2018-01-23

0023. Canto e encanto





Este encanto que naturalmente canto
Encanta o canto e o pranto que vivem em mim
Encanta desde o princípio meio até ao fim
Encanta admiravelmente porque assim o canto

Encanta este alegre palhaço de puro sentimento
Encanta este livre pássaro que voa plenamente
Encanta quem quiser rir e voar superficialmente
Encanta quem quiser apenas viver este momento

Porque é neste momento que pode ser alguém
Porque é neste momento que pode amar alguém
Não sendo canto nem encanto de ninguém

Canto que canta e encanta leva-o o vento
Leva o canto e encanto deste mero pensamento
Leva o canto e encanto do mero entendimento


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Autor: Carlos Silva
Data: 1995-07-??
Imagem: Internet
Obs: Conhecimento…
Direitos reservados.
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2018-01-22

0022. Nada






Por momentos admiti[1] a Verdade do Fim…

Quem não pensou já na finitude do seu Eu… em Nada?!
Quem não sentiu já a imagem da perda do seu Mundo-existencial? (o Nada-do-Nosso-Mundo derramado pelo Mundo... em Cinzas-de-nada... -só um insensível não o admitirá... até o mais integro e perfeito dos ascetas se terá interpelado: “e depois?!”).

Por momentos admiti[2] a Verdade do Fim.

Admiti a mortalidade.

Admiti ser um simples animal do mundo.

Admiti ser tão-somente este Presente.

Perante o chão da minha consciência deparo com o eterno abismo Humano.

Perante a consciência do meu chão deparo com a efémera realidade da Vida.

Magoa pensar a Verdade-Possível do nosso Ser... 
Afrontar esta simples abstração… eis a minha única fé!
Enfrentar esta simples e efémera sensação de Ser que admite contemplar... contemplá-la... é algo maravilhoso!

Beijos, abraços…
Emoções físicas e psicológicas...
Todas as imensas sensações do dia…

Nada...

A mente perdeu-se em banais-nadas… eventualmente rejeitando a crueldade do… Nada!


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Autor: Carlos Silva
Data: 1995-07-??
Imagem: Internet
Obs: Nada…
Direitos reservados.

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[1]Senti
[2]Senti

2018-01-21

0021. Vida






Sinto o palpitar do coração...
Sinto esta leve brisa percorrer-me os lábios, as veias, a massa cinzenta... todo o corpo.
Sinto o mais concreto possível o que de abstrato se me afigura... -e assim vou caminhando pelas inteligíveis encruzilhadas da vida.
Ser Alguém, no meio de Tudo, é muito para este mero ato cognitivo...
Mas que sentido para toda esta vida?
Para quê o que penso, faço ou escrevo sobre esta Vida?
O que Sou realmente nesta vida?
Talvez uma ínfima parte de quase-nada... ou nada!...
Talvez uma ínfima parte de vida que não vale quase nada neste mundo onde pouca coisa vale mais do que uma simples vida!
Mas haverá algo mais belo que a Vida?

Haverá obra mais perfeita?


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Autor: Carlos Silva
Data: 1995-07-??
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.

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2018-01-20

0020. Escrever...






E se no fim de escrever-me questionar:
Porque não me sinto satisfeito?
E se no fim de questionar eventualmente não conseguir responder?!
Certamente que não me irei importar!
Porque o que importa é o Agora[1]!
Porque na verdade o que importa é esta satisfação que vai emergindo... (assim o “engenho e a arte” se igualem ao sentimento!)...
Não sei até que ponto me aproximarei da Verdade!
Mas algo vou dizer para alimentar meu espírito[2] e o espírito de quem por aqui passar...
Saber qual a letra mais perfeita para o amor, para o sentimento ou para o sofrimento não será decerto o mais importante... importa sim cada um amar, sentir ou sofrer com qualquer letra!
Mesmo não estando absolutamente satisfeito!


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Autor: Carlos Silva
Data: 1995-07-16
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.

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[1]Presente
[2]Pensamento

2018-01-19

0019. Nu, no leito...






Escrevo nu, no leito, num deleite sem igual, despido de preconceitos, no mais natural delírio emocional...
Escrevo por entre lençóis ainda quentes de mais um ato de amor; na fronteira do desejo de redigir e a necessidade de repousar estas deliciosas gotículas de suor...
Escrevo abandono, monólogo puro, sereno de planos plenos de plenitude, insípidos no seio de tanto... tanto Mundo Interior!... tanto Palpitar-de-Vida!
O movimento do lápis é incrivelmente suave e solto... – tão terno que quase nem precisa da mão macia para delinear a imagem literal que perante os olhos se ergue... -na verdade, não são letras que solto... são sensações carnais literalmente expostas.
Deixo de descrever…


Amo.


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Autor: Carlos Silva
Data: 1995-07-15
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Obs:
Direitos reservados.

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2018-01-18

0018. Pensamento Contemplativo





Sou um ser humano…
Sou o meu corpo…
Sou enquanto sou…
Só enquanto Sou posso pensar esta verdade irrefutável.
Eis a inegável dimensão da atual condição humana!

Mais uma vez se ergue em mim este Abominável-pensamento- contemplativo por entre um Silêncio-enigmático, desmesurável, inalcançável…
Mais uma vez pego na limitação da palavra, na minha própria limitação, e aproximo-as o mais possível deste abismo de Ser, Sentir e Pensar… algo parecido com o que perante os olhos se depara...
Arrepiasse-me o pensamento só de pensar em todos os Pensamentos-contemplativos como o meu, em todos os Silêncios-enigmáticos de todas essas enigmáticas consciências que os meditaram; em todo esse maravilhoso pó derramado algures em todos os tempos de passado...
Arrepiasse-me as minhas cinzas derramadas sob um outro qualquer futuro Pensamento-contemplativo...
Silêncio-mortal… extremo.
Acelera-se o abismo mental… em imagens que se multiplicam ao ponto de nem a própria prosa as abarcar... tornam-se mesmo difusas… confusas!...
Paro.
Lágrimas de incapacidade brotam neste imenso mar de inconsciência...
Abano a cabeça… esfrego a tez... grito... como se tudo procurasse desordenar[1] e regressar mais lúcido... mas a única imagem que ressurge é a do mesmo silêncio mergulhado no mesmo desespero... na mesma incapacidade...
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Autor: Carlos Silva
Data: 1995-09-05
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Obs:
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[1]Ignorar, fugir





[1]Ignorar, fugir