2023-03-03

0334. "Impossível"

 


Porque é que é possível um homem ser ordenado “padre” ou “bispo” e uma mulher impossível?!

 

Quando a comunicação social questiona algum líder religioso sobre o que pensa sobre o "celibato ou o casamento dos padres", as "mulheres serem ordenadas padres ou bispos", os "recasados efetuarem a comunhão", ou os "homossexuais terem os mesmos direitos que qualquer outra pessoa", normalmente as respostas são evasivas, para não dizer controversas, e muitas vezes, contra as diretrizes do próprio Vaticano.

 

Tomemos como exemplo as palavras de Monsenhor Duarte da Cunha, Pároco de Santa Joana Princesa, Lisboa…

 

“Acho impossível a ordenação de mulheres” … “por causa da identificação com Jesus Cristo”.

“Há diferenças entre os dois sexos. Não é que uns sejam melhores do que outros, são complementares.

(…)

Há coisas que posso responder com conveniências, como diria São Tomás de Aquino. São Tomás usava muito: ‘Não sei porquê, mas vejo que havia conveniências’.

Foi o que Deus decidiu.

Ultimamente a doutrina da Igreja sobre o sacerdócio exclusivo para os sacerdotes está enraizada numa autoridade que é maior do que a nossa capacidade de compreender.

Jesus escolheu assim.

Sou alguém para poder mudar o que Jesus escolheu?”

 

Ora, Monsenhor Duarte da Cunha, acha que é impossível… porque foi “Deus” que decidiu e escolheu que assim seja!

Não concordo que tal decisão esteja além da “capacidade de compreensão humana” … pelo contrário, creio que até é bastante fácil explicar e sobretudo entender.

É evidente que, ao longo de séculos, a Igreja Católica sempre discriminou, menosprezou e subjugou a mulher atribuindo-lhe um papel secundário…

Quando, numa sociedade livre e democrática como a atual, é confrontada com a acusação de discriminação… o que é que faz?

Simplesmente remete a culpa para a “escolha de Deus” … e nunca para as escolhas ou decisões humanas, afinal, os criadores das entidades divinas!

 

Nunca é demais recordar que…

A igualdade de direitos das mulheres constitui um princípio essencial das Nações Unidas e são parte inalienável dos Direitos Humanos universais.

 

“A participação plena das mulheres, em condições de igualdade, na vida política, civil, económica, social e cultural, bem como a erradicação de todas as formas de discriminação com base no sexo, constituem objetivos prioritários da comunidade internacional.”

 

“Em praticamente todas as sociedades e em todos os domínios de atividade, as mulheres são vítimas de desigualdades de direito e de facto.

Esta situação tem origem e é agravada pela discriminação que existe no seio da família, da comunidade e no local de trabalho. Apesar das causas e consequências não serem as mesmas em todos os países, a discriminação contra as mulheres existe por todo o lado, sendo perpetuada pela subsistência de estereótipos, práticas e convicções tradicionais de natureza cultural e religiosa prejudiciais às mulheres.”

 

Claro que é possível!

 

Basta crer… e querer!

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-03-01
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2023-02-23

0333. Inocentes

 


Crianças inocentes são doutrinadas e transformadas em adultos obedientes e inscientes.

Adultos obedientes e inscientes são explorados ao longo de gerações e gerações, convictos que é impossível viver plenamente sem ajuda e companhia do seu fiel amigo imaginário, que, supostamente, os protege e orienta na sua vida de devoção e submissão.

Se se comportarem mal, no final, serão encaminhados para as profundezas do “inferno” onde serão eternamente condenados a um ardente tormento e sofrimento.

Se se comportarem bem, no final, ser-lhes-á reservado um exclusivo lugar no “paraíso” onde permanecerão eternamente na companhia de todos os abençoados privilegiados.

Só uma mente inocente e insciente pode imaginar semelhante cenário!

Só uma mente inocente e insciente pode imaginar que a sua incondicional e absoluta fé pressupõe uma inequívoca prova da existência do seu amigo imaginário.

 

Na realidade trata-se de um gigantesco esquema em pirâmide meticulosamente pensado e criado ao longo de séculos, que tem vindo a passar de pais para filhos, sobretudo quando estes ainda não têm conhecimento e estruturas mentais capazes de distinguir a fantasia de realidade.

Uma autêntica multinacional que, sem o mínimo pudor, produz e explora um produto fictício suportado por contínuas e massacrantes campanhas de doutrinação e marketing.

O seu principal objetivo é, obviamente, o poder, o domínio e a exploração dos mais pobres e desfavorecidos.

 

São estas inocentes crianças e estes inscientes adultos que alimentam e mantêm acesa a sua chama!

 


Autor: Carlos Silva
Data: 2023-01-01
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Obs.:
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2023-02-22

0332. CEP

 


Em 2010, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) reuniu em Fátima, tendo, na altura, os bispos descartado completamente a ideia de ser criada uma Comissão para avaliar os casos de pedofilia no seio da Igreja Católica.

Em comunicado, referiram apenas que estavam "atentos à situação" e que se orientavam pelas “instruções do Vaticano” datadas de 2003, que referem que "o primeiro responsável é o bispo da diocese que terá de receber as denúncias, verificar se têm fundamento e posteriormente instaurar processo, respeitando a lei civil de cada país".

 

Em 2022, o bispo da diocese de Leira-Fátima, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, confessou publicamente que foram “abafados casos de abusos sexuais de menores na igreja católica”, pedindo “perdão às crianças vítimas de abusos sexuais” por parte de padres da igreja católica, garantindo que “os visados serão excluídos da igreja se forem condenados”.

 

Em fevereiro de 2023, o Reverendíssimo presidente da CEP recebeu o relatório da Comissão Independente (CI) para o Estudo de Abusos Sexuais contra Crianças no seio da Igreja Católica, elaborado com base em testemunhos reais de vítimas ocorridos nos últimos 70 anos, e a propósito do mesmo, referiu o seguinte:

“Recebemos com profunda emoção e agradecimento o vosso relatório” que vai ser lido “com toda a atenção” para “fazer jus aos dramas que foram revelados” e à “seriedade” do trabalho desenvolvido pelos membros da CI.

“Está marcada uma Assembleia Extraordinária da CEP para o início de março para “assumir” e “refletir” sobre o seu conteúdo. É uma “missão que recebemos de Deus””.

 

Se em 2010 a CEP não justificava a criação de uma Comissão de Avaliação, é de todo evidente que, depois de criada, e apresentado o seu rigoroso trabalho, terá mudado de opinião, uma vez que se verifica precisamente o contrário:

“512 casos documentados, cinco mil denunciados, decerto uma ínfima parte dos que se verificaram na realidade... demasiados para "descartar" a criação de uma Comissão!

 

Terá “Deus” dado por missão, ou ordenado ao CEP a ocultação de pedófilos?

 

Se em 2022 o Reverendíssimo presidente da CEP confessou que “foram abafados casos de abusos sexuais de menores na igreja católica; se pediu “perdão às crianças vítimas de abusos sexuais”; e se “os visados serão excluídos da igreja se forem condenados”; então, agora, o que realmente se impõe, é que seja feita justiça.

É preciso apurar responsabilidades de abusadores e encobridores, afastar os suspeitos dos abusos no ativo, e sobretudo proceder à indemnização das inúmeras vítimas.

 

Porque é que o sacerdócio continua a ser exclusivo a homens?

Porque é que os sacerdotes têm que viver em celibato?

Não serão estas medidas contrárias à natureza humana, e, de certa forma, estarem também na origem da pedofilia?

 

Mais do que assumir responsabilidades e pedir desculpa, impõe-se perceber o que terá estado na origem do fenómeno para que não se perpetue, o que obviamente não será tarefa fácil, tendo em conta que muitos desses “predadores sexuais” se encontram em seminários, colégios e paróquias, onde recebem e convivem em total liberdade com as vítimas, que, supostamente, deveriam estar sob a sua guarda.

 

Mais do que assumir responsabilidades e pedir desculpa, meu caro Reverendíssimo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, é seu dever, denunciar e não ocultar os casos de pedofilia no seio da Igreja Católica e “instaurar os respetivos processos, respeitando a lei civil de cada país”.

 


Nota: D. José Ornelas referiria que a questão do apoio às vítimas relativamente às indemnizações, “é clara: tanto no Direito Canónico como no direito Civil. Se há um mal feito por alguém, esse alguém é que é o responsável pela indemnização”.


Autor: Carlos Silva
Data: 2023-02-13
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2023-02-21

0331. Liberdade de Expressão


 

A Liberdade de Expressão é imortal e intemporal

Ninguém pode calar a liberdade de expressão

 

Não adianta desembainhar espadas ou lamber feridas

Não adianta exortar estátuas ou disparar balas perdidas

Não adianta perpetrar suicidas apagar caricaturas ou vidas

 

É preciso contestar ameaças e questionar convicções

É preciso enfrentar ofensas e facilitar trocas de opiniões

É preciso desmascarar mitos crenças e ilusões

É preciso contrariar sacrifícios submissões e devoções

É preciso desmistificar dogmas milagres e sermões

 

É preciso estimular o pensamento crítico e racional

É preciso satirizar o absurdo o blasfemo e o irracional

É preciso despertar a dissonante ideia de bem e de mal

É preciso despertar quem por si não se pode libertar

 

A liberdade de expressão é um direito fundamental de toda a gente

A liberdade de expressão é o pilar fundamental do pensamento consciente

É preciso coragem para observar e pensar diferente

 

A Liberdade de Expressão

 

Insulta a intolerância e o extremismo

Insulta a hipocrisia e o radicalismo

Exulta a igualdade a tolerância e a verdade

Exulta a racionalidade e a humanidade

 

A Liberdade de Expressão é imortal e intemporal

Ninguém pode calar a liberdade de expressão

 

E se discordar

Exerça o seu direito de opção

Exerça a sua plena liberdade de expressão

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-01-20
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2023-02-19

0330. Sede

 



Por vezes deparo comigo ao sol a desejar que chova…

Por vezes deparo comigo à chuva desejando apenas saciar a minha sede…

Quer faça sol ou chuva, deparo sempre comigo a recordar e imaginar, desejando apenas saciar a minha sede…

Sede dos beijos e abraços que te dei!

Sede de amor no calor daquela tempestade onde te amei!

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-01-19
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2023-02-17

0329. Comissão Independente

 


Dizia em 2010, o então vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. António Marto que em Portugal “não existem casos concretos de pedofilia no seio da igreja Católica e que não se justificava a criação de uma Comissão" para analisar a questão.

 

Nesse mesmo ano, em Assembleia Plenária na Conferência Episcopal Portuguesa, em Fátima, os bispos descartaram completamente a possibilidade de ser criada a dita “Comissão”.

Referiram apenas, em comunicado, que estavam "atentos à situação" assegurando que se orientavam pelas “instruções do Vaticano”, datadas de 2003, que referem que "o responsável primeiro é o bispo da diocese, que terá de receber as denúncias, verificar se têm fundamento e posteriormente instaurar o processo, respeitando a lei civil de cada país".

 

Após a divulgação de inúmeros escândalos de pedofilia no seio da Igreja Católica por todo o mundo, de grande pressão social, eis que é finalmente criada em Portugal uma “Comissão Independente” para analisar os casos de pedofilia no seio da Igreja Católica.

 

Entretanto “A Comissão Independente” tornou públicas as conclusões do seu trabalho levado a cabo durante o ano de 2022.

 

Eis, em síntese, algumas das suas principais conclusões:

 

-           A Comissão estima um universo, “no mínimo”, de 4.815 vítimas de abusos no contexto da Igreja;

-           Foram validados 512 testemunhos (apesar de terem sido recebidos 564);

-           Foram remetidos 25 casos ao Ministério Público;

-           14,3% dos abusos ocorreram nos confessionários;

-           48% das vítimas falaram pela primeira vez sobre os abusos de que foram vítimas à Comissão Independente;

-           77% dos agressores eram padres;

-           Só 4% das vítimas reportaram as situações de abuso às autoridades;

-           A Comissão termina, ainda em fevereiro, uma lista dos “abusadores ativos”, que vai enviar ao Ministério Público e à Igreja;

-           Lisboa, Porto e Coimbra são os distritos com mais casos reportados (mas “os abusos estão espalhados por todo o país”);

-           Quase 60% dos abusos aconteceram entre as décadas de 1960 e 1980;

-           A Comissão só teve acesso aos arquivos da Igreja sete meses depois do início do início do estudo;

-           19 bispos foram entrevistados pelos membros da Comissão — o que significa que duas dioceses não responderam (um bispo e um administrador diocesano);

-           Comissão sugere alargamento do prazo de prescrição dos crimes de abusos sexuais para o momento em que as vítimas perfaçam 30 anos de idade (atualmente, esse prazo está nos 23 anos de idade);

-           De acordo com um conjunto de 217 estudos consultados pela Comissão, 18% de meninas e 8% de meninos são abusadas até aos 18 anos (por familiares, educadores ou outros).

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-02-13
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