De quatro tenras primaveras, a minha
filha acorda… e acende ainda mais a luz do luar que irrompe de forma dispersa
pelo quarto dentro...
Por momentos acaricio suavemente o seu
rosto… e de forma praticamente instintiva eis que se solta o que me vai na
alma…
“Lisa… feliz?!”
Encheu o peito num sorriso ofegante…
contagiante… olhos vibrantes… brilhantes…
Na mais plena e ingénua sinceridade dos
seus lábios irrompe uma espécie de resposta…
“Sim… Lisa feliz!... gosto muito de
vocês…”
-culminando todo o seu êxtase num imenso abraço que encheu o coração e elevou
todos os poros em extasiante emoção... tal intensidade que ainda persiste em
mim… ainda sinto necessidade de a reter...
ainda sinto necessidade de a descrever…
De tanto sentir, porém, mal consigo
raciocinar…
Como transformar simples morfemas
nestas minhas lágrimas… lágrimas de alegria?
Como conter tão sensíveis emoções sem
as desvirtuar?
Como podem tais lágrimas chegar a
outras faces?
Talvez apenas reter o momento que ainda
fervilha à flor da pele… que percorre todo o meu corpo numa autêntica
tempestade de incontroláveis impulsos...
Sinto necessidade de reter o momento….
de o artificiar… por temor de o perder para sempre na indiferença do tempo.
Resta a emoção de o pensar…
Resta o conforto de o tentar unir o
mais possível à emoção original...
Quanto mais perfeito, mais perto ficará
do abraço... mais perto ficará da lágrima
de outrem…
Quem sabe se da sua interiorização
outras asas se soltarão… outras emoções surgirão… outros imensos abraços!
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Autor:
Carlos Silva
Data: 1995-07-15
Imagem: Carlos Silva
Obs:
Direitos reservados.
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