2018-04-11

0101. O célebre Acórdão






Depois de ver a notícia na comunicação social, a curiosidade levou-me a ler o célebre Acórdão redigido pelo juiz Neto de Moura sobre um caso de violência doméstica, em que censura a vítima, devido a uma relação extraconjugal.

A primeira imagem que emerge é que tal argumentação é claramente contrária a qualquer atual Constituição…

A segunda imagem que emerge é que tal argumentação é claramente contrária a qualquer raciocínio racional…

A terceira imagem que emerge (que me terá impelido e a muitos outros, a escrever estas linhas) é o sentimento de revolta contra a mentalidade “retrograda e machista” …

Na argumentação do acórdão pode ler-se:

 “Ora, o adultério da mulher é um gravíssimo atentado à honra e dignidade do homem…”

“Sociedades existem em que a mulher adúltera é alvo de lapidação até à morte…”

“Na Bíblia, podemos ler que a mulher adúltera deve ser punida com a morte…”

“Ainda não foi há muito tempo que a lei penal (de 1886!) punia com uma pena pouco mais que simbólica o homem que, achando a sua mulher em adultério, nesse ato a matasse…”.

Resumindo e deduzindo… mandava a tradição que a “violência doméstica é compreensível, quando existisse adultério…” Ora, não nos podemos surpreender que ainda hoje algumas destas ditas tradições ainda perdurem!... mas, vindo de quem vem, é realmente uma verdadeira machadada na justiça portuguesa, pois está implicitamente a legitimar a violência dos homens contra as suas mulheres e a colocar em risco a vida de muitas delas…

A última imagem que emerge?

O timing do Acórdão…

A realidade é que esta ainda é alguma da tradicional justiça do século XXI!


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Autor: Carlos Silva
Data: 2017-12-18
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2018-04-10

0100. Despertar





Até que ponto o espectro epidémico dos últimos dois milénios não influenciou e adiou decididamente o que é hoje a nossa vida?
Até que ponto o novo milénio não demorará a erguer-se e a recuperar?
Até que ponto esta névoa demorará a dissipar-se?
A Lucidez e a Inteligência das novas gerações ditarão o nosso futuro.

SERÁ LENTO… MAS NUNCA SERÁ TARDE O DESPERTAR!

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Autor: Carlos Silva
Data: 2017-03-06
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2018-04-09

0099. Despertar






A determinada altura da vida atingimos um determinado patamar de consciência que nos confere um nível de perceção exclusivamente racionalista.[1]

 

A determinada altura da vida deixamos de temer criaturas “infernais” e aspirar a “paraísos” supranaturais.

A determinada altura da vida, somos inevitavelmente arrastados pela corrente de observação objetiva da realidade.

A determinada altura da vida a consciência atinge praticamente o seu auge e assimilamos que só AGORA podemos ser realmente felizes.

A determinada altura da vida deixamos de ter pressa de viver e queremos apenas desfrutar.

A determinada altura da vida queremos simplesmente conhecer e esquecer tudo o que inutilmente nos impuseram.

A determinada altura da vida queremos simplesmente deliciar com esta maravilhosa paisagem com que diariamente nos deslumbramos.

A determinada altura da vida queremos simplesmente estar em paz, connosco e com todos os que nos rodeiam.

A determinada altura da vida queremos simplesmente saborear o mais simples dos milagres…

A VIDA!

 

Aspiramos então a ser apenas nós…

Livres e satisfeitos!

Aspiramos então a sentir e que nos deixem sentir completamente.

Aspiramos então a pensar e que nos deixem pensar da forma mais racional possível.

Aspiramos então a amar e sobretudo que nos deixem amar quem e o que realmente amamos.

 

É então que assimilamos que nunca é tarde para Sonhar…

É então que assimilamos que nunca é tarde para Amar…

É então que culminamos que nunca é tarde para Viver…

 

E nunca é tarde para DESPERTAR!



[1] Numa fase mais precoce, traduzida pela descoberta e deceção que conduz ao desacreditar do “pai natal” e de todas as figuras do universo imaginário.

Numa fase mais matura, alicerçada no crivo do contraditório e na consciência da realidade, traduzida na contínua desconstrução e desmistificação de todos os dogmas previamente incutidos.

É, pois, normalmente neste apogeu de plena capacidade física e intelectual, que é atingido o desacreditar lógico e racional em todas as entidades ditas “divinas; o ponto de perceção do ideal divino como mero conceito individual e abstrato, factualmente inexistente fora do contexto mental humano”.

A óbvia assimilação e conclusão do ato mental, característico da espécie humana, que varia de acordo com contexto sociocultural onde se produz.

 


Autor: Carlos Silva
Data: 2017-03-06
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2018-04-08

0098. Romântico



Agora mesmo penso…
Penso no quão romântico fui.
Penso em todas as “ridículas cartas de amor que escrevi”.[1]
Penso em todas as “ridículas cartas de amor que recebi.

Penso em tudo o que senti.
Penso em tudo que vivi.

E na realidade…
Continuo a ser…
Continuo a não ter…
Verdadeiras razões para deixar de ser.
Para deixar de ser verdadeiramente romântico!

Todos nós sonhamos amar e ser amados por alguém!...
Quem não sonha é como uma “carta de amor” … ridículo(a)!...
Diria, que é mais ridículo ainda!

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Autor: Carlos Silva
Data: 1997-08-31
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[1] Na palavra, não na essência.

2018-04-07

0097. Fé





“A existência de Deus é um beco sem saída epistemológico: não pode ser provada nem refutada.”
A fé é manifestamente intrínseca e pode transformar-se na mais terrível das prisões: a mental.


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Autor: Carlos Silva
Data: 2008-02-25
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2018-04-06

0096. Quem não gosta de saber?






Quando era criança…
Disseram-me para acreditar em Deus.
Acreditava porque me fazia sonhar.
Acreditava tanto, tanto…
Que não conseguia desacreditar.

Quando era adulto…
Disseram-me para acreditar em Deus.
Acreditava porque me fazia pensar.
Pensava tanto, tanto…
Que acabaria por desacreditar.

Quando era adulto…
Disseram-me para acreditar em Deus.
Quis tanto, tanto saber…
Que acabaria por descobrir…
Que não passa duma ilusão…

Alguns adultos…
Ainda continuam a acreditar…
Quem não gosta de sonhar?
Quem não gosta de pensar?
Quem não gosta de saber?

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Autor: Carlos Silva
Data: 2010-08-09
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