Estava eu completamente esquecido de
mim, quando mais umas horripilantes imagens irrompem pelo meu globo mental...
Vejo animais humanos a decapitarem os
seus semelhantes, não para se alimentarem, mas simplesmente para se recrearem e
ostentarem cabeças como troféus, tal como fazem alguns caçadores[1]
com outros animais a que, por inteligência própria, chamam irracionais.
Por momentos fico chocado… agoniado…
Por momentos fico apavorado com a
brutalidade humana...
Tais imagens começam a banalizar o meu
quotidiano mental… a impotência e a limitação agitam descomunalmente…
Quase todos temos consciência da nossa própria
animalidade…
Quase todos temos capacidade suficiente
para distinguir o bem do mal…
No entanto, caminhamos alheios ao
sofrimento alheio, à dor que provocamos… à vida que espoliamos…
Que fazer para sensibilizar estes
pobres animais[2]?
Como ajudar a ser simplesmente humanos?
Obviamente oferecendo-lhes paz!
Obviamente oferecendo-lhes conforto,
civilidade para que os seus filhos nasçam e cresçam num mundo melhor…
Obviamente dando-lhes oportunidade para
sonhar!
Obviamente dando-lhes oportunidade de
sonhar e viver em plena liberdade como eu vivo neste inverso pedaço de planeta…
nesta ordem natural e equilibrada de subsistência…
São apenas palavras que não espelham o
meu horror…
São apenas palavras que não refletem o
seu horror…
Palavras de alerta…
“Genocídio esquecido? Cinco milhões de
mortos na República Democrática do Congo passam despercebidos?”
“A violência atinge uma intensidade
rara… e em dez meses o conflito entre os apoiantes do chefe tradicional Kamuina
Nsapu e as forças de segurança abrange cinco províncias. São encontradas pelo
menos 42 valas comuns.”
“São assassinados dezenas ou centenas
de milhares de refugiados hutus ruandeses e civis congoleses no caminho que
seguia a Aliança das forças democráticas em prol da libertação do Congo.”
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Autor:
Carlos Silva
Data: 1996-05-15
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.
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