2023-12-07

0390. "Carpe diem"

 


Nascer, viver e morrer.

Vértices implacáveis do ser.

 

Ignorar, evitar, esquecer…

É indiferente!

A finitude da vida…

É evidente!

 

Enquanto temos tempo,

Enquanto temos noção do tempo,

Enquanto temos noção da vida,

Temos noção da morte!

Depois nada teremos.

É evidente e indiferente!

 

Somos inconscientes…

Perdemos tempo com inutilidades,

Com conflitos e barbaridades,

Com mitos e inverdades

Que nos roubam tempo…

Que roubam este precioso tempo de vida.

 

Esquecemo-nos de pensar,

Esquecemo-nos de dizer o que temos de dizer,

Esquecemo-nos de fazer o que temos que fazer,

Esquecemos de amar quem temos que amar,

Esquecemos de viver enquanto podemos viver,

Antes de envelhecer…

Antes de morrer!

 

Não abraçamos,

Não beijamos,

Não amamos,

Não vivemos plenamente,

Não vivemos naturalmente,

Enquanto temos tempo…

 

Perdemos o melhor que a vida nos pode dar…

Morremos antes de morrer…

E não sabemos!

 

Não aprendemos,

Não aprendemos a tempo de viver…

Não aprendemos porque morremos!

 

Não valorizamos a vida…

Não percebemos que estamos vivos…

Não percebemos que o amanhã pode não chegar…

Pode não existir amanhã!

 

Não percebemos a brevidade da vida…

Como a vida é tão breve na linha do tempo…

E como pode mudar a qualquer momento!

 

Só temos esta vida!

Só temos esta única e preciosa vida…

E a certeza da morte.

É evidente e indiferente!

 

Por isso vive intensamente…

Por isso vive AGORA!

E não apenas a memória do passado ou a ilusão do futuro.

 


Autor: Carlos Silva
Data: 2022-02-06
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Obs.:
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0389. Pessoas especiais

 


Nos anais d’ um soneto por entre símbolos e sinais

Deixo este meu tributo a todas as Pessoas Especiais

Pessoas aparentemente comuns tidas como banais

Pessoas naturalmente distintas dos comuns mortais

 

Pessoas completamente exemplares meros errantes

Pessoas absolutamente apaixonadas simples amantes

Pessoas plenamente desejadas e sobretudo veneradas

Pessoas realmente geniais pela alma como são adoradas

 

Pessoas especiais que sonham e fazem sonhar genuinamente

Pessoas especiais que fantasiam e realizam espontaneamente

Pessoas que pela arte se libertam e libertam completamente

 

Pessoas tidas como sobrenaturais mas simplesmente reais

Pessoas reais mas completamente desiguais das demais

Pessoas desiguais dos comuns mortais Pessoas Especiais

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2022-02-03
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Obs.:
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2023-12-06

0388. Separação

 


A propósito das Jornadas Mundiais da Juventude católica (JMJ), muito se tem falado sobre a “separação entre Estado e religião”.

Na realidade, o que mais se tem falado tem sido de “união entre Estado e religião católica”!

Na realidade, o que se tem verificado é um autêntico matrimónio entre Estado e religião católica!

Quer se trate de separação, casamento ou união, o que é um facto, é que é intolerável que dois amantes se juntem ocasionalmente simplesmente para usarem e abusarem do erário público sem que os contribuintes sejam minimamente tidos nem achados nesta relação.

É por demais evidente que políticos e católicos não sabem (ou fingem não saber!) o autêntico significado de “separação”, tal a inconsciência em que realmente vivem ou convivem.

Embora a Constituição da República Portuguesa consagre a separação, o que é um facto é que a lei não está a ser cumprida!

Como português e contribuinte exijo que seja rigorosamente cumprido o princípio jurídico-político da separação do Estado relativamente às demais crenças ou cultos.

Disse.

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-11-22
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Obs.:
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2023-11-29

0387. O mito de Abraão

 


Diz a Bíblia que “Deus ordenou a Abraão que sacrificasse o seu filho Isaac…


A propósito do mito, referiu José Saramago

“O lógico, o natural, o simplesmente humano seria que abraão tivesse mandado o senhor à merda, mas não foi assim. Na manhã seguinte, o desnaturado pai levantou-se cedo para pôr os arreios no burro, preparou a lenha para o fogo do sacrifício e pôs-se a caminho para o lugar que o senhor lhe indicara, levando consigo dois criados e o seu filho isaac… atou o filho e colocou-o no altar, deitado sobre a lenha. Acto contínuo, empunhou a faca para sacrificar o pobre rapaz e já se dispunha a cortar-lhe a garganta quando sentiu que alguém lhe segurava o braço, ao mesmo tempo que uma voz gritava, Que vai você fazer, velho malvado, matar o seu próprio filho, queimá-lo, é outra vez a mesma história, começa-se por um cordeiro e acaba-se por assassinar aquele a quem mais se deveria amar… Sou Caim, sou o anjo que salvou a vida de isaac… (…)”

 

O que pode realmente pensar uma mente minimamente sã ao abrir uma Bíblia e deparar-se com o “mito de Abraão”?

O que pode realmente passar pela mente de um crente cuja fé absolve e legitima o assassínio do próprio filho quando essa é a vontade do seu “deus”, ou quando, supostamente, este ordena como prova de devoção?

O que pode realmente um simples ser humano pensar desta cruel insanidade?

Imagine-se que numa qualquer missa de domingo, um sacerdote decide enaltecer o mito de Abraão como ato de “louvável devoção religiosa” …

Imagine-se que um qualquer fervoroso crente, empolgado pelo discurso do sacerdote, sai dali absolutamente convencido que a melhor prova de amor a “deus” pode ser o sacrifício de um ente querido…

Pode-se realmente imaginar, mas, na realidade, não se compreende como é que uma suposta tentativa de infanticídio pode ser celebrada numa igreja como um ato de fé e o seu autor considerado um herói.

Pode-se realmente imaginar, mas, na realidade, não se compreende como é que um crime cometido em nome da fé pode deixar de ser crime, ou, no mínimo, “pecado”, e seja transformado numa espécie de ritual de doutrinação religiosa para agradecer e louvar a “deus”.

Paradoxalmente, ainda hoje, muitos crentes tomam Abraão como um “santo”; como o “pai da fé”; chegando mesmo a louvar a sua atitude de obediência cega e desvairada… e poucos têm lucidez para assumir que se pode tratar de um crime hediondo cometido por um insciente mental.

O mito de Abraão é apenas mais um exemplo da forma como a fé pode suprimir o raciocínio e o pensamento ético do ser humano, ao ponto de desvalorizar a vida de um filho e aceitar o seu sacrifício como um ato legítimo de obediência à vontade de uma suposta entidade divina.

A Igreja católica considera o mito de Abraão uma “ação divina” por ter sido a intervenção de um anjo a causa da salvação de Isaac… -uma justificação ainda mais ridícula que o próprio mito.

Não estando ninguém por perto, o que teria realmente levado Abraão a parar no momento em que se preparava para sacrificar o próprio filho?

Obviamente que o arrependimento de Abraão terá pressuposto um momentâneo rasgo de lucidez mental…  o duvidar do seu próprio deus…

“Que diabo de deus é este que, em nome da fé, proclama “não matarás” e simultaneamente ordena o sacrifício do meu filho?!”

Ninguém saberá ao certo o que terá levado Abraão a parar… ou, por outras palavras, o que terá realmente levado o redator de tal escritura a imaginar tão macabro cenário…

Na realidade, uma mente minimamente lúcida e racional não pode ficar indiferente ao horror de matar a sangue-frio uma inocente criança… ainda mais sendo o próprio filho!

Mais insano ainda que toda esta fé cega e infanticida, é acreditar sem questionar, é amar esse suposto “deus cruel, sedento de sangue e de sacrifício humano” e transformar esse sentimento numa virtude acima de qualquer valor ético e racional.

 

O que se pode realmente concluir sobre o mito de Abraão?

A conclusão mais evidente é que a fé, quando extremada, pode levar qualquer ser humano a praticar atos criminosos de extremismo religioso, considerados pelos seus autores morais como heroísmo, devoção e vontade divina.

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-11-22
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