2024-10-18

0417. Prova


 

Dizem alguns crentes que “por não se poder provar a inexistência de “deus”, não se pode afirmar que não existe” … que também não se pode provar!

 

Trata-se, obviamente, da inversão do ónus da prova.

 

Se um crente afirma que o seu “deus” existe cabe-lhe provar a sua existência… nunca por outrem o negar pelo facto de não existirem provas da sua existência!

Não existindo uma única prova objetiva da existência de “deuses”, qualquer mente minimamente racional, apenas pode concluir pela sua inexistência.

É impossível testar o objeto de qualquer crença, precisamente porque não existe. A fé, por si só, não transforma imagens mentais abstratas em matéria viva.

Obviamente que ninguém pode provar ou negar existência de nenhum “deus”, mas pode perceber que a questão fundamental não é provar ou negar essa suposta existência, mas sim comprovar a sua inexistência pela fé, uma vez que só o que existe pode ser provado.

O mais caricato desta inversão do ónus da prova é que o tradicional crente nem sequer equaciona que a suposta existência do seu “deus” tornaria o seu ato de fé completamente inútil, deixando a crença de ter qualquer significado.

A confirmação da existência de “deus” através de um ato de fé individual, é pois, uma questão completamente utópica e irracional.

Crer num “deus” não prova nada… e muito menos o faz existir!

A fé é apenas uma mera aspiração pessoal geradora duma imagem mental abstrata… e obviamente cada um terá a sua!

É completamente absurdo alguém afirmar que “deus” existe apenas por fé ou simplesmente por pensar que tem alguns poderes supranaturais.

A existência de “deus” e os seus “milagres” não passam de falácias criadas por seres ignorantes para justificarem determinados fenómenos naturais e sobretudo os seus medos e aspirações eternas.

 

Nunca ninguém presenciou nenhum “milagre”, tal como nunca ninguém comprovou de forma objetiva e científica a existência de nenhuma entidade supranatural.

Eis a realidade… nua e crua!

 

Que alguém (crente) me prove o contrário?

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-10-20
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2024-09-04

0416. Garraiada



O povo gosta de tradições taurinas!

A “garraiada” é uma das tradições mais antigas enraizadas na maioria das povoações do interior alentejano, onde o animal, normalmente uma vaca ou um touro de menor porte, é solto num recinto fechado e deixado à sua sorte, por entre correrias de inúmeros jovens havidos de novas experiências e sobretudo demonstrar o seu valor perante a efusiva plateia que regozija dentro e fora das grades.

O jovem sempre gostou de exibir a sua virilidade, a sua coragem e sobretudo a sua inteligência perante os demais animais...

O animal, fora do seu habitat natural, ao ver-se ameaçado e rodeado por um mar de gente, investe vigorosamente contra quem o ousa enfrentar… até que, finalmente, vencido pelo cansado, um destemido herói, acompanhado pelo seu clã, o enfrenta e neutraliza.

É o ponto mais alto e vibrante da festa... -quando corre bem!

É ali que se demarca território; que se demonstra quem é o mais forte; quem é o mais corajoso… até que se atinge o auge: a pega!

A adrenalina excede todos os limites num corpo que ferve entre o medo e a bravura!

A tradição é normalmente bem regada a álcool e sobretudo um ponto de encontro e convívio de amigos e conhecidos das lides tauromáquicas.

Por vezes, como o caso de hoje, o divertimento, extravasa a praça deixando o pobre animal sozinho a olhar para o espetáculo exterior: é a já habitual sessão de pancadaria coletiva sem qualquer regra... cada um dá sem saber a quem e leva sem saber de quem!

Festa brava sem pancadaria não é festa!... só os bravos entram na festa!

Festa brava para ser festa tem que ter pancadaria… dentro e fora da praça!... -uma espécie de segunda festa dentro da festa taurina.

O povo exulta e bate calorosamente palmas aos corajosos forcados que vão surgindo dentro e fora da praça!

O povo adora garraiadas… sobretudo com pancadaria!

Desta vez, tal como em muitas outras, sobretudo pelos inúmeros excessos alcoólicos, o espetáculo extravasa os limites da bravura e complica-se um pouco, pelo que é necessário chamar uma ambulância para socorrer feridos e as forças de segurança para acalmar a situação…

Finalmente, sobretudo pelo cansaço, é reposta a ordem e tudo regressa a calma.

Desta vez, tanto fora como dentro do recinto da festa brava, não morreria ninguém.

Tudo fica bem quando acaba bem!

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-09-03
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2024-08-15

0415. Vive Agora

 


Vive Agora

Vive esta única e preciosa sinfonia noite e dia

Vive noite e dia na mais bela harmonia

Desfruta cada momento do teu precioso tempo

Desfruta todos os momentos como se não existisse tempo

Desfruta todos os momentos ao destempo

Ama perdidamente cada momento

Ama e deixa-te amar perdidamente

Ama perdidamente na harmonia do momento

Vive esta única e preciosa sinfonia noite e dia

Vive noite e dia na mais bela harmonia

Vive Agora

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-09-03
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0414. Católicos vs Políticos

 



Li numa rede social que “os católicos são mais espertos que os políticos…”

 

Tratando-se duma afirmação sem qualquer fundamentação, por momentos, na minha própria consciência afloraria uma singular alusão que acabaria por aqui deixar...

 

Os católicos sempre foram mais perseverantes, sempre tiveram uma visão mais futura da “vida terrena”… e sobretudo, sempre pensaram mais nos seus descendentes!

Os políticos sempre foram mais renuentes, sempre tiveram uma visão mais futura do momento… e sobretudo, sempre pensaram mais nos seus eleitores!

Os católicos sempre foram mais frágeis e sobretudo mais ricos “espiritualmente”.

Os políticos sempre foram mais fortes e sobretudo mais ricos materialmente.

Na realidade, políticos e católicos, sempre fizeram promessas e “milagres”!

Ocasionalmente os políticos cumpriam as suas promessas… os católicos nunca o fizeram.

Os políticos sempre remeteram o incumprimento para a falta de verbas ou apoio do Estado…

Os católicos sempre remeteram o cumprimento para um futuro próximo ou para a eternidade.

Os políticos sempre apostaram numa campanha curta e objetiva enquanto os católicos sempre o fizeram de forma perpétua, ao ponto de doutrinarem o próprio político a quem incutiram a ideia de êxito e poder dependerem exclusivamente da sua entidade suprema a que todos deveriam obedecer cegamente e jurar incondicionalmente lealdade.

Desta união secular sempre resultou um casamento de mútuo interesse em que ambos saíram a ganhar:

Os católicos perceberam que com o mínimo esforço poderiam obter ganhos que lhe permitiam uma vida abastada… -bastava-lhe apenas alguma esperteza… ora ameaçando com pecados e infernos, ora subornando com milagres e eternidades.

Os políticos perceberam que com algum esforço poderiam obter votos e sobretudo poder para manter uma vida abastada… -bastava-lhe apenas alguma esperteza… ora fazendo a vontade aos seus eleitores, ora apoiando os fiéis seguidores com o seu “amém” e apoiando cerimónias e cultos religiosos.

 

Quem é o mais esperto? Não sei…

A poucos importará saber quem é o mais “esperto”!

O que realmente importa saber é para onde vai o dinheiro do fiel e do contribuinte.

 

O que realmente importa é o dinheiro: o autêntico deus da religião… e da política!

A ciência e o pensamento racional têm vindo desmascarar alguns casamentos pouco católicos… e sobretudo negócios políticos pouco ou nada lícitos…

 

O povo começa a despertar e a reivindicar os seus direitos… a exigir provas.

Afinal é o povo que paga donativos… dízimos… impostos!

 

Afinal é o povo que sustenta políticos e católicos… mais ou menos espertos!

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-09-02
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Obs.:
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2024-08-11

0413. Crente

 


O crente, normalmente, reage com deleite quando as suas ilusões são estimuladas…

O crente, normalmente, reage com deleite quando ouve o que gosta de ouvir ou é reiterado o que lhe foi incutido como autêntico e inquestionável.

O crente, normalmente, é submisso quando alimentado, confortado ou lhe são garantidos milagres e eternidades. Em contrapartida, se contrariado, se questionada a sua fé ou a autenticidade da sua divindade, reage de forma agressiva, e, em casos mais extremos, de forma violenta.

Perante a falta de argumentos, torna-se emotivo -como se a diferença de opinião ofendesse a sua divindade… ou se, de pecado se tratasse.

O crente, normalmente, acredita que o seu deus morreu e ressuscitou para o salvar e salvar toda a humanidade… -exceto os não-crentes e os descrentes… -esses irão para um local infernal, algures entre o céu e a terra.

O crente, normalmente, acredita que o seu amigo imaginário concebeu um dilúvio para matar homens, mulheres, crianças e alguns animais irracionais… simplesmente porque estaria zangado e queria castigar aqueles que ele próprio criou.

O crente, normalmente, não sabe ou não se importa com a violência e insanidade que proclama… aceita-a como natural e divina, sem sequer observar, testar ou questionar.

O seu “deus”, qual super-herói, é “controlador, mesquinho, injusto, genocida, vingativo, sedento de sangue, perseguidor, homofóbico, racista, infanticida, filicida, pestilento, megalomaníaco sadomasoquista, malévolo” … -ainda assim, adora-o!... ama-o!... e tem uma fé inabalável na sua existência… que logicamente é incapaz de provar.

O crente é, obviamente, incapaz de provar a sua existência, porque nunca o viu… e perante a falta de argumentação, normalmente foge, assumindo uma atitude passiva para não cair no ridículo.

Subjuga-se ao medo duma punição e ao pecado de ousar duvidar, numa espécie de luta interior com a própria consciência.

Refugia-se, então, na oração e na adoração da imagem que lhe foi incutida, enclausurado… onde se sente útil e ocupado.

Limita-se a viver de acordo com os padrões que lhe foram doutrinados e incutidos como verdades absolutas.

O crente, normalmente, pede ajuda ao pastor para resolver os seus problemas… para tal tem necessariamente que abdicar de raciocinar, ao ponto de assumir convictamente que o seu “deus” os resolverá.

 

O crente, na realidade, acaba por sacrificar a sua única e preciosa vida em prol duma ilusão!

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2022-12-13
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2024-07-22

0412. Fado




Ainda que Património Cultural da Humanidade, o destino do fado nunca pode ser comercial, porque deixaria de ser fado…

 

O fado

Tem que ser entendido

Tem que ser vivido

Tem que ser sentido

Tem que ser amado

Tem que ser cantado

Tem que ser vadio e bem acompanhado

 

O fado

Tem que ter grandeza

Tem que ter tristeza

Tem que ter guitarra clássica e portuguesa

Tem que ter um solista

Tem que ter um artista

Tem que ter sobretudo um grande fadista

 

O fado

Precisa de silêncio para ser ouvido

Precisa de boémia para ser consumido

Precisa duma vénia para ser enaltecido

Precisa da inspiração da grande musa

Precisa da voz e culto de quem o usa

Precisa sobretudo desta nobre alma lusa

 

O fado

Precisa sobretudo do seu fado

Precisa sobretudo de ser fado

Porque só existe fado

Se deixarem “correr o fado”

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2019-10-22
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Obs.:
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