2024-02-07

0400. Prenda de Natal


 

Depois do acidente…

Depois de acordar do coma…

Depois de uma longa recuperação…

O meu pai já não é a mesma pessoa!

No entanto,

O meu pai,

É e será sempre o meu pai!

E hoje, esta pessoa, o meu pai,

Surpreendeu-me de tal forma,

Que a surpresa aqui tive que deixar:

A prenda de Natal que ele me deu…

E a prenda de Natal que eu lhe dei.

Ao perguntar que prenda queria,

De imediato respondeu:

“Um beijo!”

E foi precisamente o que fiz.

Dei-lhe, não um, mas dois beijos…

Dei-lhe duas Prendas de Natal!

E também lhe irei dar uma prenda…

Uma Prenda de Natal…

Daquelas que toda a gente dá.

O quê?!

Ainda não sei…

Mas também pouco importa!

Cada vez que estou com ele,

Mesmo não sendo Natal,

Ao vê-lo… e ao despedir-me…

Dou-lhe sempre duas Prendas de Natal!...

Daquelas que só um filho dá a um pai!

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2017-12-24
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2024-01-31

0399. A noção de correto


 

“Uma gramática que pretenda registar e analisar os factos da língua culta deve fundar-se num claro conceito de norma e de correção idiomática”.

Para Norren há três critérios principais de correção, por ele denominados “histórico-literário, histórico-natural e racional”, o último, obviamente, o seu preferido.

De acordo com o critério “histórico-literário”, a correção assenta essencialmente em conformar-se com o uso encontrado nos escritores de uma época pretérita. É o critério tradicional de correção, fundado em exemplos clássicos.

O segundo critério, o “histórico-cultural”, baseia-se na doutrina de que a linguagem é um organismo que se desenvolve muito melhor em estado de completa liberdade, sem entraves.

O terceiro critério, o “racional”, é o que pode ser apreendido mais exata e rapidamente pela audiência presente e pode ser produzido mais facilmente por aquele que fala”;

“Na linguagem é importante o polo da variedade, que corresponde à expressão individual, mas também o é da unidade, que corresponde à comunicação interindividual e é garantia de intercompreensão”.

A norma não corresponde ao que se pode ou deve dizer, mas “ao que já se disse e tradicionalmente se diz na comunidade considerada”.

“Não se repreende de leve num povo o que geralmente agrada a todos” disse com singeleza o poeta Gonçalves Dias.

Com efeito, por cima de qualquer critério de correção, está a aceitabilidade social.

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2019-11-18
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2024-01-29

0398. Linguagem, Língua e Discurso

 


Linguagem é “um conjunto complexo de processos -resultado de uma certa atividade psíquica profundamente determinada pela vida social -que torna possível a aquisição e o emprego concreto de uma Língua qualquer”[1]. Usa-se também o termo para designar todo o sistema de sinais que serve de meio de comunicação entre os indivíduos. Desde que se atribua valor convencional a determinado sinal, existe uma Linguagem. À linguística interessa particularmente uma espécie de Linguagem, ou seja, a Linguagem Falada ou Articulada[2].

 

Língua é um sistema gramatical pertencente a um grupo de indivíduos. Expressão da consciência de uma coletividade, a Língua é o meio por que ela concebe o mundo que o cerca e sobre ele age. Utilização social da faculdade da linguagem, criação da sociedade, não pode ser imutável; ao contrário, tem que viver em perpétua evolução, paralela à do organismo social que criou[3].

 

Discurso (fala) é a língua no ato, na execução individual. E, como cada indivíduo tem em si um ideal linguístico, procura ele extrair do sistema idiomático de que se serve as foram de enunciado que melhor lhe exprima o gosto e o pensamento. Essa escolha entre os diversos meios de expressão que lhe oferece o rico repertório de possibilidades, que é a língua, denomina-se Estilo[4].

 

Relação entre os três aspetos:

“A Língua é a criação, mas também o fundamento da Linguagem; é, simultaneamente o instrumento e o resultado da atividade de comunicação.

Por outro lado, a Linguagem, não pode existir, manifestar-se e de desenvolver-se a não ser pelo aprendizado e pela utilização de uma Língua qualquer.

A mais frequente forma de manifestação da Linguagem -constituída de uma complexidade de processos, de mecanismos, de meios expressivos -é a Linguagem Falada, concretizada no Discurso, ou seja, a realização verbal do processo de comunicação.

O Discurso, é um dos aspetos da Linguagem -o mais importante, e, ao mesmo tempo, a forma concreta sob a qual se manifesta a Língua. O Discurso define-se, pois, como o ato de utilização individual e concreto da Língua no quadro do processo complexo da Linguagem[5].

 

--- / ---

 

Qual a diferença entre fala, língua e linguagem?[6]

 

A fala se refere a forma como as pessoas se comunicam oralmente. Para que a fala seja compreendida, é necessário que o recetor (a pessoa que escuta) compreenda a língua em que a mensagem foi transmitida.

Por sua vez, a linguagem refere-se a toda a forma de comunicação, seja através da fala (verbal) ou mesmo gestos, sons, imagens, etc. (não-verbal).

 

 

O que é linguagem?

O conceito de linguagem refere-se ao processo de interação entre as pessoas, onde usamos mecanismos para transmitir nossas ideias, sentimentos e informações.

Qualquer conjunto de sinais ou signos é considerado linguagem, sejam códigos linguísticos, placas de rua, gestos corporais, entre outros. Através dela, é possível que pessoas de diferentes regiões ou culturas se comuniquem.

 

O que é língua?

O conceito de língua, por outro lado, se trata especificamente de um código verbal - um conjunto de palavras que detém significado para determinado grupo. Podemos dizer que a língua é um tipo de linguagem.

São exemplos a Língua Portuguesa, a Língua Inglesa e a Língua Brasileira de Sinais, utilizada pelas comunidades surdas, dentre outras.

 

O que é a fala?

Já a fala é a forma como o indivíduo se comunica oralmente. Ela está diretamente relacionada com a língua. Entretanto, ela é considerada individual e comumente é afetada por vícios de linguagem, costumes locais e sotaques.

 

Gramática e Linguística

Para que ocorra uma melhor comunicação, é necessária uma estruturação da Língua. Por isso, cada língua possui um conjunto de regras e normas de combinação específicas, conhecida como Gramática.

 

Já a ciência que estuda a linguagem e suas características é conhecida como Linguística.

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2019-11-18
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[1] Tatiana Slama-Casacu. Language et contexte. Haia, Mouton, 1961, p. 20.

[2] CUNHA, C. & L. CINTRA 1996. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Lisboa: Sá da Costa. 12ª Edição. p. 1.

[3] CUNHA, C. & L. CINTRA 1996. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Lisboa: Sá da Costa. 12ª Edição. p. 1.

 [4] Aceitando a distinção de Jules Marouzeau, podemos dizer que a LÍNGUA é a “soma dos meios de expressão de que dispomos para formar o enunciado” e o ESTILO “o aspeto e a qualidade que resultam da escolha entre esses meios de expressão”.


0397. Discurso oral e escrito

 


“Na oralidade, os vários elementos que se ligam à melodia e modulação da voz e à construção da frase são importantes para a captação do sentido de um enunciado. Enquanto, na escrita, a pontuação pode alterar o sentido da frase, a entoação e a pausa podem fazer o mesmo no texto oral.”

Infopédia

 

“É a oralidade, e não a escrita, que nos fornece toda a informação necessária para a execução da descrição gramatical.”

Duarte, I., 2000: 379

 

“(…) só uma parte diminuta das línguas faladas do Mundo tem representação escrita; todas as línguas foram faladas muito antes de serem escritas; todos os seres humanos possuem a capacidade de falar a sua língua materna, mas só uma parte da humanidade, que foi sujeita à experiência cultural da escolarização, tem acesso à leitura e à escrita.”

 

O conhecimento da escrita não resulta unicamente do desenvolvimento do indivíduo e da sua inserção numa comunidade, mas implica um ensino formal.

Silva et al., 2011: 11

 

A compreensão e produção de discurso oral resultam, fundamentalmente, de um processo espontâneo de aquisição linguística.

A escrita é menos dinâmica e está sujeita a convenções ortográficas que são fixadas e impostas aos falantes de forma a alcançar a uniformidade.

Resultando essencialmente de um processo de aprendizagem, a competência escrita pode ser melhorada através de treino, de desenvolvimento de consciência explícita do funcionamento da língua e de especificidades que caracterizam o modo de uso da língua.

Considera-se, pois, que a escrita tem um grau de planeamento superior ao da oralidade.

De um modo geral, o produtor de texto escrito dispõe de algum tempo de planeamento e execução. Pode, ainda, rever aquilo que produziu, corrigir e até reescrever.

Na oralidade, dada a sua natureza essencialmente interativa, o planeamento e a verbalização ocorrem, muitas vezes, simultaneamente.

O texto falado é, normalmente, desestruturado e ditado pelas circunstâncias sociocognitivas da sua produção; e é nessa perspetiva que deve ser descrito e avaliado.

O texto escrito é, normalmente, mais organizado devido às condições que estão previamente presentes na sua produção, nomeadamente no que se refere aos elementos lexicais, frásicos, temporais e referenciais que contribuem significativamente para a sua coesão.

Em ambas as modalidades da língua, o grau de formalidade é variável uma vez que depende das características da situação (relação emissor-recetor, local, objetivo, etc.)

A oralidade e a escrita são modalidades linguísticas que possuem características próprias; no entanto, não devem ser encaradas de uma forma dicotómica. Os diversos tipos de práticas de produção textual situam-se ao longo de um processo continuo que tem como extremos a escrita formal e a conversação espontânea e coloquial.

A competência escrita pode ser melhorada através do treino e do desenvolvimento de uma consciência explícita do funcionamento da língua e das especificidades que caracterizam este modo de uso da língua.


Autor: Carlos Silva
Data: 2019-10-29
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2023-12-20

0396. Literatura

 


Como são perfeitos os símbolos duma simples reflexão

Como são perfeitos os sonhos duma simples conceção

Como são perfeitas as imagens duma simples paixão

Como são perfeitas as emoções dum perfeito coração

 

Debruçado completamente sobre a perfeição do corpo

Abraço-a beijo-a suavemente num imensurável conforto

Abraço-a entregue de corpo e alma aos seus recantos

Abraço-a perdido loucamente nos seus cantos e encantos

 

Perdido loucamente em silêncio de tão desmedido ser

Perdido loucamente em deleite de tal clímax de prazer

Perdido loucamente em desassossego de tanto conceber

 

Amo amo a sua forma e expressão até à infinidade

Amo amo a sua estética e estilo que dura e perdura

Amo-te amo-te pois é impossível viver sem ti Literatura

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2022-10-01
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0394. Militares-Capelães

 



 

Movimento de Militares pela Verdade:

 

"Almirante Gouveia e Melo Exonerou o nosso Capelão Licínio Luís”.

“Cito as palavras do Sr. Capelão ao Sr. Almirante Gouveia e Melo:

Não te deixes levar pelas primeiras impressões.

Aguarda pelos que fazem o caminho certo. A justiça que siga o seu caminho... O senhor Almirante, que aguarde pela justiça. Julgar sem saber, não corre nada bem. Os jovens estavam a divertir-se e foram provocados. Um deles é campeão nacional de boxe, no seu escalão, foi atingido a falsa fé e reagiu.

Quem não o fazia. É selvagem por isso? O senhor Almirante nunca foi para a noite? Nunca bebeu uns copos? Juízo com os nossos julgamentos. Aguardemos pelas investigações. Os nossos jovens têm direito a serem respeitados. Os jovens da PSP estavam no mesmo âmbito e alcoolicamente tão bem-dispostos como os nossos. Juízo com os nossos julgamentos.

O Capelão Licínio Luís apenas apela ao bom senso.

Nenhum dos militares ainda foi dado como culpado.

Nenhum foi julgado pela justiça, mas o Sr. Capelão já foi julgado por estas palavras e exonerado."

 

--- / ---

 

Após ter lido o texto publicado pelo “Movimento de Militares pela Verdade” (acima) … e já ter conhecimento da notícia (“Igreja puxa as orelhas ao Almirante Gouveia e Melo") pelos jornais, como militar que também sou, não poderia ficar indiferente, deixando também a minha modesta opinião, que vale o que vale… porque o que vale e é realmente inquestionável, é que como consequência de graves agressões à porta de uma discoteca em Lisboa, morreu um jovem PSP com apenas 26 anos… e a sua vida ninguém trará de volta!

 

Num quartel de militares o Comandante comanda… e manda!... -que, de resto, não é nada fácil!... mas fundamental para que a hierarquia funcione.

Se todos fossem “comandantes” … se todos comandassem, ou simplesmente mandassem uns “bitaites” para o ar discordando dos que comandam, resultaria que ninguém se entenderia.

 

Os militares devem estar nos Quartéis!

Os capelães devem estar nas Capelas!

 

Ao Comandante cabe comandar!

Comandar confere o direito de exonerar quem não respeita a hierarquia militar.

É, pois, legítima a exoneração.

Ao Capelão cabe cuidar das “almas” dos seus fiéis seguidores e nem sequer deveria estar nos quarteis.

É inaceitável que no Sec. XXI, a religião (seja ela qual for) ainda se intrometa na ação de comando das Forças Armadas/Segurança… e consequentemente na própria Justiça.

Não são poucos os exemplos em que do casamento (religião/estado) resultaram graves danos para a sociedade civil.

Se os ilustres representantes de certas “divindades” saírem dos santuários e voltarem a ocupar lugares públicos, a tomar decisões que afetam os militares ou o destino de um povo, certamente que regressaremos a um passado recente e sombrio onde a palavra de “deus” era sinónimo absoluto de justiça e moral… e questioná-la uma afronta na maior parte dos casos punida com a morte.

 

--- / ---

 

Como vivemos numa sociedade livre e democrática com plena separação de poderes, nomeadamente no que diz respeito à Justiça e sobretudo à Religião relativamente ao Estado, eis o resultado:

 

“O Tribunal Central Criminal de Lisboa condenou Cláudio Coimbra a uma pena de 20 anos de prisão pelos crimes de homicídio qualificado na forma consumada de Fábio Guerra e por dois crimes de homicídio na forma tentada de João Gonçalves e Cláudio Pereira. Já Vadym Hrynko foi condenado a 17 anos de prisão pelos crimes de homicídio qualificado de Fábio Guerra e um de homicídio na forma tentada de João Gonçalves.

O tribunal decidiu ainda aplicar uma indemnização de 432 500 euros à família de Fábio Guerra, que esteve presente na leitura do acórdão.”

02-jun-2023

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2022-05-01
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