2018-01-25

0025. Universo intelectual






Perante toda a realidade humana, que se perpetua no mais maravilhoso mistério…
Perante toda a amplitude Universal, que se perpetua no mais deslumbrante mistério…
Perante toda esta consciente incapacidade de abarcar sequer a minha insignificante realidade...
Resigno-me.
Resigno-me e limito-me a saborear a Vida!
Resigno-me e limito-me a delinear todo este precioso universo de intelectualidade onde constantemente me debato.
Mergulho sem saber se a algum lado chegarei... ou sequer ao Fim que terei!
Mergulho acompanhado por Mim... neste admirável vastidão, na mais pura e ampla liberdade (a reflexão clama por calma, plenitude não apenas exterior mas sobretudo interior) …
Eis que afloram, numa incrível sobreposição de conteúdos, imagens reais e imaginárias…
Eis que afloram, num magnificente atropelo psíquico pintando toda esta paisagem de sonho/realidade…

Independentemente do seu próprio significado, ou do sabor que despertam, eis que fica a relatividade destas associações simbólicas deixadas ao sabor da futura realidade...



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Autor: Carlos Silva
Data: 1995-07-??
Imagem: Internet
Obs: Resigno-me…
Direitos reservados.

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2018-01-24

0024. Mundo







Quem não pensa, ainda que ocasionalmente, na perda do seu Mundo?[1]
Outros-mundos-continuarão, mas pela minha perda Nada serão!...
Não haverá Meu-Mundo do Mundo... tão somente Mundo fora do Meu-Mundo-perdido!
Urge uma dor caótica, imensa, uma recusa metafísica à essência, um pavoroso fechar d’ olhos, um devolver da mente e corpo... à legitimidade da Vida!

Penso o corpo da realidade...
Penso a exaltação máxima dos sentidos...
Penso abandonar todas as Metafísicas e todas as possíveis respostas para aquele atemorizador pensamento inicial...
Penso naquele rosto de mulher e imagino infielmente as suas palavras nuas e cruas…
Penso na banalidade de palavras como estas…
Mas apenas para deixar de pensar na sensação de pensar na perda do meu Mundo existencial.

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Autor: Carlos Silva
Data: 1996-08-22
Imagem: Internet
Obs: Perda do “mundo-existencial”
Direitos reservados.
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[1]Eu

2018-01-23

0023. Canto e encanto





Este encanto que naturalmente canto
Encanta o canto e o pranto que vivem em mim
Encanta desde o princípio meio até ao fim
Encanta admiravelmente porque assim o canto

Encanta este alegre palhaço de puro sentimento
Encanta este livre pássaro que voa plenamente
Encanta quem quiser rir e voar superficialmente
Encanta quem quiser apenas viver este momento

Porque é neste momento que pode ser alguém
Porque é neste momento que pode amar alguém
Não sendo canto nem encanto de ninguém

Canto que canta e encanta leva-o o vento
Leva o canto e encanto deste mero pensamento
Leva o canto e encanto do mero entendimento


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Autor: Carlos Silva
Data: 1995-07-??
Imagem: Internet
Obs: Conhecimento…
Direitos reservados.
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2018-01-22

0022. Nada






Por momentos admiti[1] a Verdade do Fim…

Quem não pensou já na finitude do seu Eu… em Nada?!
Quem não sentiu já a imagem da perda do seu Mundo-existencial? (o Nada-do-Nosso-Mundo derramado pelo Mundo... em Cinzas-de-nada... -só um insensível não o admitirá... até o mais integro e perfeito dos ascetas se terá interpelado: “e depois?!”).

Por momentos admiti[2] a Verdade do Fim.

Admiti a mortalidade.

Admiti ser um simples animal do mundo.

Admiti ser tão-somente este Presente.

Perante o chão da minha consciência deparo com o eterno abismo Humano.

Perante a consciência do meu chão deparo com a efémera realidade da Vida.

Magoa pensar a Verdade-Possível do nosso Ser... 
Afrontar esta simples abstração… eis a minha única fé!
Enfrentar esta simples e efémera sensação de Ser que admite contemplar... contemplá-la... é algo maravilhoso!

Beijos, abraços…
Emoções físicas e psicológicas...
Todas as imensas sensações do dia…

Nada...

A mente perdeu-se em banais-nadas… eventualmente rejeitando a crueldade do… Nada!


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Autor: Carlos Silva
Data: 1995-07-??
Imagem: Internet
Obs: Nada…
Direitos reservados.

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[1]Senti
[2]Senti

2018-01-21

0021. Vida






Sinto o palpitar do coração...
Sinto esta leve brisa percorrer-me os lábios, as veias, a massa cinzenta... todo o corpo.
Sinto o mais concreto possível o que de abstrato se me afigura... -e assim vou caminhando pelas inteligíveis encruzilhadas da vida.
Ser Alguém, no meio de Tudo, é muito para este mero ato cognitivo...
Mas que sentido para toda esta vida?
Para quê o que penso, faço ou escrevo sobre esta Vida?
O que Sou realmente nesta vida?
Talvez uma ínfima parte de quase-nada... ou nada!...
Talvez uma ínfima parte de vida que não vale quase nada neste mundo onde pouca coisa vale mais do que uma simples vida!
Mas haverá algo mais belo que a Vida?

Haverá obra mais perfeita?


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Autor: Carlos Silva
Data: 1995-07-??
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.

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2018-01-20

0020. Escrever...






E se no fim de escrever-me questionar:
Porque não me sinto satisfeito?
E se no fim de questionar eventualmente não conseguir responder?!
Certamente que não me irei importar!
Porque o que importa é o Agora[1]!
Porque na verdade o que importa é esta satisfação que vai emergindo... (assim o “engenho e a arte” se igualem ao sentimento!)...
Não sei até que ponto me aproximarei da Verdade!
Mas algo vou dizer para alimentar meu espírito[2] e o espírito de quem por aqui passar...
Saber qual a letra mais perfeita para o amor, para o sentimento ou para o sofrimento não será decerto o mais importante... importa sim cada um amar, sentir ou sofrer com qualquer letra!
Mesmo não estando absolutamente satisfeito!


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Autor: Carlos Silva
Data: 1995-07-16
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.

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[1]Presente
[2]Pensamento