2018-02-20

0051. Vida





Acompanhado por pessoas que inegavelmente me são queridas...
Mergulho na essência deste deslumbrante pensamento:
Que admirável é esta Vida!

Recuso debruçar-me sobre Princípios, Meios ou Fins?
Resigno-me eventualmente por não encontrar respostas…
Resigno-me eventualmente por não encontrar o caminho da sua plenitude que eventualmente me levasse a uma possível Verdade.

Abdico da ansiedade de querer conhecer mais, mais… e mais!
Abdico da ansiedade de compreender mais, mais… e mais!

Limito-me a despertar o mais perfeitamente possível…
Limito-me a Viver Este Momento o mais naturalmente possível …



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Autor: Carlos Silva
Data: 1996-08-01
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.
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2018-02-19

0050. Fuga





Às vezes fujo à uniformidade de algumas das minhas mais estreitas amizades…
Não o faço por desdém…
Simplesmente para estar a sós comigo…
Isolado no mais puro e pleno silêncio contemplativo…

Fujo da desassossegada correria do mundo…
Refugio-me no confortável desassossego do meu mundo….
Aqui, cada momento é um momento intenso, de relativa satisfação...
Aqui, artifíco sentimentos… pensamentos…
Aqui, dou forma a uma qualquer vivência… como é o caso da amizade!

Fujo e prolongo o momento... este momento.
A minha vida não me permitirá fazê-lo senão apenas por uns quantos anos, mas ao dar forma a este simples pensamento, com certeza que o estenderei… outros prolongarei…

Outros que como eu, solitários, se refugiam neste silêncio….
Outros que como eu, debruçados sobre uma folha de papel ou sobre um texto[1], produzem outro qualquer pensamento como o meu…

Neste preciso momento todos são este presente pensamento.
Todos são este Presente Amigo.
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Autor: Carlos Silva
Data: 1996-07-15
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.
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[1] Livro



2018-02-18

0049. Ser





Estava eu completamente esquecido de mim, quando mais umas horripilantes imagens irrompem pelo meu globo mental...
Vejo animais humanos a decapitarem os seus semelhantes, não para se alimentarem, mas simplesmente para se recrearem e ostentarem cabeças como troféus, tal como fazem alguns caçadores[1] com outros animais a que, por inteligência própria, chamam irracionais.
Por momentos fico chocado… agoniado…
Por momentos fico apavorado com a brutalidade humana...
Tais imagens começam a banalizar o meu quotidiano mental… a impotência e a limitação agitam descomunalmente…
Quase todos temos consciência da nossa própria animalidade…
Quase todos temos capacidade suficiente para distinguir o bem do mal…
No entanto, caminhamos alheios ao sofrimento alheio, à dor que provocamos… à vida que espoliamos…

Que fazer para sensibilizar estes pobres animais[2]?
Como ajudar a ser simplesmente humanos?

Obviamente oferecendo-lhes paz!
Obviamente oferecendo-lhes conforto, civilidade para que os seus filhos nasçam e cresçam num mundo melhor…
Obviamente dando-lhes oportunidade para sonhar!
Obviamente dando-lhes oportunidade de sonhar e viver em plena liberdade como eu vivo neste inverso pedaço de planeta… nesta ordem natural e equilibrada de subsistência…

São apenas palavras que não espelham o meu horror…
São apenas palavras que não refletem o seu horror…
Palavras de alerta…

“Genocídio esquecido? Cinco milhões de mortos na República Democrática do Congo passam despercebidos?” 

“A violência atinge uma intensidade rara… e em dez meses o conflito entre os apoiantes do chefe tradicional Kamuina Nsapu e as forças de segurança abrange cinco províncias. São encontradas pelo menos 42 valas comuns.”

“São assassinados dezenas ou centenas de milhares de refugiados hutus ruandeses e civis congoleses no caminho que seguia a Aliança das forças democráticas em prol da libertação do Congo.”
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Autor: Carlos Silva
Data: 1996-05-15
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Obs:
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[1]Humanos
[2]Homens


2018-02-17

0048. Horror





Estava eu completamente esquecido de mim, quando mais umas horripilantes imagens irrompem pelo meu globo mental...
Vejo animais humanos a decapitarem os seus semelhantes, não para se alimentarem, mas simplesmente para se recrearem e ostentarem cabeças como troféus, tal como fazem alguns caçadores[1] com outros animais a que, por inteligência própria, chamam irracionais.
Por momentos fico chocado… agoniado…
Por momentos fico apavorado com a brutalidade humana...
Tais imagens começam a banalizar o meu quotidiano mental… a impotência e a limitação agitam descomunalmente…
Quase todos temos consciência da nossa própria animalidade…
Quase todos temos capacidade suficiente para distinguir o bem do mal…
No entanto, caminhamos alheios ao sofrimento alheio, à dor que provocamos… à vida que espoliamos…

Que fazer para sensibilizar estes pobres animais[2]?
Como ajudar a ser simplesmente humanos?

Obviamente oferecendo-lhes paz!
Obviamente oferecendo-lhes conforto, civilidade para que os seus filhos nasçam e cresçam num mundo melhor…
Obviamente dando-lhes oportunidade para sonhar!
Obviamente dando-lhes oportunidade de sonhar e viver em plena liberdade como eu vivo neste inverso pedaço de planeta… nesta ordem natural e equilibrada de subsistência…

São apenas palavras que não espelham o meu horror…
São apenas palavras que não refletem o seu horror…
Palavras de alerta…

“Genocídio esquecido? Cinco milhões de mortos na República Democrática do Congo passam despercebidos?” 

“A violência atinge uma intensidade rara… e em dez meses o conflito entre os apoiantes do chefe tradicional Kamuina Nsapu e as forças de segurança abrange cinco províncias. São encontradas pelo menos 42 valas comuns.”

“São assassinados dezenas ou centenas de milhares de refugiados hutus ruandeses e civis congoleses no caminho que seguia a Aliança das forças democráticas em prol da libertação do Congo.”
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Autor: Carlos Silva
Data: 1996-05-15
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados.
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[1]Humanos
[2]Homens


2018-02-16

0047. Acidente






Que Verdade[1] para esta vida?!
A verdade é que hoje vi uma jovem perder a vida num brutal acidente de viação... -nem sequer sei como se chamava, tal como não sei como se chamam todas as pessoas que inacreditavelmente perdem a vida em acidentes…
Dói-me a perda da sua Vida.
Dói-me a visão desta horrenda Verdade.
A verdade, é que às vezes pergunto:
Valerá realmente a pena tão desmedida luta por tão efémera glória?
Valerá realmente a pena entender a Verdade da Vida?
Valerá realmente a pena presumir possibilidades sobre esse eterno dilema humano, em que, por fidelidade à própria consciência, não acredito[2]… -sofreria se ofuscasse o que sinto, ainda que uma qualquer científica esperança more nas futuras gerações da minha longínqua compreensão.
Todas as respostas de Vida moram nesta vida... as restantes, já foram e não são nada! Apenas respostas mortas. Os seus cadáveres jazam inertes ao sabor da transformação temporal.
Ela perdeu a Vida. Esta é a Verdade nua e crua. Absoluta. Não posso ignorar porque pude constatar… e é a mais consistente que tenho.
A verdade da minha experiência de vida diz-me que o mais importante é este Agora. Todas as respostas estão na nesta vida… em Mim Agora... ainda que à minha desconsolada ignorância falte a profundidade da verdade plena e sobretudo a plenitude da racionalidade...
Eis porque sou humano!
Eis a Verdade-Presente das minhas palavras!
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Autor: Carlos Silva
Data: 1996-03-19
Imagem: Internet
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Direitos reservados.
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[1]Significado
[2]Eternidade…





2018-02-15

0046. Dor-de-nada






Que fazer com esta pequena dor-de-nada[1]?
Que fazer com esta ténue ferida mental de quase-nada?
Que fazer com esta momentânea dor de quase-nada que perdura enquanto conscientemente retida?
Dar forma literal a uma pequena dor-de-nada, que nem ‘dor’[2] chega a ser…
É como dar corpo a uma qualquer vida… a uma qualquer gota de água…
É como gerar uma qualquer Barca de Noé ou lutar com um qualquer gigante ‘Adamastor’…
É como aventurar-se num qualquer universo mental em que invariavelmente se acaba por ficar perdido...
É como acariciar os sentidos, sem saber o que verdadeiramente se sente…

Esta suposta e relativa imagem dessa leve sensação de dor-de-nada… “creio nela como num malmequer” … não porque a tenha visto… mas simplesmente porque realmente a tenha sentido…

*

Suave dor-de-quase-nada neste longo e árduo caminho metafísico, ainda que no fim só fiquem dolorosas e desordenadas palavras ao sabor do pensamento…
Importa perpetuar a racionalidade… e não apenas dores-de-nadas… que no final nada serão!
Pensamentos!
Pensamentos de dor-de-nada[3]!...
De tal forma me sinto bem que chego mesmo a alcançar alguns momentos de quase-plenitude, inimagináveis na exterioridade...
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Autor: Carlos Silva
Data: 1996-02-05
Imagem: Internet
Obs:
Direitos reservados
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[1]Dor mental
[2]Dor física
[3]Pensamentos de outrem (leitor)