2023-03-09

0336. "Lista de nomes"

 


Pergunta a Antena 1, aos seus ouvintes, em Antena Aberta, se “os abusos sexuais correm o risco de cair no esquecimento?”

 

A resposta, obviamente, só pode ser uma… Não!

Claro que não!

 

Após o Bispo José Ornelas ter afirmado que o que tinha sido entregue pela Comissão Independente era apenas uma “lista de nomes”, tornou-se evidente que a Igreja Católica não vai denunciar os pedófilos escusando-se no seu “Direito Canónico”, na falta de provas e sobretudo no argumento de que se pode estar a condenar um inocente.

A Igreja Católica não vai afastar os suspeitos, porque, supostamente, é mais importante a presunção de inocência dos abusadores que o sofrimento das crianças!

Todos temos o direito à presunção de “inocência” … mas, perante a lei, um sacerdote não é mais nem menos que um treinador, um político, ou qualquer outro… pelo que é perfeitamente lícito proceder à suspensão e afastamento preventivo de um suspeito enquanto decorrem as averiguações.

“A suspensão não é uma condenação. É importante suspender porque, do ponto de vista psiquiátrico, há grandes probabilidades de estas pessoas repetirem o comportamento” .

Posteriormente, é sempre possível reintegrar no caso de inocência, ou condenar no caso de culpa.

 

Na realidade não se trata de uma simples “lista de nomes” que “caiu do céu” …

Trata-se de uma lista “obtida a partir de denúncias de vítimas” e da “consulta dos arquivos secretos da igreja” que tem como resultado final a junção de ambas.

 

Qualquer bispo tem autonomia para afastar preventivamente os suspeitos…

No entanto, mais uma vez, a maioria optou por não o fazer… pela ocultação… pela prescrição… pelo prolongamento no tempo no intuito que caia no esquecimento…

 

Alguns propuseram o perdão a condenados na justiça, tendo em conta o seu arrependimento e tentativa de mudança de comportamento… afinal, “todos somos pecadores, todos somos limitados, todos temos falhas!”.

Outros justificaram o não afastamento com um estado depressivo… que não pressupõe que seja considerado “pedófilo compulsivo” … digamos apenas… “pedófilo de ocasião”… o que de certa forma, para o coitado, será uma “dor que ficará para toda a vida!”.

 

Não!...

A sociedade civil não só não vai esquecer como também não se irá calar enquanto não forem afastados, julgados e punidos os responsáveis pela violação de crianças.

 

 

*

 

A finalizar, o Bispo José Ornelas, anunciou que no decorrer das “Jornadas da Juventude” irá ser criado um “Memorial às vítimas de abusos sexuais na Igreja” e posteriormente perpetuado num espaço exterior em Fátima.

 

“Memorial às vítimas”?!

 

Só se for um Memorial da Vergonha!

 

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-03-11
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Obs.:
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2023-03-05

0335. O comboio não volta mais

 


O comboio do amor passou e não volta mais

Não adianta recordar ou suplicar a mil fés

Não adianta cruzar os braços pernas e pés

 

Quando perdes o comboio do primeiro amor

Perdes a perfeição da única viagem da tua vida

Perdes a perfeição e ficarás para sempre perdida

 

Não adianta procurar conforto e consolo na saudade

Não adianta imaginar o amor que apenas podes desejar

Não adianta desejar o ser que apenas podes imaginar

 

Quando perdes a loucura de amar assim perdidamente

Resta apenas ficar só acompanhada e eternamente ausente

Resta apenas ficar nua ardente e completamente carente

 

Resta a perfeição duma ilusão perdida e uma amarga desilusão

Resta um amor-perfeito desperdiçado em prantos e cantos banais

Resta apenas o comboio do amor que passou e não volta mais

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2022-10-07
Imagem: Internet
Obs.:
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2023-03-03

0334. "Impossível"

 


Porque é que é possível um homem ser ordenado “padre” ou “bispo” e uma mulher impossível?!

 

Quando a comunicação social questiona algum líder religioso sobre o que pensa sobre o "celibato ou o casamento dos padres", as "mulheres serem ordenadas padres ou bispos", os "recasados efetuarem a comunhão", ou os "homossexuais terem os mesmos direitos que qualquer outra pessoa", normalmente as respostas são evasivas, para não dizer controversas, e muitas vezes, contra as diretrizes do próprio Vaticano.

 

Tomemos como exemplo as palavras de Monsenhor Duarte da Cunha, Pároco de Santa Joana Princesa, Lisboa…

 

“Acho impossível a ordenação de mulheres” … “por causa da identificação com Jesus Cristo”.

“Há diferenças entre os dois sexos. Não é que uns sejam melhores do que outros, são complementares.

(…)

Há coisas que posso responder com conveniências, como diria São Tomás de Aquino. São Tomás usava muito: ‘Não sei porquê, mas vejo que havia conveniências’.

Foi o que Deus decidiu.

Ultimamente a doutrina da Igreja sobre o sacerdócio exclusivo para os sacerdotes está enraizada numa autoridade que é maior do que a nossa capacidade de compreender.

Jesus escolheu assim.

Sou alguém para poder mudar o que Jesus escolheu?”

 

Ora, Monsenhor Duarte da Cunha, acha que é impossível… porque foi “Deus” que decidiu e escolheu que assim seja!

Não concordo que tal decisão esteja além da “capacidade de compreensão humana” … pelo contrário, creio que até é bastante fácil explicar e sobretudo entender.

É evidente que, ao longo de séculos, a Igreja Católica sempre discriminou, menosprezou e subjugou a mulher atribuindo-lhe um papel secundário…

Quando, numa sociedade livre e democrática como a atual, é confrontada com a acusação de discriminação… o que é que faz?

Simplesmente remete a culpa para a “escolha de Deus” … e nunca para as escolhas ou decisões humanas, afinal, os criadores das entidades divinas!

 

Nunca é demais recordar que…

A igualdade de direitos das mulheres constitui um princípio essencial das Nações Unidas e são parte inalienável dos Direitos Humanos universais.

 

“A participação plena das mulheres, em condições de igualdade, na vida política, civil, económica, social e cultural, bem como a erradicação de todas as formas de discriminação com base no sexo, constituem objetivos prioritários da comunidade internacional.”

 

“Em praticamente todas as sociedades e em todos os domínios de atividade, as mulheres são vítimas de desigualdades de direito e de facto.

Esta situação tem origem e é agravada pela discriminação que existe no seio da família, da comunidade e no local de trabalho. Apesar das causas e consequências não serem as mesmas em todos os países, a discriminação contra as mulheres existe por todo o lado, sendo perpetuada pela subsistência de estereótipos, práticas e convicções tradicionais de natureza cultural e religiosa prejudiciais às mulheres.”

 

Claro que é possível!

 

Basta crer… e querer!

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-03-01
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2023-02-23

0333. Inocentes

 


Crianças inocentes são doutrinadas e transformadas em adultos obedientes e inscientes.

Adultos obedientes e inscientes são explorados ao longo de gerações e gerações, convictos que é impossível viver plenamente sem ajuda e companhia do seu fiel amigo imaginário, que, supostamente, os protege e orienta na sua vida de devoção e submissão.

Se se comportarem mal, no final, serão encaminhados para as profundezas do “inferno” onde serão eternamente condenados a um ardente tormento e sofrimento.

Se se comportarem bem, no final, ser-lhes-á reservado um exclusivo lugar no “paraíso” onde permanecerão eternamente na companhia de todos os abençoados privilegiados.

Só uma mente inocente e insciente pode imaginar semelhante cenário!

Só uma mente inocente e insciente pode imaginar que a sua incondicional e absoluta fé pressupõe uma inequívoca prova da existência do seu amigo imaginário.

 

Na realidade trata-se de um gigantesco esquema em pirâmide meticulosamente pensado e criado ao longo de séculos, que tem vindo a passar de pais para filhos, sobretudo quando estes ainda não têm conhecimento e estruturas mentais capazes de distinguir a fantasia de realidade.

Uma autêntica multinacional que, sem o mínimo pudor, produz e explora um produto fictício suportado por contínuas e massacrantes campanhas de doutrinação e marketing.

O seu principal objetivo é, obviamente, o poder, o domínio e a exploração dos mais pobres e desfavorecidos.

 

São estas inocentes crianças e estes inscientes adultos que alimentam e mantêm acesa a sua chama!

 


Autor: Carlos Silva
Data: 2023-01-01
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Obs.:
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2023-02-22

0332. CEP

 


Em 2010, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) reuniu em Fátima, tendo, na altura, os bispos descartado completamente a ideia de ser criada uma Comissão para avaliar os casos de pedofilia no seio da Igreja Católica.

Em comunicado, referiram apenas que estavam "atentos à situação" e que se orientavam pelas “instruções do Vaticano” datadas de 2003, que referem que "o primeiro responsável é o bispo da diocese que terá de receber as denúncias, verificar se têm fundamento e posteriormente instaurar processo, respeitando a lei civil de cada país".

 

Em 2022, o bispo da diocese de Leira-Fátima, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, confessou publicamente que foram “abafados casos de abusos sexuais de menores na igreja católica”, pedindo “perdão às crianças vítimas de abusos sexuais” por parte de padres da igreja católica, garantindo que “os visados serão excluídos da igreja se forem condenados”.

 

Em fevereiro de 2023, o Reverendíssimo presidente da CEP recebeu o relatório da Comissão Independente (CI) para o Estudo de Abusos Sexuais contra Crianças no seio da Igreja Católica, elaborado com base em testemunhos reais de vítimas ocorridos nos últimos 70 anos, e a propósito do mesmo, referiu o seguinte:

“Recebemos com profunda emoção e agradecimento o vosso relatório” que vai ser lido “com toda a atenção” para “fazer jus aos dramas que foram revelados” e à “seriedade” do trabalho desenvolvido pelos membros da CI.

“Está marcada uma Assembleia Extraordinária da CEP para o início de março para “assumir” e “refletir” sobre o seu conteúdo. É uma “missão que recebemos de Deus””.

 

Se em 2010 a CEP não justificava a criação de uma Comissão de Avaliação, é de todo evidente que, depois de criada, e apresentado o seu rigoroso trabalho, terá mudado de opinião, uma vez que se verifica precisamente o contrário:

“512 casos documentados, cinco mil denunciados, decerto uma ínfima parte dos que se verificaram na realidade... demasiados para "descartar" a criação de uma Comissão!

 

Terá “Deus” dado por missão, ou ordenado ao CEP a ocultação de pedófilos?

 

Se em 2022 o Reverendíssimo presidente da CEP confessou que “foram abafados casos de abusos sexuais de menores na igreja católica; se pediu “perdão às crianças vítimas de abusos sexuais”; e se “os visados serão excluídos da igreja se forem condenados”; então, agora, o que realmente se impõe, é que seja feita justiça.

É preciso apurar responsabilidades de abusadores e encobridores, afastar os suspeitos dos abusos no ativo, e sobretudo proceder à indemnização das inúmeras vítimas.

 

Porque é que o sacerdócio continua a ser exclusivo a homens?

Porque é que os sacerdotes têm que viver em celibato?

Não serão estas medidas contrárias à natureza humana, e, de certa forma, estarem também na origem da pedofilia?

 

Mais do que assumir responsabilidades e pedir desculpa, impõe-se perceber o que terá estado na origem do fenómeno para que não se perpetue, o que obviamente não será tarefa fácil, tendo em conta que muitos desses “predadores sexuais” se encontram em seminários, colégios e paróquias, onde recebem e convivem em total liberdade com as vítimas, que, supostamente, deveriam estar sob a sua guarda.

 

Mais do que assumir responsabilidades e pedir desculpa, meu caro Reverendíssimo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, é seu dever, denunciar e não ocultar os casos de pedofilia no seio da Igreja Católica e “instaurar os respetivos processos, respeitando a lei civil de cada país”.

 


Nota: D. José Ornelas referiria que a questão do apoio às vítimas relativamente às indemnizações, “é clara: tanto no Direito Canónico como no direito Civil. Se há um mal feito por alguém, esse alguém é que é o responsável pela indemnização”.


Autor: Carlos Silva
Data: 2023-02-13
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