saída para “ajudar as alminhas”, que só o padre saberá quais!…

Um fiel paroquiano poderá pagar aproximadamente um total de 20 € por este “serviço religioso” que consistiu numa pequena palestra acompanhada de leitura do nome dos defuntos e algumas passagens mais suaves da Bíblia.

 

Qual a utilidade destes “serviços religiosos”?!

Cada um que pense o que entender…

 

Casamentos, cerimónias fúnebres e festas populares são heranças culturais perfeitamente naturais e sempre existiram em qualquer sociedade…

A religião deturpou e apropriou-se dos seus valores associando-os a celebrações religiosas sustentadas em “serviços religiosos” cujo objetivo principal é, obviamente, extorquir dinheiro aos seus rebanhos. Dinheiro para alimentar a igreja católica e manter acesa a chama da sobrevivência à custa da ignorância dos mais pobres e desfavorecidos.

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-02-01
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2023-02-08

0327. Tempo

 


Não te esqueças que o tempo não para

Não te esqueças de soltar a letra e a voz

Não te esqueças de soltar o coração até à foz

Não te esqueças que o tempo corre veloz

 

Não te esqueças que o tempo não para

Não te esqueças de nada deixar por dizer

Não te esqueças que só agora o podes fazer

Não te esqueças que só agora podes viver

 

Ama e aproveita tudo o que tens para aproveitar

Ama e recupera tudo o que ainda podes recuperar

Ama e recorda tudo para que nada seja esquecido

 

Ama e abarca tudo o que puderes abarcar

Ama e abraça toda a gente que puderes amar

Ama o momento assim o tempo não seja perdido

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-01-22
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0326. Respeito

 


Respeito a fé tal como respeito a não-fé

Respeito todos os entes crentes e descrentes

Respeito todos os conscientes e inconscientes

 

Não me peçam para respeitar a fé ou fantasia de alguém

Acreditar não valida nem faz existir nada nem ninguém

Por isso não me peçam que respeite o que não existe

 

Não merece respeito quem deprecia e maltrata uma mulher

Não merece respeito quem mutila e viola uma criança

Não merece respeito quem burla e explora por delusão

 

Não me peçam para acreditar em curas promessas e milagres

Não me peçam para acreditar em ressurreições ou eternidades

Não me peçam para respeitar o que não merece respeito

 

Não me imponham silêncio por submissão ou por omissão

Não me ameacem com punição nem assassinem a razão

Porque o Respeito é racional tal como a Liberdade de Expressão

 

 

PS:

Não critico pessoas…

Não critico a liberdade de acreditar…

Critico crenças e demências!

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-01-29
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2023-02-06

0325. Dança do Sol

 

 

Quem é que não ouviu já falar da “Dança do Sol”?

 

Para os mais crédulos e inocentes terá sido um fenómeno extraordinário do Sol ocorrido na Cova da Iria que esteve na origem do “milagre de Fátima”: a prova absoluta da autenticidade das aparições.

 

Para os mais atentos e informados, não terá sido mais do que um simples e natural fenómeno meteorológico, que, de resto, poderá acontecer em qualquer lugar. Tem por nome “parélio” e normalmente acontece quando o Sol atravessa uma nuvem feita de cristais de gelo que repartem a luz, dando uma perspetiva visual de diversos “sóis” no céu.

 

Sim, porque considerar a dança ou o deslocamento do Sol, tal significaria obviamente a destruição do sistema solar. Com tal aceleração gravitacional nesta altura estaríamos todos em companhia dos anjinhos a navegar eternamente no espaço sideral.

 

Algumas mentes iluminadas, destacadas figuras públicas a nível político e religioso, têm vindo ultimamente a público defender a “dança” como a origem do “milagre”, como se o astro rei os tivesse brindado com uma valsa à moda antiga. Esqueceram-se, porém, de perguntar se ele (Sol) realmente quereria dançar com elas.

 

É que duvido que o Sol quisesse dançar com semelhantes criaturas terrenas!

 

Decerto consideraria desprezível... ou, no mínimo, ofensivo por violar as leis da física!

 

Felizmente que nenhum homem de ciência, e certamente também nenhum cidadão na plena posse de todas as suas faculdades mentais, dá qualquer crédito a esta “Dança do Sol” …

 

Vamos então aguardar a “Dança”!

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-02-02
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0324. "O maior evento das nossas vidas"

 

 

Diz Carlos Moedas que as Jornadas Mundiais da Juventude serão “o maior evento das nossas vidas” e que “o retorno será maior do que o investimento”.

 

“O maior evento das nossas vidas?!”

 

“Nossas” de quem?!

 

Só se for o maior evento da sua vida… ou, eventualmente, dos seus interesses políticos e económicos!

Só se for o maior evento da vida de uns milhares de inocentes jovens crentes que o irão pagar conjuntamente com os mesmos de sempre: os contribuintes -incluindo os que não concordam.

Só se for o maior evento da vida de alguns líderes católicos que o organizam… -estes, sim, lucrarão com ele!

Sim, porque, certamente, as famílias carenciadas e os pobres pedintes que deambulam pelas ruas de Lisboa e Loures nem a cor do dinheiro chegarão a ver!

 

Será que este “senhor”, à frente do destino da capital de Portugal, estará realmente a falar a sério?!

Estamos em pleno século XXI, correto? Desmintam-me se estou enganado!

Em pleno século XXI, um evento religioso, “o maior evento das nossas vidas”?!

 

Presumindo que este senhor esteja a ser sincero (não acredito!), torna-se realmente um assunto muito mais grave!

 

É que, independentemente do retorno económico que o evento poderá ter para o comércio e para a divulgação do país, servirá essencialmente para manter acesa a chama da religião católica um pouco por todo o mundo e em especial em Portugal onde ainda se encontra bastante enraizada.

 

Trata-se da visita de um líder religioso que vem com o exclusivo objetivo de doutrinar mais uma geração de jovens crentes em troca de apoio incondicional e sobretudo do seu dinheiro… o autêntico deus de todas as crenças!

Onde está a utilidade pública deste género de eventos que ao longo de séculos tem propagado os seus dogmas e vivido à custa do dinheiro, da ignorância, do sangue e do suor dos mais pobres e fiéis seguidores?

 

Quem ainda não adquiriu sensibilidade e maturidade suficiente para abarcar as causas e consequências desta persistente e massacrante doutrinação infantil, escusando-se no argumento de que se trata apenas de um evento de utilidade pública, decerto não terá memória de alguns dos holocaustos mais marcantes da história da humanidade. Mais grave, não terá sequer pensado nas dramáticas consequências que poderá ter no futuro destes jovens… que podem muito bem ser os seus filhos ou netos!

 

É simplesmente humilhante ver um país organizar uma “missa” de largos milhões de euros à custa do erário público numa altura em que o Zé Povinho estica os cêntimos para chegar ao fim do mês e conseguir pôr o pão na mesa dos seus filhos…

 

O tema do momento tem sido o exorbitado custo do palco da cerimónia e quem paga os milhões do “maior evento” da vida dos católicos.

A resposta não será muito difícil de obter se as contas forem realmente bem feitas e expostas publicamente… de resto, se olharmos para a pobreza de Portugal e para a opulência do Vaticano, as imagens não serão certamente muito diferentes!

 

Com algum sentido de humor, alguns jornalistas, livres-pensadores, titularam-no como “O maior evento da vida do senhor Moedas”!

Não diria melhor pois é da competência do “senhor Moedas” a organização do evento que tem precisamente como principal objetivo coletar “moedas” para a Igreja Católica.

Só não lhe chamaria “o maior evento das nossas vidas” (porque da minha não é, certamente!), mas sim uma das maiores vergonhas de Portugal.

 Um autêntico retrocesso civilizacional.

O futuro encarregar-se-á de o demonstrar!

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-02-02
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